quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Moro, candidato a Presidente ?

      Líderes partidários e saudosos da Lava Jato  passaram  a fazer apelos públicos no intento de convencer o ex-Ministro e o ex-Juiz Sérgio Moro a se colocar como potencial candidato na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. 

       Como se sabe, com um perfil discreto,  Moro submergiu desde que se tornou sócio-diretor da Consultoria americana Alvarez & Marsal em 2020. Tem, no entanto, mantido conversas reservadas "como cidadão", sobre o cenário nacional, com parlamentares próximos à sua linha de pensamento político. 

      Em tais diálogos, Moro vem resistindo a dar sinais claros sobre suas pretensões políticas, mas tal não o leva a descartar uma eventual futura candidatura.  Sem embargo, o ex-Ministro  vem manifestando crescente desconforto com o que eventuais interlocutores vem chamando de "progressiva deterioração"  do País e também no que tange ao papel exercido pelos mecanismos anticorrupção.

        Nesse sentido, os entusiastas da candidatura  do ex-magistrado voltaram a mobilizar-se, após a decisão da maioria da Segunda Turma do Supremo de liberar o compartilhamento da integra das mensagens "vazadas" da  Lava Jato, com a defesa do ex-presidente  Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

         A expectativa do julgamento  sobre a suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá deu munição  à narrativa dos partidários de Lula, mas também aglutinou as correntes dissidentes do bolsonarismo que apostam no discurso contra a corrupção  para formar uma frente eleitoral em 2022.

           Uma reviravolta nas decisões da Lava Jato chocaria a população que votou contra a corrupção em 2018,  e beneficiaria uma eventual candidatura de Moro, que simboliza tal sentimento.  Para o Senador Alvaro Dias, Podemos - PR, "as cartas para 2022 ainda não foram apresentadas em sua plenitude, mas ele já tem visibilidade", afirmou o Senador Alvaro Dias, Podemos, PR.

            O parlamentar, que disputou a Presidência em 2018, conversou com Moro pela última vez após a eleição para a presidência da Câmara. Na mesma linha, a deputada Renata Abreu  (SP) presidente nacional do Podemos, disse acreditar que Moro sai maior a cada "ataque" que sofre. "O povo sabe que ele, sozinho, tem reafirmado seu papel de herói nacional. Mesmo diante de mensagens hackeadas, obtidas de forma ilegal, o conteúdo revela a cautela e a seriedade que fez dele, no auge das operações, um orgulho de todos os brasileiros", asseverou a dirigente.

               O Podemos está em compasso de espera e considera o ex-juiz o seu"plano A",  para 2022. Outra legenda que mantém as portas abertas para Moro é  o  PSL, que planeja um processo de expurgo da ala bolsonarista. "O PSL é um partido moderado e de centro-direita. Estamos buscando construir pontes com ele. Moro é o nome mais consistente do ponto de vista eleitoral. Ele aglutina os lavajatistas, antipetistas e aqueles que pregam a ética na política. Ou seja: as três vertentes da sociedade que  o Bolsonaro abdicou", disse o deputado federal Júnior Bozzella (SP), vice-presidente nacional do PSL.

                Em suas redes sociais, a deputada estadual paulista Janaína Paschoal (PSL) fez um apelo para que Moro entre no tabuleiro eleitoral de 2022. "Haja vista o inferno que estão transformando a vida dele, não vejo outro caminho para Sérgio Moro além de se candidatar à Presidência da República em 2022", escreveu a parlamentar no Twitter.

                 Perspectivas.  No ano passado, apoiadores de Sergio Moro no Congresso viram na sua contratação por uma Consultoria americana e em manifestações recentes sinais de que o ex-ministro está reticente quanto a uma candidatura em 2022. A eventuais interlocutores nos últimos tempos, Moro indicou que não pretende ser protagonista em um projeto eleitoral neste momento.

                  Sem embargo, apesar da citada discrição, ele tem participado de articulações por uma candidatura de centro-direita, em oposição ao presidente  Bolsonaro. Em setembro, ele jantou com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo o tucano, foi uma conversa "sem prerrogativa de nomes, mas sim de princípios."  Depois desse encontro, Moro se reuniu com outro eventual candidato, no caso Luciano Huck, eis que o apresentador televisivo também alimentaria disputar a  Presidência.


(Fonte: O Estado de S. Paulo )

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