quarta-feira, 26 de setembro de 2012

De Mensaleiros, Prévias e Ruralistas


                  
Sabatina no Senado

 
      A sabatina a Teori Zavascki deverá continuar depois das eleições, o que, em Pindorama,  é um desenvolvimento assaz positivo. Interrogado por membros da Comissão de Justiça e Cidadania, o Ministro-indicado para suceder a Cezar Peluso não fechou a possibilidade de que participe da Ação Penal 470.
      Instado pela oposição, o candidato-designado avisou que a decisão sobre participar do julgamento do mensalão não é do ministro, mas do colegiado do STF. A insistência de senadores sobre esse ponto incomodara a Zavascki que afirmou: ‘espero ter dado os devidos esclarecimentos sobre essa questão, que me deixa pessoalmente muito desconfortável’. Segundo assinalou a matéria de O Globo, ele tinha os olhos marejados quando fez tal referência.
      Pela falta de uma categórica assertiva de que não participaria do juízo – embora haja asseverado que não pedirá vista do processo – formou-se consenso favorável ao adiamento da sabatina.
      Dado o caráter em general sumário da manifestação da Comissão – que, em geral, se cinge a apenas uma sessão – a postergação pode ser entendida como um ponto para a oposição. Tal foi decerto facilitado pela notícia oriunda do Planalto de que não há urgência para que Zavascki assuma sua cadeira no Supremo.
     Explicitou-se, a respeito,  que a pressa da presidenta se devera à conveniência de indicar logo o ministro e desse modo esvaziar pressões políticas, vindas precipuamente do Partido dos Trabalhadores. Por esse motivo, o governo ontem não se incomodou com o adiamento do fim da sabatina para depois das eleições municipais, vale dizer, após o dia sete de outubro vindouro.

 

Prévias do Ibope


     A divulgação da pesquisa do Ibope no que tange ao Rio de Janeiro não traz novidade de monta. A coalizão que apóia Eduardo Paes – e cuja amplitude lembra a inchada base de apoio costurada por Lula da Silva para o governo de Dilma Rousseff – continua a refletir-se em nível de aprovação de 52% para o candidato à reeleição.
     A extensão da ‘grande aliança partidária’ que sufraga a candidatura  do atual prefeito  lhe confere um tempo desmedido na propaganda política obrigatória. O espaço televisivo de Paes na prática sufoca aos demais concorrentes e, notadamente, a Marcelo Freixo (PSOL com 17%), e aos nanicos Rodrigo Maia (DEM, com 4%) e Otávio Leite (PSDB, com 3%).
     Se se afigura justo que o tempo na televisão, seja em princípio determinado pelo peso político dos partidos a comporem a chapa, manda o bom senso que haja um limite para essa prerrogativa no primeiro turno (no segundo, o tempo é igual para os dois eventuais candidatos). Será tema para as eleições do futuro, para  que a parcela a ser atribuída ao candidato com maior apoio partidário não ultrapasse o teto de uma disputa em que a oposição não se veja cerceada a uma claustrofóbica, procrusteana e iniqua janela de divulgação. Assim, prever-se quarenta por cento v.g. para o candidato com maior apoio partidário seria medida justa e equânime, de forma a não empurrar os demais concorrentes para o virtual gueto dos nanicos.
      A surpresa em termos de prévia parece vir de São Paulo, onde o Ibope anuncia a ultrapassagem de Fernando Haddad (PT), com dezoito por cento, sobre José Serra (PSDB), com dezessete por cento.
      Aguarda-se a necessária confirmação do Datafolha. Essa mudança no panorama da disputa pela prefeitura de São Paulo poderá ter ocorrido – muitos são os males da candidatura Serra – mas manda a prudência e experiências pretéritas esperar pelas indicações do Datafolha.
     Em uma semana em que seu grande padrinho se viu exposto às acusações de Marcos Valério – sublinhando uma percepção popular quanto à hierarquia chinesa no campo da responsabilidade pelo escândalo do Mensalão – há de suscitar certa estranheza de que logo agora o afilhado do máximo líder da constelação petista haja realizado o salto de passar ao segundo lugar nas pesquisas, o que, se confirmado, lhe asseguraria disputar o segundo turno com Celso Russomano (PRB).

 

Congresso aprova MP revista e desfigurada

 
      O Código Florestal, versão ruralista, continua muito vivo na versão da M.P. devolvida à presidenta Dilma Rousseff, por Câmara e Senado. A fraqueza ambientalista, seja na Câmara, e, ainda mais estranhamente, no Senado, continua a permitir que uma visão moderna e conforme o sentir das ruas seja rotineiramente derrotada. Com efeito, os epígonos do ruralismo, açulados pelas ilusões dos lucros   imediatistas, se lançam em uma debandada de lemingues, para associar-se a Malásias e outros que tais que lograram desfazer-se de seus recursos naturais. 
      Este enorme patrimônio, que herdamos da bravura de nossos antepassados,  descobrimos em marcha acelerada  para a irremediável perdição. Já temos no Pará, com a sua deflorestação, o sinal amarelo de o que nos aguarda, em termos de savanização em congêneres.
     Não dá para entender a inépcia legislativa do governo Dilma, que coleciona malogros e frontais negativas de um Congresso, em que se assinala no papel uma maioria de que os embates ambientais em comissões e plenário cuidam de desmoralizar.
     Será que a tal base de apoio – cosida pela magna aliança do dílmico governo – não tem contrapartida em questões de interesse da Administração ? Será que as APPs (a largura protetora da mata ciliar) podem ser impunemente adelgaçadas a ridículas e ineficazes barreiras ?
    Não há nada mais maléfico do que, de um lado, a tóxica e gananciosa burrice das bancadas ruralistas  e, de outro, a descosida tropa da administração dílmica. Ninguém mais pode espantar-se com a sua comprovada ineficiência que não sabe valer-se da caneta e das vantagens da liderança política.
    Querem resolver com firulas no papel, os problemas de contrariar Mãe-natureza.
    Ao ignorar as matas ciliares – ou torná-las inúteis, por transformá-las em arremedos – a ignara frente ruralista prepara as tragédias ecológicas de um amanhã bastante próximo. Perguntem o que pensam as populações a jusante das Alagoas, do norte do Estado do Rio, e de Santa Catarina (com o seu inconstitucional código florestal estadual) pelo legado das inundações e das avalanches que levaram de roldão casas ricas e pobres, e culturas grandes e pequenas ?
    Que dirão, então, os magnos e ilustres próceres da coalizão ruralista, com Aldo Rebello (PCdoB), Blairo Maggi (PR), Kátia Abreu (PSD) e Luiz Henrique (PMDB)?     

 

 
( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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