Segundo Merval Pereira, Mandetta é o terceiro ministro indemissível do Presidente Bolsonaro. Para o colunista de O Globo, aos superministros da Economia,
Paulo Guedes, e da Justiça e da
Segurança Pública, Sergio Moro,
juntou-se nessa crise da Covid-19, o
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Ainda consoante o colunista Merval
Pereira "para cúmulo do azar de um presidente paranóico, em plena crise do
novo coronavírus surge como guardião da saúde pública o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, em contraposição involuntária ao próprio presidente, que
tomou para si o papel de inimigo da Ciência, relativizando a maior crise que o
mundo já enfrentou em décadas recentes."
E Merval segue adiante: "Em
momento tão grave, o presidente Bolsonaro tem dado mostras de desequilíbrio
emocional perigoso, que emperra a ação do próprio governo. Ao postar ontem o vídeo de uma senhora pedindo o Exército nas
ruas para reabrir o comércio e os negócios, Bolsonaro mostra que quer forçar
uma confrontação com setores da sociedade civil e do próprio governo que são
hoje majoritariamene favoráveis ao isolamento horizontal."
Nesse sentido, Merval relembra no
seu artigo "Um presidente cercado" que o Supremo já proibiu o governo
de fazer propaganda que fuja à orientação da Organização Mundial da Saúde. e do seu Ministério da Saúde, mas o presidente não se emenda. E Merval assinala: "Vai contra o próprio
ministro da Saúde, fazendo reuniões paralelas sem convidar Mandetta."
O problema central com o
Presidente Bolsonaro é que ele não se conforma em ter posições secundárias no drama que vê
desenrolar-se diante dele. Assim, Bolsonaro não se capacita em que não pode
prescindir dos pareceres técnicos do Ministro da Saúde que, por seu
conhecimento e abalizada competência, tem necessariamente a última palavra no
que tange ao problema, quando eventuais questões políticas atravessam o caminho
do campo técnico que fica a cargo do Ministro da Saúde.
Com o que o presidente parece não
conseguir aceitar, é que o critério técnico do Ministro da Saúde prevaleça,
como no caso do afastamento horizontal. Bolsonaro atua de maneira paralela, criando
seus próprios factóides, enquanto ameaça com decretos que não se concretizam
porque implicariam no fim do equilíbrio institucional. Sem embargo, no espaço
cada vez mais reduzido em que atua, ele continua a fazer estragos.
Por vezes, convoca reuniões
que tratam de problemas da saúde, sem no entanto chamar o Ministro da Saúde...
Em outras ocasiões, dá a precedência a ministros que do assunto pouco ou nada
entendem. Fica decerto difícil de dar um nexo lógico e não emocional à posição presidencial que vai em
choque frontal contra o elementar bom senso, que é tanto ouvir da autoridade competente o parecer
abalizado, como dispor da opinião de quem realmente entende e domina a matéria.
Diante de suas teses despropositadas, que expõem as pessoas ao invés de protegê-las
através do isolamento - que é uma receita do bom senso, com validade mundial -
Bolsonaro continua a ater-se, como se fora uma guerra de guerrilha, e dá
precedência a outros ministros, que da questão pouco ou nada entendem. Ficam no
ar - além das ameaças do impensável - demitir alguém pela óbvia razão principal
que é a autoridade competente na matéria, não só por ser o Ministro da Saúde,
mas também pela própria competência profissional, não obstante as constantes
ameaças ditadas pela insatisfação do Presidente, insatisfação essa que decorre
de sua discordância quanto à clara competência do ministro, competência essa
cuja obviedade se afirma em todas as reuniões, malgrado os eventuais óbices que
Bolsonaro procure colocar, desejando reconvocar o comércio e acabando com o
isolamento, por mais que esse isolamento seja mais do que recomendável, e na
verdade mandatório... Será que os precedentes dos desastres de Bérgamo e da
Lombardia - e seus brutais saltos na mortalidade não lhe acendem a luzinha do bom-senso ?...
(
Fontes: O Globo e Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário