quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Bolsonaro diz que não tomará vacina

        O  Presidente disse ontem, 15 de dezembro, que não vai tomar a vacina contra a covid-19.Em um país em que os médicos tiveram de lidar com uma rebelião contra a vacina, causa espécie que o líder nacional espose uma tese não só retrógrada, mas também potencialmente danosa à sociedade nacional. Como assinala O Estado de S. Paulo: "Cientistas veem nas falas desestímulos à vacinação em massa, essencial para conter o vírus, e dizem que não é hora de debater a obrigatoriedade da vacina."  Nesse contexto "cientistas vêem  nas falas desestímulos à vacinação em massa, essencial para conter o virus, e dizem que não é hora de debater a obrigatoriedade da vacina. Desde o início de março, Bolsonaro nega a gravidade da pandemia, critica o isolamento social e nem sempre usa máscara em eventos públicos."
    
          Bolsonaro não perde tempo em menosprezar essa enfermidade - que já matou cerca de 185 mil. De resto, avança pelo país a temível segunda onda da que ele chama de "gripezinha", e para quem tem dúvidas sobre a periculosidade da doença, recomenda-se acompanhar no noticiário televisivo a sua sinistra progressão.
          
           Depois de demitir o médico Mandetta da Pasta da Saúde - logo ele, que tem uma visão e uma empatia profissionais, e que lograra motivar a população - Bolsonaro acabou, após lidar com um malogro mediático, por contratar um militar em fim de carreira, sem qualquer ligação com a medicina. 
 
            Não é necessário, decerto, consultar ao Dr Sigmund Freud para indicar a óbvia gravidade do problema - a par do fato de que por uma série de circunstâncias, essa atitude presidencial pode ser considerada como perigosa. Não é só à menção chula a uma "gripezinha", que me parece um acinte às centenas de milhares de brasileiros que tiveram de hospitalizar-se para vencer esse mal isto no caso de terem tido sorte e bons médicos. Bolsonaro desfaz da terrível enfermidade que mandou a muitos para a sepultura, se não tinham para defendê-los no caso mais sério da UTI, que apesar de suas consequências por vezes terríveis representa nas hipóteses mais graves e de maior periculosidade a única esperança de salvação, malgrado as sequelas que o tratamento deixa nos pacientes mais graves.

           A par disso, se seria demasiado desejar compará-lo com a Primeira Ministra da Nova Zelândia  - que colheu a gratidão de sua gente pela própria eficiência no comando - quem sabe a atitude de Jair Bolsonaro o aproxime mais do seu muito admirado  presidente Trump, que tentou uma salvação in extremis inventando males imaginários, tão imaginários que nem a Fox neles acreditou, sem falar em tudo aquilo em que Trump contribuíu,pela própria incompetência, a aumentar a triste colheita.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )


 

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