quinta-feira, 4 de junho de 2020

Em maus lençóis


                         

         A expressão é antiga, mas creio apropriada para o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, do PSC.  jornal O Globo resume no primeiro parágrafo da reportagem  a sua situação crítica,que já se desvela nos subtítulos:  acuado,governador demite secretário (Lucas Tristão) pivô de crise na Alerj, onde há dez pedidos de impeachment, e decide destituir organização social investigada em inquérito que apura suspeita de fraude nas unidades de campanha.

             Tais medidas drásticas chegam tarde para o atendimento daqueles infectados pelo coronavirus. O IABAS - Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde - foi afinal afastado da gestão dos sete hospitais de campanha que já deveriam estar prontos há mais de mês, para atender infectados pelo coronavírus.  Também com o escopo de salvar-se, Witzel exonerou Lucas Tristão, seu homem de confiança,do cargo de Secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. É de notar-se que Tristão é desafeto de boa parte da Alerj.

                 A própria situação dos hospitais de campanha - seis deles ainda em obras, já desvela a atuação do Iabas. Com o afastamento do Iabas - medida que se impunha há muito, decreto ontem publicado determina que os 6 ainda inacabados serão concluídos e geridos  pela Fundação Estadual de Saúde. 

                  Além das denúncias de irregularidades já em processo de investigação, o secretário de Saúde Fernando Ferry descobriu que o incrível Iabas comprara carrinhos de anestesia - em vez dos respiradores - que obviamente não são adequados à função das unidades (em palavras simples, os respiradores podem ser a diferença entre a vida e a morte de um doente grave da Covid-19).

                     É de estranhar que uma situação tão grave quanto esta, e que se mostra há várias semanas,tenha levado tanto tempo para chegar ao ponto em que ora afinal está.  Com efeito, Witzel, o Iabas e outros nomes do governo  são alvos de um inquérito  que apura possíveis fraudes em contratos para os hospitais de campanha. Há poucos dias, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a Polícia Federal cumprisse mandados de busca e apreensão em endereços do governador e da esposa, Helena Witzel.
                      Já a delegada Patrícia Alemany, que investigou o Iabas, deve ser transferida para outra delegacia (apoio ao Turismo). Por sua vez, ao exonerar Lucas Tristão, o sexto secretário de sua gestão derrubado em duas semanas, Witzel faz um aceno (que muitos definiriam como desesperado) à Alerj. Sem embargo dos antecedentes, no que tange ao governador, o gesto foi considerado positivo pela compreensiva Alerj.

( Fonte: O Globo )

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