terça-feira, 17 de março de 2020

O Fator Bolsonaro


               
        No meu primeiro blog de ontem, me reportei à estranha atitude do Presidente Jair Bolsonaro, que professa ignorar a ameaça colocada pelo coronavírus. Tal postura, que discrepa da grande maioria do Povo brasileiro, não só nos induz a uma certa tristeza, pelo que faz crer quanto às suas limitações, assim como no que tange às inevitáveis consequências dessa estapafúrdia atitude sobre a situação em geral e, muito em especial, no que tange à perniciosa influência exercida por este julgamento.

            Será sem dúvida por causa desta incrível avaliação, que o ponderado Merval Pereira, no caput de seu artigo - O dízimo de Bolsonaro - sentencia: "Ninguém sabe como isso vai terminar, mas torna-se assunto inevitável a possibilidade de Jair Bolsonaro vir a ter interrompido de alguma maneira seu mandato presidencial por absoluta incapacidade, não apenas de gestão, mas psicológica. Pode ser  por uma licença de saúde, uma renúncia, ou um impedimento político."

             Ao faltar com o bom senso, Sua Excelência, pela sua condição de Chefe de Nação, não está fazendo uso do próprio raciocínio em modo consentâneo com o parecer de seus principais assessores, a começar por aqueles que nesta questão surgem como os mais preparados para lidar de uma forma proativa com o problema. Se as grandes decisões incumbem ao Presidente, ele deverá ter sempre o bom senso de informar-se junto aos especialistas na matéria, para então conduzir a questão, de forma consentânea com o interesse público.

              Diante desse relativo vácuo, já se nos depara a reação dos presidentes do STF, Dias Toffoli, da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que se reuniram ratione materiae com o competente Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sem a presença de Jair Bolsonaro.

              Se a calamidade se apresenta, é do interesse geral do Povo brasileiro que ela seja enfrentada pelo Estado de forma consequente e objetiva, combatendo assim tal respeitável desafio à Nação brasileira. O coronavírus nos chega depois de  longa travessia, que começou na China. Diante das epidemias e da atual pandemia, como assinalada pela OMS - que a designou de "a maior crise sanitária mundial de nossa época" -  a Covid 19 confronta o Brasil e por isso exige seriedade, empenho e proficiência de parte de nossas autoridades. Reduzir o alcance da doença está nos parâmetros já empregados com sucesso por muitos países, não só os asiáticos, mas também os europeus. Com a vantagem do exemplo daqueles que nos precederam no combate ao flagelo, incumbe, de nossa parte, tentar controlar o surto, cuidando sempre de empregar critérios médicos que obedeçam, dentro do possível, ao que a clínica já apreendeu diante deste novo desafio - e como já nos ensina um grande historiador  e sábio, Arnold Toynbee - o que deve ser feito sem subestimá-lo, eis que proceder desta forma nos irmanaria àquelas culturas que tropeçaram no caminho da civilização.  

  
( Fontes: O Globo, e Um Estudo da História, de Arnold Toynbee ).

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