Minha eterna Esposa, minha muito querida e grande Mulher, nosso
casamento, meu grande amor, é daqueles que nem a morte, com a sua súbita e perversa
crueldade, será capaz de cortar, pois os laços que nos ligam para a eternidade
estão a salvo, queira Deus, das maldades e dos contratempos terrenos. Eles foram tecidos
com os fios inconsúteis de um Amor que nos meus olhos, como diz o Poeta, tão
puro vistes, e que, por isso, menosprezam os percalços da condição terrena, e nos
prometem, como na radiosa aurora de nossos primeiros dias de união, a firmeza e
a segurança dos eternos votos, que, contra muitos, e sobretudo a
adversidade que, incansável, espreita aos humanos imaginando poder
acompanhar-nos, e desmanchar o que, porventura, ao maligno desagrada.
Sem ti, meu grande, imenso Amor, que repontou na
Juventude, mas que se firmou em nossa madurez, por aferrar-te a tudo aquilo que
a mim significaste, não serei jamais como que farrapo humano que ousa prender-se
ao teu Amor, que será, por Deus Nosso Senhor, a eterna razão da solitária
estrela daquelas que tanto amavas, quando me levavas, para junto contigo
contemplar-nos esse aberto céu infinito com que nos bendisse a Providência,
atendendo ao teu Amor e sobretudo à tua imensa Bondade, que nunca, nessa terra
sáfara, que apenas guarda sofrimento e pena,
sempre me prodigou com o teu copioso, bendito carinho, cuja lembrança ora
me sustenta, devoto que sou à ti, meu Amor de sempre, pois foi da juventude e
da madurez, que guardarei o que de vida aqui embaixo me resta.
Com a paixão da
Juventude, dos tempos maduros e da
Velhice, que a ti apenas ousou tocar, a
homenagem daquele que passará os dias que lhe restam a pensar na pessoa
maravilhosa que tu eras e sempre foste e serás, guardando no peito o afago da
lembrança de poder reencontrar-te um Dia, se tal graça a esse grande Amor que,
nos meus olhos tão puro viste, a Mim que,
nesta Terra, passo a contar os dias e,
quem sabe, os meses, que nos separam.
Descansa em Paz,
Amor da minha Vida, a Ti que tinhas uma palavra doce para todos que fruíam do
Teu conhecimento e da Tua Amizade. Se a separação me parece abrupta e injusta,
perdoa esse sentimento terreno, de quem apenas anseia por rever-te e
abraçar-te.
4 comentários:
Querido cunhado,
muito linda e emocionante a tua declaração de amor para a Ana. Realmente era uma ligação afetiva com raízes profundas, trama de fios de vidas que formavam um todo único.
Por tudo entendo a dedicação da Ana em cuidar de ti.
Ela foi um ser especial que espalhou tentáculos afetivos desde sua terra natal até mundos distantes lançando sementes que deram frutos saboreados por ela, em vida.
Com meu carinho,
Lila
Querido Pai,
Ana foi uma benção para você mas também para todos nós que de alguma forma tivemos a sorte de compartilhar de sua vida.
Lembro-me da primeira vez que a conheci, após seu casamento, quando eu era ainda adolescente e temeroso da “madrasta” que vinha. O temor durou menos de um dia, Ana logo revelou toda sua doçura e generosidade, e foi acolhida com alegria (na medida em que adolescentes são capazes). Agora nos deixa antes do tempo, e não há como preencher a falta que já faz para todos nós, mas sobretudo para você, seu companheiro de 30 anos.
O único consolo é que a vida que ela levou, cheia de bondade, caridade e amor, deixou muitas marcas, que fazem com que Ana continue vivendo e sorrindo em todos nós, a imagem da grande Embaixatriz e companheira que foi.
Mauro
Ana foi e sempre será uma presença em nossas vidas. Alegria, carinho, simplicidade e dedicação àqueles que tiveram a boa aventura de desfrutar de seu sorriso e inteligência. Marcou nossas vidas, e sua ausência parece absurda. Nos deixa as memórias calorosas de suas conversas e de sua meiguice. Saudade.
Mauro, não sabia o que escrever. Talvez ainda não saiba com certeza. Só sei que, diante da falta gigante que a Tia Ana já está fazendo, me consola um pouco saber que o amor que vocês descobriram puro, um nos olhos do outro, pode florescer. E agora não já sei mais nada. Só te abraço forte.
Nando.
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