domingo, 13 de outubro de 2019

Sínodo da Amazônia


                                    

       Bispo de São Félix do Araguaia, em Mato Grosso,  coube a Dom Adriano Ciocca Vasino responder às declarações neste sábado, dia doze de outubro, do vice-presidente Hamilton Mourão. Nesse sentido, Dom Adriano disse que o governo Bolsonaro quer "cancelar a cultura e a identidade dos indígenas".
          Falando à Folha, dom Adriano afirmou que o incômodo do governo Jair Bolsonaro com o Sínodo da Amazônia é "provavelmente porque eles dizem uma coisa e depois fazem outra coisa." E observou: "Falar é fácil, mas, para cumprir de forma coerente  com aquilo que a legislação prevê, a gente vê que tem um hiato muito grande",
           Ainda de acordo com d. Adriano, a atitude adequada do governo é estabelecer mais diálogo com a Igreja Católica e com os povos indígenas para compreender melhor as necessidades e as exigências de quem vive ali.
            "Mas percebemos o contrário: este governo está querendo cancelar a cultura e a identidade dos indígenas.  Eles querem que os índios como índios desapareçam e se agreguem à sociedade branca como pobres. Sociologicamente entrariam numa outra categoria e desapareceriam como cultura e identidade próprias."
             O vice-presidente Mourão disse nesta sexta-feira, ll de outubro, que daria um "pequeno recado" ao Vaticano sobre a Amazônia. "A mensagem que eu quero passar, em nome de nosso governo, é que a Amazônia brasileira é brasileira. É responsabilidade nossa  preservá-la e protegê-la. Quero deixar isso bem claro." (!)

            Para dom Adriano, no entanto, a soberania do Brasil não está em discussão. Ele é um dos 57 bispos brasileiros que participam do Sínodo da Amazônia, reunião de religiosos e especialistas  dos nove países do bioma com o Papa Francisco, que convocou a assembléia há dois anos para debater a ação da Igreja Católica na região e a situação do meio ambiente e dos moradores. Sâo 258 participantes que se reúnem até domingo, dia 27 de outubro.

             "A soberania do Brasil e dos outros países que fazem parte da Amazônia não está em discussão, a responsabilidade primária é  dos países que têm a Amazônia. Mas não podemos esquecer que estamos num mundo globalizado e que é importante que se supere a ideia de soberanismo, que é um pouco ultrapassada e uma forma de populismo. E que não ajuda nem o Brasil, nem a Amazônia, nem a saúde do nosso planeta", afirmou o religioso a jornalistas, em entrevista organizada pela Santa Sé.

            Antes do encontro, iniciado a seis de outubro, o governo Bolsonaro criticara a iniciativa da Igreja Católica, argumentando que se tratava de uma ameaça à soberania brasileira sobre as questões relativas à  Amazônia.

( Fonte:  Michele de  Oliveira,  Folha de S. Paulo )

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