Após 21 meses de
vigência, a Boeing motu proprio
cancela a fusão com a Embraer. A transação, firmada em julho de 2018, e
avaliada em US$ 4,2 bilhões, termina de forma abrupta, por iniciativa da
empresa americana, que alega terem sido exigências do acordo não cumpridas pela
parte brasileira.
Sem embargo, a Embraer assevera que
tais alegações são falsas e, por conseguinte, exige compensações. Dado o
litígio, decorridos 21 meses após o respectivo anúncio, há óbvio risco da
contenda judicial, que sói arrastar-se por anos a fio na Justiça. A parceria
entre a mega empresa estadunidense e a brasileira - a assim-chamada
Boeing-Brasil-Commercial - se marcava por grande, leonina mesmo, diferenciação
econômica, eis que a brasileira Embraer, líder na fabricação de jatos
comerciais de até 150 lugares, teria 20%
na parceria, e a Boeing Brasil-Commercial, abocanhava 80%...
Talvez a brasileira Embraer carecesse
de fundos, mas a diferença nas parcelas respectivas recendia mais a séculos
passados, do que à interação entre uma empresa com marcada presença na sua
faixa de concorrência, enquanto a gigante Boeing, com os seus magnos, gravíssimos
problemas com o 737 Max - com dois acidentes fatais, atribuídos à falha nos
sistemas de controle de vôo - o que obrigara a mega-empresa a rever o projeto
do 737 Max, forçada a pagar multas milionárias.
Com o caixa afetado, e diante da
pandemia do coronavirus, a Boeing pediu sessenta bilhões de dólares em
garantias de empréstimo ao governo Trump, para que ela e outros fabricantes
pudessem enfrentar a crise.
Diante da tentativa da empresa
estadunidense de cancelar o acordo com a Embraer, alegando que a fabricante brasileira não
atendera a todas as condições exigidas e que, por conseguinte, estava
"exercendo seu direito de rescindir o contrato", em poucas horas mais tarde, a Embraer
contesta. De forma taxativa, a empresa brasileira afirma que a atitude da
Boeing foi indevida e que a firma americana
fabrica falsas alegações como pretexto para não fechar a transação e
pagar os US$ 4,2 bilhões prometidos à Embraer. A companhia brasileira assevera
que está em total conformidade com as cláusulas do contrato, cumprindo todas as
necessárias condições. E, a par disso, assevera
que vai buscar as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos
com o cancelamento indevido do
negócio. E nesse sentido, a Embraer
assevera:
"A empresa acredita que a
Boeing adotou um padrão sistemático de
atrasos e violações repetidas no MTA (Acordo Global da Operação) devido à falta
de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 Max e
outros problemas comerciais e de reputação".
Na aludida nota, divulgada na
imprensa, a Embraer afirma ser a líder
na fabricação de jatos comerciais de até
150 lugares, que é setor cobiçado pela Boeing, como a transação o evidencia.
Em verdade, como semelha evidente, os problemas no acordo de fusão entre Boeing e Embraer nada têm a ver
com a participação brasileira na referida transação. Eis que os problemas da
Boeing com o 737 Max fragilizaram as finanças e a imagem da companhia
estadunidense. Após os dois acidentes fatais atribuídos a falhas nos sistemas
de controle de vôo, o jato - que era o mais vendido do mundo - foi proibido de
operar. Em consequência, muitas encomendas foram canceladas, e em consequência
a Boeing se viu obrigada a rever o projeto do 737 Max e pagar multas
milionárias, o que lhe afetou seriamente o caixa.
Nesse sentido, e diante
da pandemia, o cenário se agravou ainda mais.
A Boeing pediu US$ 60 bilhões em garantias de empréstimos do Governo dos
Estados Unidos da América para ela e outras fabricantes terem condições de
enfrentar a mega-crise.
Consoante comentou Fernando Villela, sócio de Regulatório do Escritório
VPBG Advogados: "Companhias aéreas e fabricantes de aeronaves
entraram no modo 'sobrevivência' ".
( Fonte: O Globo )
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