Toda vez que dou com um
apelo como o de Fernandinha Torres, fico entre o comovido e um tanto
exasperado. As pestes são tão velhas - e no passado, talvez mais assustadoras
pela imperante ignorância - mas ainda levam os humanos a se confiarem nessa exortação-súplica da estimada artista
cômica, filha da grande atriz que a todos nós sobrepaira no teatro e na tevê.
A Humanidade é tão velha quanto as
catarses que acometem aos humanos nesta hora de provação. As igrejas ficam
cheias - mas talvez agora um pouco menos, pelas injunções da Ciência que nos
convida à caseira obediência com a doçura da velha mestra calejada no uso da
palmatória.
Apesar de nos unir a todos, a
Peste - na verdade, como Carlitos, o tarimbado, inimitável cômico, também nos confunde,
Ele pelas diversas, sinuosas maneiras com que nos envolve - Ela pelo horror do contágio e, sobretudo, de um
ignóbil capricho de Dona Fortuna, no caso último de logo a Nós vier a bater à porta !
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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