domingo, 27 de outubro de 2019

Sínodo sobre a Amazônia: Relatório Final


                       
        Passadas três semanas, os padres sinodais apresentaram ontem, 26 de outubro, a Papa Francisco, o relatório final do Sínodo sobre a Amazônia. São 120 parágrafos, divididos em cinco capítulos. As propostas abrangem desde a conceituação de o que é peca-do ecológico até a maior participação das mulheres na liturgia católica. Levados em conta os costumes da época, a mais polêmica é a proposta do parágrafo 111, para que, tendo presente os casos e a necessidade, homens casados possam ser ordenados e dispensados, por conseguinte, do celibato. É notório que "há enormes dificuldades de acesso à Eucaristia" no território amazônico, ficando meses ou até "vários anos"  sem a presença de um sacerdote.

           Nessas condições, para diminuir o problema, os padres sinodais pedem ao Papa que autorize a ordenação de sacerdotes sem a exigência do celibato clerical - desde que, frisam, sejam "homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiteriado". Estes padres, segue o texto, teriam "uma família legitimamente constituída e estável".

             Todos os parágrafos precisaram ser aprovados, em assembleia realizada ontem, por pelo menos dois terços dos padres sinodais - aqueles participantes com direito a voto. No encontro final, estavam presentes 181. De todos os itens, o 111 foi justamente o que teve menor índice de aprovação - foram 41 votos contrários.

             Como já se esperava, o documento tem forte apelo ambiental e cobra posturas inclusivas junto aos pobres, imigrantes, e a todas as "periferias do mundo". O relatório pede uma Igreja "com rosto indígena, camponês e afrodescendente", "com rosto migrante" e jovem.

                No encerramento do Sínodo, Francisco afirmou que a região amazônica sofre "todo tipo de injustiça, destruição de pessoas, exploração de pessoas em todos os níveis e destruição da identidade cultural", Segundo Sua Santidade, "a consciência ecológica nos denuncia um caminho de exploração compulsiva e corrupção. A Amazônia é um dos pontos mais importantes disso. Um símbolo", declarou o Santo Padre.

                 Dentro do conceito de ecologia integral, o Papa frisou que os problemas ambientais precisam ser vistos dentro de seus contextos sociais, "não só o que se explora selvagemente a criação, mas também as pessoas".  Ele afirmou ainda que pretende criar um órgão dentro da Santa Sé dedicado exclusivamente aos cuidados com a Amazônia.  

                 No documento, ao sugerirem o "pecado ecológico", os bispos argumentaram que o desrespeito  à natureza deve ser visto como pecado porque seria afronta a Deus e uma agressão à sua criação. Essa ideia já estava presente na Encíclica Laudato Si', publicada por Francisco em 2015." Nenhum católico pode viver em comunhão com a Igreja sem escutar o grito da Terra.  (Desrespeitar a natureza)  é um pecado, é um pecado ecológico", disse o bispo de Izirzada (Peru) David Martinez de Aguirre Guinea.

Mulheres. A maior participação feminina em celebrações litúrgicas e em papéis dentro da igreja foi abordado em cinco parágrafos do documento, sob o título "presenças e a vez da mulher"."(...) se pede que a voz das mulheres seja ouvida, que elas sejam consultadas e participem das decisões e, assim, possam contribuir com sua sensibilidade à si-nodalidade eclesial", diz o documento. O ítem 103 afirma que muitas consultas solicitam "o diaconato permanente para as mulheres". Foi o segundo ítem com mais rejeição- teve trinta votos contrários.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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