segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O quarteto escanteado


                                   
         Em jornal de domingo, a manchete em página interna "Presidenciáveis em 2018 perdem terreno na oposição" pode não fazer a esse estranho quarteto a justiça que porventura mereça, mas entre generalizações e - quem sabe - injustiças - comparece com aquele sabor, por vezes amargo, mas que traz consigo a incômoda verdade.
           Reporto-me  a Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB).  Apesar de terem conseguido quase cinquenta milhões de votos, nenhum deles até o momento desponta com candidato  crível para o pós-Bolsonaro. 
            Fernando Haddad e Ciro Gomes tem o respectivo avanço para o futuro  atrapalhado seja por fatores estranhos, seja por criações próprias. essas últimas que saem das avaliações negativas de que é pródigo o prócer do PDT.

            No PSDB, a pálida atuação de Geraldo Alckmin nada pôde fazer quanto ao na aparência inarrestável progressão  do governador de S. Paulo, João Dória, que com a habitual sem-cerimonia assume a liderança nacional tucana.
             Marina Silva, que teve a sua hora com o terceiro lugar em 2014, então obstada por candidata de muito sua inferior, mas com grande protetor, ela que pensava ter o futuro na sua sala de espera, agora se vê sufocada pela cláusula de barreira. Nesse sentido, a Rede estuda uma fusão com o PV, mas guarda ciosa o brilho enganoso de uma hora que parece ter passado.
             Ciro se tem como o guardião do próprio excelso valor, a tal ponto que em cáusticas referências a quase todos os demais, pareça metodicamente aplicado em reduzir todo e qualquer apoio que não lhe reconheça o próprio e imenso fulgor.

               Nessa árida seara que formiga com ditos supostamente inteligentes, ele sequer se dá conta da longa vida dos doestos e de suas parentas próximas, que ele vai distribuindo com a facilidade de quem pensa luzir à custa de alfinetadas - que mais dóem quanto mais certeiras - sequer tendo presente  de que o ofendido de hoje - como Luciano Huck, cujo programa pode luzir com o brilho da esperança  para quem precisa - pode um dia desses, surgir-lhe - quem sabe? - no caminho e soprar-lhe que o êxito do programa está em tornar a auto-ajuda uma solução possível, que não só corta a burocracia que sufoca a gente, mas também sopra no ouvido dos pobres - e daqueles que vivem nas suas vizinhanças, aquela luz de quem acredita que a redenção não tem limites de tamanho, e pode esperar a cada um com o abraço de Dona Esperança, que a corrosiva inteligência de Ciro Gomes ainda não tem feito luzir em próprio benefício.

( Fonte: O Globo ) 

Nenhum comentário: