Eliane Cantanhêde, na sua coluna da Folha de ontem, tocou em um tópico que nos interessa a todos, como cidadãos da República Federativa do Brasil. Temos aqui uma Presidenta que no dizer de um analista de poder “acha que sabe tudo de tudo, mas o pior é que a Dilma acha que só ela sabe tudo de tudo”.
Em blog anterior, falara da dificuldade que tem a vegetação menor de crescer em torno e embaixo das grandes árvores. Através de sua presença e da extensão que julga ter, à volta de Dilma Rousseff – e não estou falando da caricatura terceiro-mundista de seu ministério que ameaça chegar aos quarenta – os ministros se transformam em assessores, muita vez em trêmulos reflexos do querer presidencial.
Grita aos céus que ninguém pode dominar todos os temas e, se julga fazê-lo, algo há com o seu intelecto, porque deveria saber que tem óbvias limitações nesse campo, e que não é adequado nem do interesse nacional seja sufocar o conhecimento alheio, seja imaginar-se prescindir dos conselhos de outrem.
Daí a imagem que não é decerto minha das grandes árvores na floresta, em torno das quais só cresce vegetação reles e rasteira.
Tenho para mim que os grandes líderes são como os maestros que conhecem bem a melodia e a força da composição que pretendem coordenar. Eles têm a sabedoria do conjunto e a segurança dos limites de seu mister. Eles não estão ali para intimidar ou calar os vários instrumentos, mas uni-los em harmônica composição, que é feita das autonomias individuais integradas na visão e no engenho de conjunto que sai da batuta do regente, com a naturalidade criativa que flui na água das fontes cristalinas.
Grandes chefes (de orquestra) não temem a concorrência dos instrumentos que estão sob sua direção e coordenação. Sabem deles retirar a sua arte respectiva e integrá-la no conjunto da obra. Por interesse e inteligência, jamais hão de presumir a eles substituir-se. Os maestros sabem de sua posição e da vantagem que possuem em congregar à própria volta o talento alheio, desde que integrado em um projeto comum.
Se visitarmos com o olhar e a leitura líderes nacionais e estrangeiros que se afirmaram pelo conjunto da obra e a realização dessa escassa maravilha que é a excepcionalidade de um governo, veremos sem surpresa que eles são o reflexo no espelho da História de uma firme idéia de liderança que, no entanto, jamais abandona nem rechaça a colaboração dos melhores, envoltos por uma teia imaginosa e criativa, a que só os medíocres não têm acesso.
Dilma, como gestora de projetos, parece ainda carecer da presença de um líder. A política é uma estranha ciência que, ou não se aprende nos livros, ou carece de outros insumos, como aqueles vindos da universidade das ruas. Terá sido por isso que o seu criador supria a deficiência livresca com o ágil saber havido nos meandros da política. Os seus segundos poderiam até gargantear do próprio mítico governo, mas nunca terá pairado dúvida sobre a ciência política do verdadeiro chefe, que chega até a delegar para melhor governar.
Ao deparar a presente confusão na administração de Dilma Rousseff, vemos que a crise ronda os portões de Brasília. O Presidente Lula logrou superar a crise de confiança do mercado com a administração petista fazendo as pazes com a economia e com os preceitos do Plano Real, que haviam dado certo.
Querendo a tudo açambarcar , a Presidenta corre o risco de ser atropelada por desenvolvimentos imprevistos. A inflação está em todas as bocas, inclusive as daqueles de menor renda, que mais lhe sentem os efeitos.
Determinara silêncio ao Ministro da Fazenda em matéria de juros. Na azáfama geral, o Ministro Guido Mantega não logra manter a língua presa e torna a falar de juros, matéria que sabe não competir-lhe.
Por outro lado, rolam boatos de que o governo vai jogar a toalha no campo do superávit fiscal. Assim, correm rumores sobre jeitinhos fiscais, que podem não corresponder à realidade, mas nos recordam dos malabarismos anteriores, que jogaram a dúvida sobre a exação fiscal.
E agora José ?
(Fontes: CDA, Folha de
S. Paulo, O Globo )
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