sábado, 4 de abril de 2020

Trump e a Covid-19


                                          
        O presidente Donald Trump expressara pouco alarme há cinco semanas atrás. Pensou que o número de sessenta casos de coronavírus podiam servir de indicativo. Enganou-se feio, porque confiou em que a epidemia estivesse sob controle.
         Fiando-se em que tinha a lidar com uma gripe comum, errou de modo a comprometer as próprias possibilidades de reeleger-se para o segundo mandato.
         Já na terça-feira, de súbito, o quadro mudara. Mais de 187 mil casos tinham sido registrados e, por conseguinte, numa aritmética que nada de bom lhe prometia em termos políticos, estava diante de pandemia que levara mais americanos do que os ataques terroristas de onze de setembro de 2001.

          Essa nova versão da gripe espanhola - realidade que até então se recusara a aceitar -  tinha nos próprios gráficos uma previsão entre cem mil  a 240 mil americanos ceifados pelo flagelo, mesmo que cumprisse as restrições sociais que sufocariam a economia e levariam milhões para a pobreza.
           Se a pandemia não é uma guerra, e se Trump não teve escolha,  ele será julgado pelo modo com que respondeu tardiamente ao desafio.  Apesar das críticas - que são muitas - o presidente se defende fracamente, ao dizer que minimizou a seriedade da ameaça porque tinha de tranquilizar a população.
             A par de decisão de limitar, em janeiro, as viagens da China  - que ocorreu, aliás, depois que as companhias aéreas já cortassem por conta própria os voos procedentes daquele país - a sua determinação apenas atrasou a chegada do vírus aos EUA.

             Pleitear ser reeleito depois de haver falhado na previsão de controlar o avanço do flagelo, não é bom ponto de partida para disputar a reeleição.  Há muitos prognósticos que apontam para a morte de cem mil a 240 mil americanos,  mesmo com o país cumprindo as restrições sociais que sufocariam a economia e empobreceriam milhões.
               Dentre as previsões, os Estados Unidos não utilizaram o tempo que tinham para acelerar os testes da vacina. Tampouco o presidente explicou  por que os exames tardaram. A pandemia de 2020 parece ser tão mortal quanto foram os anos entre 1918 e 1920, quando 675 mil americanos  morreram de causas em que sinistramente se misturam a gripe espanhola com a 1ª Guerra.  Outra pandemia, a chamada gripe asiática,  em 1957, matou cerca de 116 mil nos EUA.

                 Durante grande parte do briefing de duas horas desta terça-feira, a mais longa aparição pública de sua presidência, Trump adotara abordagem sombria. Mas antes de terminar,  voltou a reclamar da "farsa do impeachment" e renovou seus ataques ao ex-diretor do FBI, James Comey, e ao ex-vice-diretor Andrew Mc Cabe...


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: