A Bandidagem e o Rio de Janeiro
Depois de obter,
graças à beleza cênica do Rio de Janeiro, a par de filmes que realçavam a impar
formosura de mãe-natureza e com respostas afirmativas a todas as cobranças
tanto do Comitê Olímpico, quanto da FIFA, não surpreende que essa mui leal e
heroica cidade de São Sebastião tenha conseguido sediar as Olimpíadas (2016), e
a Copa do Mundo (2014). No que tange ao futebol, o Rio irá partilhar com o restante
do Brasil,embora aqui se realize a Copa das Confederações (2013) e o Maracanã deverá sediar uma vez
mais a final da Copa do Mundo. Tal será 64 anos depois da malogro de 16 de
julho de 1950, quando mais por excesso de confiança do que por qualidade técnica,
a seleção canarinho conseguiu perder do Uruguai por um ‘frango’ de Barbosa que
falhou em despretensioso chute de Ghiggia, calando os mais de duzentos mil
espectadores, com aquele imprevisto 2x1.
No entanto,
as habilidades de no gogó arrebatar a sede desses dois magnos certames do
esporte mundial não serão doravante suficientes para transmitir confiança aos
observadores internacionais e aos turistas que, fiados nas maravilhas naturais
da cidade da Baía da Guanabara, pensem que está tudo sob controle no que
concerne à mala vita.Tem aumentado muito o fluxo de turistas de todos os níveis – desde o back-packers[1] até os endinheirados – na Cidade Maravilhosa. Tal se prende à maior divulgação do Brasil no exterior, as acrescidas facilidades em termos de transporte aéreo, bem como à série de eventos que aqui se realizam.
Tudo isso é muito bom, se acompanhado de maior conscientização das autoridades de segurança do Estado quanto à necessidade de garantir maior proteção a essa caudal humana. Ela parte do pressuposto que junto com a simpatia do carioca encontrará um meio pacífico e disposto a proporcionar aos estrangeiros o respeito e a ordem a que estão habituados nos seus países de origem, notadamente aquele espaço de criaturas de olhos azuis de que nos falou Lula da Silva.
Pelo visto, o senhor Governador do Estado Sérgio Cabral, o seu Secretário de Segurança José Mariano Beltrame, o Prefeito Eduardo Paes e as demais autoridades dão a inquietante impressão de que, a seu ver, continuo a valer apenas o gogó, que bastaria para resolver os sucessivos problemas que têm acompanhado essa corrente de visitantes.
Diante do estupro na van de uma turista americana e das torturas inflingidas a seu companheiro francês, a polícia é verdade prendeu a trinca de bandidos, mas não deu explicações convincentes como terá sido possível rodar pela noite carioca durante cerca de seis horas, enquanto três indivíduos se revezavam, violentando a jovem, e maltratando o acompanhante, sem que vivalma sequer aparecesse para pôr termo a um festival de horrores.
Por outro lado, será que as autoridades não sabem que os bandidos não estão preocupados em participar das campanhas de divulgação do Rio-Maravilha ? Se tivessem a peito a prevenção de tais tropelias e assaltos, ao invés de vir com a descarada desculpa de que os assaltos não aumentaram nesta capital, houvessem feito algo para proteger os passeios de turistas no Caminho do Corcovado ! E não é que esses bandidos não lêem as estatísticas dos órgãos de segurança e por isso assaltam e saqueiam outra van no belo cenário sob os braços do grande monumento, esta com mais turistas alemães, roubados de seus pertences e o que mais de sua alegria e confiança nesta acolhedora metrópole !
Ao não fazerem a sua parte – protegendo o Corcovado, o Pão-de-Açúcar, a Vista Chinesa, etc. etc. – o que pensam as otoridades conseguir com tais desculpas ? A meu modesto ver, elas não diferem das dos comunicados da OKW (Comando do Exército Alemão). Quando principiou a derrocada das hordas hitleristas, a solução foi maquiar os comunicados, mandando às urtigas a realidade ...
Os Protestos de Má-Fé.
Os
cartórios de protesto de títulos, como noticia O Globo, aceitam protestar
cheques sem fundo, comprados por empresas de cobrança, as chamadas empresas de factoring. Assinale-se que tais cheques – muitas vezes
produtos de assaltos em que talões de cheque são roubados, e posteriormente
preenchidos com quantias relativas a falsos pagamentos e com assinaturas
obviamente forjadas – a despeito de tudo isso, e de muitas vezes terem datas
que os tornam peremptos, eles são estranhamente aceitos pelos cartórios de
protesto de títulos.
Não param
aí os absurdos. Tais cheques são protestados por esses cartórios sem qualquer custo para a empresa de factoring, graças a um despacho de um
corregedor da Justiça, que os dispensa do pagamento de quaisquer emolumentos.Toda esta estória da carochinha – o protesto de tais cheques como se fossem documentos dignos de fé, a custo zero, por firmas que quando bate afinal na sua porta a sentença judicial que determina o pagamento das custas do processo, assim como de indenização por danos morais, o endereço da suposta empresa de factoring se transmutou em um par de salas vazias, em um desfecho provocado por alguém que constituíu advogado para correr atrás do prejuízo e ser ressarcido do golpe do cheque protestado, em que tudo a princípio funciona com a presteza do velho Oeste, naquela esdrúxula união de empresa de factoring, do solícito cartório de protesto, para tentar achacar um cidadão honesto.
