segunda-feira, 1 de junho de 2020

Alarmista a mensagem do Decano do Supremo ?


           
        Que me perdoe o jornalista da Folha, Igor Gielow, que me parece pegou um pouco pesado demais quanto à oportuna mensagem do ministro Celso de Mello.

           Será que a classe política, que estaria "já devidamente assustada pela alarmista mensagem do decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello", que teria feito, no entendimento do jornalista "uma comparação historicamente exagerada  entre o momento atual do Brasil e a Alemanha na ascensão do nazismo."  

            A República de Weimar, queira ou não o competente profissional que é Igor Gielow, se marca como a antecâmara do nazismo. Terá sido pela sucessão de governos no Reichstag, e a debilidade de seus líderes, que se sucediam no poder, enquanto toleravam os excessos das milícias organizadas do nazismo, que Weimar passou essa lúgubre mensagem para a posteridade.

                Os seus próprios governantes, pela fraqueza extrema que os levou no wagneriano final a pactuar com o cabo como se fora alguém confiável, constitui a mensagem escrachada que Weimar, pela sua incapacidade de lidar com o nazismo e, sobretudo, por chamá-lo afinal para reger a sinistra orquestra, compõe o quadro em que se situam os irresponsáveis líderes que pensaram possível entregar o poder àquele que se transmutaria no que se transformou de pintor fracassado no maior agitador e fautor da desgraça de um Povo que já saíra de uma pesada derrota na Grande Guerra, sob a liderança do Kaiser, de que as semelhanças com o Chanceler Bismarck, autor de vitórias passadas, eram infelizmente nulas.  

                   No jogo das comparações históricas, é sempre arriscado aventurar hipóteses negativas.  Também na república de Weimar os seus líderes militares acreditarem que o cabo, a despeito de seus incendiários discursos, poderiam ser domesticado. Infelizmente não foi assim.
                     Deixemos a mestre Celso de Mello, que nos brindou há pouco com o tratamento adequado para a incrível sessão ministerial do governo Bolsonaro, o ensejo de manifestar a própria opinião, fundada na sua argúcia e conhecimento histórico, para que depois não se venha dizer que o óbvio de o que parecem canhestras manifestações não venha a transformar-se em um desastre para a nossa democracia.

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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