domingo, 26 de abril de 2020

Boeing cancela acordo de fusão com Embraer


                         Após 21 meses de vigência, a Boeing motu proprio cancela a fusão com a Embraer. A transação, firmada em julho de 2018, e avaliada em US$ 4,2 bilhões, termina de forma abrupta, por iniciativa da empresa americana, que alega terem sido exigências do acordo não cumpridas pela parte brasileira.
          Sem embargo, a Embraer assevera que tais alegações são falsas e, por conseguinte, exige compensações. Dado o litígio, decorridos 21 meses após o respectivo anúncio, há óbvio risco da contenda judicial, que sói arrastar-se por anos a fio na Justiça. A parceria entre a mega empresa estadunidense e a brasileira - a assim-chamada Boeing-Brasil-Commercial - se marcava por grande, leonina mesmo, diferenciação econômica, eis que a brasileira Embraer, líder na fabricação de jatos comerciais de até 150 lugares,  teria 20% na parceria, e a Boeing Brasil-Commercial, abocanhava 80%...

            Talvez a brasileira Embraer carecesse de fundos, mas a diferença nas parcelas respectivas recendia mais a séculos passados, do que à interação entre uma empresa com marcada presença na sua faixa de concorrência, enquanto a gigante Boeing, com os seus magnos, gravíssimos problemas com o 737 Max - com dois acidentes fatais, atribuídos à falha nos sistemas de controle de vôo - o que obrigara a mega-empresa a rever o projeto do 737 Max, forçada a pagar multas milionárias.  
            Com o caixa afetado, e diante da pandemia do coronavirus, a Boeing pediu sessenta bilhões de dólares em garantias de empréstimo ao governo Trump, para que ela e outros fabricantes pudessem enfrentar a crise.

             Diante da tentativa da empresa estadunidense de cancelar o acordo com a Embraer,  alegando que a fabricante brasileira não atendera a todas as condições exigidas e que, por conseguinte, estava "exercendo seu direito de rescindir o contrato",  em poucas horas mais tarde, a Embraer contesta. De forma taxativa, a empresa brasileira afirma que a atitude da Boeing foi indevida e que a firma americana  fabrica falsas alegações como pretexto para não fechar a transação e pagar os US$ 4,2 bilhões prometidos à Embraer. A companhia brasileira assevera que está em total conformidade com as cláusulas do contrato, cumprindo todas as necessárias condições. E, a par disso, assevera  que vai buscar as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos com  o cancelamento indevido do negócio.  E nesse sentido, a Embraer assevera: 

"A empresa  acredita que a Boeing adotou um padrão sistemático  de atrasos e violações repetidas no MTA (Acordo Global da Operação) devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 Max e outros problemas comerciais e de reputação".

                Na aludida nota, divulgada na imprensa, a Embraer afirma ser  a líder na fabricação de jatos  comerciais de até 150 lugares, que é setor cobiçado pela Boeing, como a transação o evidencia.

                  Em verdade, como semelha evidente, os problemas no acordo de fusão entre Boeing e Embraer nada têm a ver com a participação brasileira na referida transação. Eis que os problemas da Boeing com o 737 Max fragilizaram as finanças e a imagem da companhia estadunidense. Após os dois acidentes fatais atribuídos a falhas nos sistemas de controle de vôo, o jato - que era o mais vendido do mundo - foi proibido de operar. Em consequência, muitas encomendas foram canceladas, e em consequência a Boeing se viu obrigada a rever o projeto do 737 Max e pagar multas milionárias, o que lhe afetou seriamente o caixa.
                       Nesse sentido, e diante da pandemia, o cenário se agravou ainda mais.  A Boeing pediu US$ 60 bilhões em garantias de empréstimos do Governo dos Estados Unidos da América para ela e outras fabricantes terem condições de enfrentar a mega-crise.
             
              Consoante comentou Fernando Villela, sócio de Regulatório do Escritório VPBG Advogados: "Companhias aéreas e fabricantes de aeronaves entraram no modo 'sobrevivência' ".       

( Fonte:  O Globo )

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