segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Com o Pé no Estribo


                                    
Antijornalismo ?


     Para um jornal como O Globo – que dedica tanto espaço e tão comovente preferência ao Flamengo – a página de rosto e o caderno esportivo de hoje surpreenderão só à primeira vista.
     Se as derrotas das demais equipes cariocas são saudadas pelo jornalão muita vez com manchetes que podem ser definidas ou como cruéis ou como seletivo rigor jornalístico, como iremos interpretar a estranha não-cobertura da goleada sofrida pelo Mengão no Beira-Rio deste domingo ?
     Não há qualquer chamada na primeira página – apenas uma careta de jogador do Botafogo – e tampouco no caderno dedicado aos esportes. Da tunda levada pelo Flamengo, o leitor só terá – se excetuarmos a coluna do correto Fernando Calazans – na quinta página  envergonhada referência aos 4 a 1 impostos pelo Internacional.

   
Vamos ganhar na bola e não no apito

 
     Na resenha esportiva do domingo pela rede pública, o apresentador Bocage pediu aos convidados comentários sobre mais uma estranha anulação de gol, que favoreceu ao Corinthians.
    Houve em seguida irônica troca de olhares entre os presentes. Como Bocage insistisse, um deles pronunciou a versão oficial – assumindo o jargão dos desmentidos ex-officio. E, no entanto,  se negara ao Atlético Mineiro a validação de um gol, devida à intervenção de bandeirinha em um esquisito lance paralelo.
    Seria de esperar que a reação da CBF e de seu presidente fosse tão pronta quanto o fora no episódio recente que validara um gol em impedimento do Santos e logo contra o Corinthians.
    Como desta feita o beneficiário é o Corinthians, tem razão a direção atleticana em estranhar o silêncio da entidade oficial.
    Graças à falta de reação do Presidente Roberto Dinamite no campeonato brasileiro do ano passado, o Vasco da Gama perdeu sete a oito pontos, descontados por ‘polêmicas’decisões arbitrais. Com a paciência de uma galinha, bicando aqui e ali, por especial atenção dos juízes (e bandeirinhas) o Corinthians garantiu pela timidez do Dinamite o ‘seu’ título.
    E terão achado graça que, terminado o certamen, o presidente vascaíno haja atribuído ao CRVG o título de campeão moral de 2011.
    Como qualquer torcedor, vejo com inquietação esse renovado favorecimento do Corinthians, em detrimento neste caso do líder do campeonato.
    Que o melhor vença, mas é importante acrescentar que essa vitória decorra das qualidades do próprio futebol, e não de inexplicáveis interferências, como parece ter sido o caso ainda desta vez no velho Pacaembu.

 

Perfis discretos para o STF  ?

 
        De conformidade com a imprensa, discussões no julgamento do mensalão terão inspirado a presidente Dilma Rousseff a buscar discrição no novo ministro a ser designado para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal por Cezar Peluso.
        Com a devida vênia, creio oportuno ponderar que mais importante do que a eventual ‘discrição’ seria  escolher ministros com maiores recomendações, fundadas no respectivo currículo e em experiência judiciária, do que por apadrinhamentos políticos e habilidades características.
        Conforme já terei assinalado neste blog, o processo de indicação dos ministros e ministras do STF se ressente de graves defeitos. Assim, a presidente, se está livre para consultar o pessoal do ramo, não deve pautar-se por indicações de advogados, como semelha ter sido o caso com seu antecessor, conforme revelado em recente audiência pública no próprio Supremo.
       Nada contra as sinalizações, mas o procedimento deve ser cuidadoso e não apressado, como tem sido o caso, inclusive com designações de ministros mais por interesse partidário, do que para atender à qualidade de um cargo relevante e, no futuro, livre de injunções políticas.
       Muitos desses defeitos poderiam ser corrigidos se houvesse pelo Senado Federal cuidadosa ,efetiva e abrangente  avaliação das indicações. No entanto, até o presente temos um arremedo de exercício, sem qualquer consequência prática para a melhoria do colegiado, eis que todos são aprovados (a única e histórica exceção foi a de Barata Ribeiro, que o Senado recusou não por falta de qualidades do indicado, mas pela circunstância de que o seu notório saber era médico e não jurídico...)

 

 
( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )  

    

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