O julgamento do dissidente Navalny
Na sua campanha contra a
corrupção, o blogueiro Aleksei
A. Navalny terá tido o seu ápice quando proclamou, em grande comício, a
cinco de dezembro de 2011, nas cercanias dos muros do Kremlin, que “Putin é um ladrão”.
Seguro de
si, popular, com o seu movimento político recebendo substanciais contribuições
da elite dos negócios, Navalny
acreditava ter o futuro pela frente. Em todo idealista, seus planos serão sempre envolvidos em
radiosas visões de engrandecimento pessoal, ainda que como vetor de uma
idéia-mestra. A luta contra a corrupção pareceria o leito promissor de uma carreira na política, posto que levada avante em franjas pouco convencionais, e afastada do mundo dos partidos.
Se o enriquecimento pessoal do antigo funcionário da KGB é um segredo de Polichinelo na Federação Russa, entre tais assertivas inseridas nas páginas de livros ou revistas, e o propósito de construir a própria base na política com a realização de um processo aberto contra o Presidente medeia decerto grande e, consoante todas as aparências hodiernas, de inacessível distância.
A diferença de muitos que o precederam nas alturas do Kremlin, Vladimir V. Putin não semelha ter pressa, em certos casos, em fazer seus ousados e mais perigosos antagonistas morder o áspero chão da arena.
Passados quase dois anos do desafio nas ruas a gospodin Putin, o Estado a seu serviço prepara um juízo-show – que difere dos da década de trinta, pois a morte não entra em cena – com todo o absurdo das acusações manipuladas e a certeza de uma pesada sentença. Navalny, que ambiciona ser o presidente de todas as Rússias, vai para a provinciana cidade de Kirov enfrentar a acusação de peculato, preparada com cuidado pelas mãos experientes e implacáveis dos promotores.
Na Rússia eterna, o filme das perseguições – judiciais e extra-judiciais – costuma começar com altas ilusões e terminar com longas sentenças. Lá, a liberdade e o triunfo da boa causa vai sendo sempre adiado. O que exaspera os tiranos é a capacidade da maldita semente persistir em germinar, malgrado todo o brutal e eficaz cinismo com que é pisoteada.
Réquiem por um Sonho
A Força Tarefa do Projeto Constituição sobre o tratamento dispensado a detentos foi co-presidida por dois ex-congressistas com experiência no ramo executivo, i.e., o republicano Asa Hutchinson, e o democrata James R. Jones.
Como se sabe, a Administração Obama preferiu não engajar-se nesse procedimento, e até o presente, os papéis preparados sobre o controverso tema foram acoimados de facciosos, caso tratassem da questão sob o prisma democrata ou republicano.
A rationale do estudo em apreço, produto de dezesseis meses de pesquisa do tratamento de prisioneiros na baía de Guantanamo, no Afeganistão e Iraque, assim como nas secretas prisões da CIA, é de que “enquanto o debate continuar, assim também persistirá a possibilidade de que os Estados Unidos possam de novo engajar-se na tortura”. A pesquisa não teve acesso a documentos confidenciais, mas dá a impressão de ser a tentativa independente mais ambiciosa até agora para avaliar os programas de detenção e interrogatório.
Há um relatório de seis mil páginas realizado pelo Comitê do Senado sobre Inteligência acerca da atuação da CIA, a que o público não tem acesso por continuar classificado como confidencial. Esse relatório se fundamenta exclusivamente nos arquivos da CIA e não em entrevistas com o pessoal dessa Agência americana.
O relatório do Projeto Constituição cobre os anos Bush, mas em certas partes é crítica de algumas políticas da Administração Obama, especialmente o que considera o seu excesso de sigilo. Declara, a propósito, que manter fora do exame do público os detalhes sobre a rendition e tortura ‘não pode continuar a ser justificado na base da segurança nacional’.
(Fontes:
International Herald Tribune,The New Yorker).
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