sábado, 20 de junho de 2020

A Pandemia no Brasil


                    

         Não é confortável - para dizer o menos - a situação da incidência no Brasil da Cofid-19. Há 1.038.568 infectados, e o país chega a esta marca, abaixo apenas da americana (2.219.119), e com a Rússia de Putin, em terceiro (568.292).

             Amontoam-se os problemas na porta do Palácio do Planalto, e essa epidemia do corona-virus não é decerto uma questão. No entanto, pela atenção prestada pela presidência ao desafio que essa peste significa para o Brasil, dir-se-ia que seria algo em que a liderança presidencial se haja ocupado  muito pouco, de qualquer forma muito abaixo de qualquer expectativa dos brasileiros que se relacione ao descomunal  tamanho desse desafio, que já marca mais de 49 mil mortes, à conta da Cofid-19.

             Dispondo de um ministro competente e popular, Luiz Henrique Mandetta, que detinha óbvias condições de cuidar da pasta da Saúde e, sobretudo, do desafio que representa o surto epidêmico. Mas assistimos no caso de Mandetta à circunstância inacreditável de um membro do gabinete ser afastado pelo presidente não por que lhe faltasse capacidade e competência, mas, ao contrário, por ser demasiado popular e, por conseguinte, com a capacidade de motivar o Povo brasileiro. Bolsonaro, que tem dado provas sobejas pelo seu desinteresse na matéria (o famoso  e daí ? ) é a inelutável, ainda que deplorável, sinalização ), se tivesse grandeza, poderia conviver com a popularidade granjeada por seu ministro, mas não foi o que ocorreu, entrando o Brasil em uma passagem acidentada, na qual a falta de válida liderança presidencial vem marcando tristemente a curva dos óbitos.
               Depois de sua substituição, entrou o Ministro Nelson Teich, que apesar de seu conhecimento técnico, não detinha as mesmas qualidades de Mandetta. Saíu do Ministério ao pedir exoneração, por recusar-se - com carradas de razão - a avalizar a aplicação de medicamento que não dispõe das condições necessárias para ser aprovado pelas instâncias médicas.

               Em seguida, sucedeu-lhe o militar Eduardo Pazuello, que por conseguinte se ocupa de forma administrativa do Ministério da Saúde.
                   Essa coluna se tem empenhado em alertar igualmente para os perigos da flexibilização,  sobretudo aquelas medidas que se orientam para dar urgência aquilo que não deve tê-lo.  
                    Como tenho escrito - até com certa insistência - que devemos seguir o parecer dos epidemiologistas, desse pessoal médico com experiência na matéria, e que dá a necessária ênfase a tomar medidas de precaução, com vistas a melhor controlar a força da onda de contágios. Pessoas como o demagogo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella - que pelo visto é um ignoramus na matéria - chegou a decretar a reabertura do campeonato carioca de futebol, uma medida que seria inútil se já não contribuísse para reforçar os contágios e o eventual agravamento da epidemia.
                      Faltam políicos sérios e compenetrados de suas obrigações com a saúde dos brasileiros sob o controle de sua administração?  É a impressão que se tem, pois, ao invés de combater o vírus, criam-se políticas de aglomeração pública, que só podem levar - ao enjeitar o lock-down -  a agravação da Covid-19, pois ao contrário de o que pensam, não adianta querer forçar através da flexibilização uma eventual recuperação. Criando multidões - como, v.g. ocorreu na Lombardia, para voltar a esse exemplo clássico e mesmo batido de que o ocorre se partimos para essa falsa solução.  A pressa não é a resposta, mas a criação de condições apropriadas para através do distanciamento social negar a esse maldito vírus as suas eventuais possibilidades de infectar humanos  através do contágio.

                         Será que essa verdade já não é suficiente para dissuadir políticos demagogos, que pensariam estar ganhando créditos eleitorais futuros desses seus potenciais eleitores, mas tenham presente que essa tática só leva a reativar a epidemia, com as suas consequências  anti-políticas, atendidos os efeitos mortíferos que produzem...

( Fontes: Folha de S. Paulo e O Globo )   

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