Para
o homem forte da ainda pobre Rússia,
o festejado Vladimir Putin vestiu traje de plástico, em amarelo canário,
para visitar hospital de Moscou com pacientes da Covid-19. Em seguida, gospodin
Putin despachou para a Itália quinze aviões militares cheios de suprimentos
médicos, com o slogan "Da Rússia
com amor."
Para
o Ditador do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, a
pandemia do coronavírus foi associada ao envio de tropas de combate à guerra
química, com soldados vestidos com roupas de proteção e armados de
desinfetantes, mandados às ruas do Cairo, em uma teatral tentativa de
demonstração de poderio militar projetado pelas mídias sociais.
Já
o Presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, esse cruel, mercurial e
também corrupto inimigo dos jornalistas,
poderia reivindicar o título de prodígio em termos de jogar nas tenebrosas masmorras turcas todos os
inimigos (reais e imaginários) pelos pretextos mais risíveis.
No Turcomenistão, um dos países
em que a repressão (e todos os seus sinistros penduricalhos) é levada a extremos, nenhuma infecção foi
oficialmente declarada, enquanto o presidente vitalício Gurbanguly Berdymukhamedov
promove seu livro sobre plantas medicinais
como uma possível solução para a pandemia.
Segundo Kenneth Roth, diretor da Human Rights Watch, o "coronavírus é o novo terrorismo. É o
pretexto mais recente para violações de direitos, e temo que persista muito
depois que a crise terminar."
Já em países voláteis por natureza, o
vírus minou cruelmente o poder da dissidência. As revoltas populares no Líbano,
Iraque, Argélia e Chile pararam nas últimas semanas e, dados os riscos à saúde,
é improvável que recuperem impulso em breve.
Mas a pandemia também embaralhou os
planos de muitos ditadores. Vladimir Putin foi forçado a cancelar um
referendo que lhe permitiria permanecer no poder até 2036. Já o governo do Egito anunciou
silenciosamente que o vírus havia matado dois de seus generais mais graduados,
alimentando especulações de que a doença se espalhou amplamente no Alto Comando
Militar.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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