Esse protesto de cheque não é um raio em céu sereno. Da noite para o dia o suposto culpado – aquele que teve o cheque roubado, indevidamente preenchido e falsamente assinado – fica sem crédito na praça, e sem nunca ter passado cheque sem fundo cai no index da Serasa ! Para se ver livre desse embuste da turma do 171, o cidadão terá o ônus de re-provar a respectiva honestidade, e restabelecer o próprio crédito na praça, constituindo advogando, pagando despachantes e quejandos, para reverter o processo e fazer com que a indústria do crime responda por fim por todos os dissabores causados a um cidadão morigerado... E ao cabo de tudo, com a sentença do magistrado, e a cobrança dos danos morais, fica muita vez o gosto amargo de uma sentença não-executada (pela impossibilidade de individuar o réu foragido, diante de uma sala vazia, e um causídico que lamenta muito, mas não vê perspectiva de cobrança... com exclusão, é claro, dos respectivos honorários pagos anteriormente).
A notícia menos que surpreende
consterna. Diante da má-fé de uns
poucos, nos Andes do Peru a camada de gelo glacial – que levara no mínimo 1600
anos para formar-se – se derreteu em 25 anos, em mais uma inquietante evidência
da aceleração do aquecimento global.
Os dados
procedem das descobertas de pesquisas científicas nas margens do lençol de gelo
em Quelccaya, no Peru, que constitui a maior extensão de água congelada na
latitude tropical. As idades das plantas são obtidas através da forma radioativa de carbono no tecido dos vegetais que apodrecem dentro de um padrão estabelecido. Tal fornece um método assaz preciso de determinar a história das margens da camada de gelo.
Há vários anos atrás, a equipe individuou plantas que haviam sido expostas nas margens de um lago formado por gelo derretido. A análise química mostrou que tinham cerca de 4.700 anos, o que indica ter a calota de gelo atingido o seu menor tamanho no espaço de cinco milênios.
Na pesquisa em tela, trezentos metros de derretimento adicional expôs novas plantas que as análises de laboratório mostraram ter cerca de 6.300 anos. Segundo a Dra. Lonnie G. Thompson a interpretação de tais dados aponta para o fato de que gelo acumulado em cerca de 1600 anos voltou a liquefazer-se em aproximadamente 25 anos.
Como é notório, as extensões geladas no Planeta Terra se estão derretendo. Em resultado disso, o permafrost[2] no Alaska e na Sibéria está sendo afetado, e nesse caso teremos o ingresso na atmosfera do gás metano, que é tóxico. Do lado positivo, a navegação no oceano Ártico com, v.g., o transporte de minérios para a RPC através de tais rotas, antes impraticável no inverno boreal, se continua traiçoeiro , agora é possível durante quase todo o ano !
A Crise da
Monarquia na Espanha
Se a ameaça ao
trono do Rei Juan Carlos I não é imediata, a situação presente muito difere do
período anterior à desastrosa excursão real ao Botswana para uma caça de
elefantes.
Desde
então, se vem acumulando os fatos negativos para a Casa de Bourbon, antes
firmemente estabelecida no favor popular, máxime pela contribuição de Juan
Carlos à democratização espanhola, no período posterior ao falecimento do
Caudilho Francisco Franco. Já o assassínio pelo ETA do Primeiro Ministro de
Espanha, Almirante Carrero Blanco, a 20 de dezembro de 1973, que precedera à
morte do Generalíssimo Franco (ocorrida, depois de longa agonia, a 20 de
novembro de 1975), fora instrumental para fortalecer as forças democráticas e
ensejar maior participação no processo do rei, que em período precedente
chegara a ser alcunhado por Juan el Breve.
A popularidade do Rei, no entanto, e o respeito à família real, tem sofrido pesados golpes, de que este blog já se ocupou.
Na última semana, o juiz José Castro tomou providência que seria impensável em passado mesmo recente. No quadro de investigação por peculato do Duque de Palma, esposo da Princesa Cristina, filha caçula de Sua Majestade, resolveu indiciá-la no processo em base a fundadas suspeitas de que era de seu conhecimento que o marido, senhor Iñaki Urdangarin, de abastada mas plebeia família basca (e por motivos matrimoniais elevado em 1997 a Duque de Palma pelo monarca) se servia do nome e status da princesa para dispor de mais credenciais com vistas a melhor desenvolver as suas questionáveis transações.
Esta marcada para 27 do corrente a audiência da Princesa Cristina perante o juiz Castro. Segundo a lei de Espanha, o Rei é o único membro da família real que goza de completa imunidade em matéria penal. Não indiciar a Princesa, segundo Sua Senhoria, seria desrespeitar o princípio de que a Justiça, no Reino de Espanha, é igual para todos.
À popularidade do Rei, que despencou depois da caçada na África – a ponto de cerca de 45% de consulta informal de opinião favorecer a abdicação de Juan Carlos em favor de seu filho, Felipe – não ajudará decerto o fato de que a Princesa Cristina será a primeira integrante da família real, na Espanha moderna, a ter de prestar depoimento a um juiz togado em Corte de justiça.
No passado, a Casa Real Francesa de Bourbon - de que os Bourbon de Espanha são parentes através da descendência de Luis XIV, o Rei-Sol de França - teve o reinado interrompido pela Revolução Francesa que, como se sabe, se originou a 14 de julho de l789, com o ataque, queda e posterior destruição pelo Povo de Paris da Fortaleza-Prisão da Bastilha, que se tornara o símbolo do absolutismo real.
Sem embargo, os problemas e o crescente declínio na popularidade dos Bourbon de França junto aos súditos se iniciaram com o chamado ‘Caso do Colar’ (Affaire du Collier), que, corretamente ou não, foi considerado pelo povo (e até a nobreza) como envolvendo a Rainha Maria Antonieta (esposa do Rei Luís XVI), a desafortunada filha da Imperatriz Maria Teresa d’Austria.
( Fontes:
O Globo, Rede Globo, The New Yorker, International
Herald Tribune )
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