terça-feira, 7 de abril de 2020

Boris Johnson na UTI


               
         O premier inglês se acha atualmente na 3ª fase de sua situação clínica como paciente com Covid-19. Primo, ele foi diagnosticado com a peste, em 26 de março, e acreditou possível isolar-se em casa (i.e., em Downing Street 10, a residência do Primeiro Ministro).
           Entretanto, a tosse persistente e a febre o levaram a ser internado no Hospital St. Thomas, por volta das 19hs., na noite deste domingo,  cinco de abril. O escopo da transferência era submetê-lo a uma série de exames. No entanto, a condição  clínica de Boris piorou na tarde de segunda, dia seis de abril, e ele foi transferido para a UTI, "no caso de vir a precisar de ventilação". Ainda segundo o comunicado médico, ele estava consciente.

           O Secretário de Relações Exteriores, o membro sênior do gabinete britânico, abaixo do Primeiro Ministro,  Dominic Raab - que já coordenara reuniões do gabinete nesta segunda, seis de abril, pode assumir a gestão do governo se o premier tiver de afastar-se - a que Boris Johnson tem resistido desde a publicação de seu diagnóstico com a enfermidade do coronavírus.
           Na manhã da segunda-feira, dia seis de abril, Boris escreveu numa rede social: "Estou bem (sic) e em contato com a minha equipe, trabalhando em conjunto para combater esse vírus e manter todos em segurança." Após agradecer a todos os brilhantes profissionais do NHS   (O Serviço de Saúde Nacional)  "que estão cuidando de mim e dos outros nestes tempos tão difíceis. Vocês são o melhor da Grã-Bretanha".
            Pelo seu quadro clínico divulgado, Johnson não tem doenças que possam agravar-lhe a condição, como diabetes, câncer ou pressão alta, embora tenha problemas com a obesidade.  Com 1m75cm, chegou a pesar 104 kg em 2018, quando era Secretá-rio de Relações Exteriores. Em fins de 2019, estava com cerca de 85kg.  Adepto de corridas e tours de bicicleta, se tornou jogador de tênis, após assumir o governo (junho de 2019)
              Com essa dúbia marca de ser o primeiro chefe de governo de um dos principais países do planeta a contrair  o coronavírus,  Boris resistira a adotar  restrições drásticas para conter a pandemia no U.K.    
               Em meados de março, quando a Itália (gabinete Conte) já havia decretado quarentena e aulas tinham sido suspensas em diversos países europeus,  Johnson criticou a medida, dizendo que era desnecessária e antiprodutiva.
              Embora a burrice não seja necessariamente uma característica da direita, a cegueira doutrinária de Johnson pode vir a incomodá-lo no futuro. Nessas condições, pelos cálculos feitos então pelo governo conservador, deixar sem aulas por um mês seus sete milhões de alunos poderia reduzir em 3%  o Produto Nacional Bruto, já que muitos trabalhadores teriam que ficar em casa por causa das crianças.
                A estratégia inicial,  defendida  por Patrick Vallance - o principal assessor científico de  Johnson, era tentar atingir a "imunidade de rebanho".  A ideia básica era que, se o vírus circulasse na população e grande parcela adquirisse a imunidade (entre 60% e 70%, segundo epidemiologistas) a transmissão seria bloqueada, pois a chance de encontrar alguém imune seria muito maior que cruzar com um doente e ser contamina-do.
                   Após alertas  de cientistas de algumas das melhores universidades britânicas de que sem controle de contágio o sistema de saúde entraria em colapso, e as mortes poderiam a 250 mil no país, ele passou a acelerar restrições.
                   Pediu a idosos e casos investigados que se isolassem, recomendou o trabalho remoto e, no dia 20 de março, fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias, e anunciou a suspensão das aulas.  A quarentena, com proibição de  reuniões de mais de duas pessoas nas ruas e multa para quem saísse de casa sem justificativa só veio em 23 de março.

                  A noiva de Boris, Carrie Symonds, com 32 anos, está grávida, e disse neste sábado que havia passado a semana na cama com sintomas da Covid-19, mas que se sentia melhor depois de sete dias de descanso.  Já nos últimos vinte dias, Boris vinha repetindo o bordão de sua nova estratégia contra a pandemia: "Fique em casa. Projeta o NHS. Salve  vidas." Ao ser internado, pediu ao povo britânico que mantenham o isolamento e agradeceu os cuidados do NHS.

                    Em entrevista à BBC, após a notícia da internação do Primeiro Ministro, na UTI,  o Secretário do Exterior - e o membro sênior do Governo - Dominic Raab assegurou que a atividade do governo de Sua Majestade continuará normalmente: "Há um espírito de equipe incrivelmente forte por trás do Primeiro Ministro."
                      Dentre as prioridades do combate à pandemia está a expansão dos testes para identificar infectados. Até esta segunda-feira (dia seis de abril), haviam sido testa- das 381 pessoas para cada cem mil habitantes, uma das taxas mais baixas da Europa (a Noruega testou  2.073 e a Áustria, 1300 para 100 mil habitantes_.
                       O governo também vinha sendo criticado por ter permitido a deterioração do sistema público de saúde nos últimos anos,com menos investimentos em equipamentos e mão de obra. A internação de Boris Johnson vem num momento de revés para outro projeto, o de fazer 17,5 milhões de testes para detectar quem já tem anticorpos para o coronavírus - o que em tese permitiria voltar às atividades normais.
                        Nesta segunda-feira, dia seis de abril, o governo Johnson afirmou  que nenhum dos nove tipos comprados apresentara resultados satisfatórios para obter a licença.  Até a conclusão da impressão, havia 52.274 casos confirmados no Reino Unido, oitavo maior número no mundo.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

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