O
premier inglês se acha atualmente na 3ª fase de sua situação clínica como
paciente com Covid-19. Primo, ele foi diagnosticado com a peste, em 26 de
março, e acreditou possível isolar-se em casa (i.e., em Downing Street 10, a
residência do Primeiro Ministro).
Entretanto, a tosse persistente e a febre o levaram a ser internado no
Hospital St. Thomas, por volta das 19hs., na noite deste domingo, cinco de
abril. O escopo da transferência era submetê-lo a uma série de exames. No entanto,
a condição clínica de Boris piorou na
tarde de segunda, dia seis de abril, e ele foi transferido para a UTI, "no caso de vir a precisar de
ventilação". Ainda segundo o comunicado médico, ele estava consciente.
O
Secretário de Relações Exteriores, o membro sênior do gabinete britânico,
abaixo do Primeiro Ministro, Dominic
Raab - que já coordenara reuniões do gabinete nesta segunda, seis de abril,
pode assumir a gestão do governo se o premier tiver de afastar-se - a que Boris
Johnson tem resistido desde a publicação de seu diagnóstico com a enfermidade
do coronavírus.
Na
manhã da segunda-feira, dia seis de abril, Boris escreveu numa rede social:
"Estou bem (sic) e em contato com a minha equipe, trabalhando em conjunto
para combater esse vírus e manter todos em segurança." Após agradecer a
todos os brilhantes profissionais do NHS (O Serviço de Saúde Nacional) "que estão cuidando de mim e dos outros
nestes tempos tão difíceis. Vocês são o melhor da Grã-Bretanha".
Pelo seu quadro clínico divulgado, Johnson não tem doenças que possam
agravar-lhe a condição, como diabetes, câncer ou pressão alta, embora tenha
problemas com a obesidade. Com 1m75cm,
chegou a pesar 104 kg em 2018, quando era Secretá-rio de Relações Exteriores.
Em fins de 2019, estava com cerca de 85kg.
Adepto de corridas e tours de bicicleta, se tornou jogador de tênis,
após assumir o governo (junho de 2019)
Com essa dúbia marca de ser o primeiro chefe de governo de um dos
principais países do planeta a contrair
o coronavírus, Boris resistira a
adotar restrições drásticas para conter
a pandemia no U.K.
Em meados de março, quando a Itália (gabinete Conte) já havia decretado quarentena e aulas tinham sido suspensas
em diversos países europeus, Johnson criticou a medida, dizendo que era
desnecessária e antiprodutiva.
Embora a burrice não seja necessariamente uma
característica da direita, a cegueira doutrinária de Johnson pode vir a
incomodá-lo no futuro. Nessas condições, pelos cálculos feitos então pelo
governo conservador, deixar sem aulas por um mês seus sete milhões de alunos
poderia reduzir em 3% o Produto Nacional
Bruto, já que muitos trabalhadores teriam que ficar em casa por causa das
crianças.
A estratégia inicial,
defendida por Patrick Vallance -
o principal assessor científico de
Johnson, era tentar atingir a "imunidade de rebanho". A ideia básica era que, se o vírus circulasse
na população e grande parcela adquirisse a imunidade (entre 60% e 70%, segundo
epidemiologistas) a transmissão seria bloqueada, pois a chance de encontrar
alguém imune seria muito maior que cruzar com um doente e ser contamina-do.
Após alertas de cientistas de
algumas das melhores universidades britânicas de que sem controle de contágio o
sistema de saúde entraria em colapso, e as mortes poderiam a 250 mil no país,
ele passou a acelerar restrições.
Pediu a idosos e casos
investigados que se isolassem, recomendou o trabalho remoto e, no dia 20 de
março, fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias, e
anunciou a suspensão das aulas. A
quarentena, com proibição de reuniões de
mais de duas pessoas nas ruas e multa para quem saísse de casa sem
justificativa só veio em 23 de março.
A noiva de Boris, Carrie Symonds, com 32 anos, está grávida, e disse
neste sábado que havia passado a semana na cama com sintomas da Covid-19, mas
que se sentia melhor depois de sete dias de descanso. Já nos últimos vinte dias, Boris vinha
repetindo o bordão de sua nova estratégia contra a pandemia: "Fique em
casa. Projeta o NHS. Salve vidas."
Ao ser internado, pediu ao povo britânico que mantenham o isolamento e agradeceu
os cuidados do NHS.
Em entrevista à BBC, após a notícia da internação do Primeiro Ministro,
na UTI, o Secretário do Exterior - e o
membro sênior do Governo - Dominic Raab assegurou que a atividade do governo de
Sua Majestade continuará normalmente: "Há um espírito de equipe incrivelmente
forte por trás do Primeiro Ministro."
Dentre as prioridades do combate à pandemia está a expansão dos testes
para identificar infectados. Até esta segunda-feira (dia seis de abril), haviam
sido testa- das 381 pessoas para cada cem mil habitantes, uma das taxas mais
baixas da Europa (a Noruega testou 2.073
e a Áustria, 1300 para 100 mil habitantes_.
O governo também vinha sendo
criticado por ter permitido a deterioração do sistema público de saúde nos últimos
anos,com menos investimentos em equipamentos e mão de obra. A internação de
Boris Johnson vem num momento de revés para outro projeto, o de fazer 17,5
milhões de testes para detectar quem já tem anticorpos para o coronavírus - o
que em tese permitiria voltar às atividades normais.
Nesta segunda-feira,
dia seis de abril, o governo Johnson afirmou
que nenhum dos nove tipos comprados apresentara resultados satisfatórios
para obter a licença. Até a conclusão da
impressão, havia 52.274 casos confirmados no Reino Unido,
oitavo maior número no mundo.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário