A Cara Amiga de Lula
Por insondáveis
motivações a revista VEJA obteve
acesso a uma sindicância oficial de Rose Noronha, a caríssima amiga do
ex-presidente Lula. Os dados obtidos voam baixo, eis que não concernem o
tráfico de influência, a formação de quadrilha e a corrupção passiva, pela qual
a secretária do presidente foi exonerada do cargo em São Paulo (chefe da
secretaria da presidência da república) e indiciada pela Polícia Federal.
O calhamaço de
120 páginas produzido pela sindicância pode ser interpretado como que dando acesso à opinião pública para
visualizar a atuação de Rosemary, que encontrou diferentes e inventivas formas
de desvirtuar as funções do cargo. A gentil secretária – sempre disponível nas viagens ao exterior do ‘PR’ (como referia a Lula em suas mensagens) quando D.Marisa delas não participasse – aliava as duas faces típicas desses personagens da intimidade do regime – arrogante e grosseira com os subalternos, à cata de mordomias e favores incidentais (carro oficial para tarefas privadas, resort ou cruzeiro de navio, quando não hospedagem em embaixada) e as várias gradações de simpatia, partida de quem era público e notório para os gerarcas do regime petista que se fundavam nos laços únicos, porém reais do favor presidencial.
Repercutindo na imprensa, o furo de VEJA provoca supostos intentos da oposição de pescar em águas turvas, e aprofundar a delicada questão. Entre querer e conseguir, contudo, medeia distância considerável, máxime se se verifica a composição e a força das bancadas respectivas de governo e oposição.
D. Dilma teme o confronto nas urnas ?
As bancadas da maioria se
empenharam na passada semana, através dos recursos do poder, de ‘tentar cortar
pela raiz – nas palavras do colunista Merval Pereira – a ameaça que vê na
candidatura da ex-Senadora Marina Silva em 2014’.
A despeito de
sua atual larga vantagem sobre os demais putativos concorrentes, D. Dilma
Rousseff não hesita em valer-se dos meios que julga válidos para assegurar-se
um panorama favorável no próximo pleito, de que quer evitar a todo pano a
eventualidade do segundo turno.Dentre os rivais – e existem muitos – os que mereceriam maior cuidado, ao ver dos inquietos olhos da Primeira Mandatária, seriam o governador Eduardo Campos (PSB) e sobretudo Marina Silva (Rede). É essa rede que o governo, apelando, que condenar à míngua, para obstaculizar a temida marcha de Marina para um eventual confronto de segundo turno.
Não se sabe como Dilma chegaria a esse marco. Pairam sobre ela nuvens traiçoeiras, a começar pela própria incompetência em desatrelar os dragões da carestia, além de difundir sensação de desconforto (pibinho, faxina entregue às urtigas, empreguismo desvairado) no eleitorado. Daí o recurso para apelações e mudanças de regra de última hora ?
O ex-comunista
Napolitano tornou-se o chefe de estado mais idoso do mundo (87 anos) ao aceder
para a eleição de um novo (e antes improvável) mandato, dada a manifesta
incapacidade do colégio eleitoral italiano de pôr-se de acordo na escolha de
seu substituto.
A eleição
para o posto quase cerimonial de Presidente na Itália constituía no passado
ambição dos chefes políticos. Amintore Fanfani, por exemplo, um dos caciques da
velha Democracia Cristã, teve barrada a sua eleição em dezembro de l971, por
temores nas bancadas de que desse ao cargo uma tournure autoritária, por mais
incôngruo e anticonstitucional que tal fosse nas décadas finais do século XX.Pelo resultado imprevisto dos últimos comícios, que deixaram na prática a Itália sem a possibilidade de formar um gabinete, o ancião Napolitano acabou por tornar-se a tábua de salvação da governabilidade na península. Não se supõe que pretenda exercer mais um longo mandato, mas sim o necessário para viabilizar a constituição de um novo gabinete (que precisa passar pelo Sila e Caribdis de Beppe Grillo, Berlusconi et al.).
Não é decerto empresa para amadores. Talvez Napolitano tenha êxito aonde Pier Luigi Bersani, o líder do Partido Democrático ( esquerda unida), jogou a toalha. A verificar.
( Fontes: VEJA, O Globo, International Herald Tribune )
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