sexta-feira, 28 de setembro de 2012

De Mensaleiros, Prévias e Avanço de Obama


                           
A Ação Penal 470


            Um a um vão caindo pela progressão do julgamento no Supremo, os intentos  de Lula & Cia. de apresentar o escândalo do Mensalão como  gigantesca Caixa dois, ou, em ainda maior desatino, em tentativa de índole golpista de intimidar o governo petista.
           Assim, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) foi condenado pelo STF por corrupção passiva (recebeu R$ 4,5 milhões para votar a favor do governo). Foi considerado culpado por seis dos dez ministros do Supremo (os outros quatro votarão na segunda-feira).
          Por ser o delator do esquema do Mensalão, há possibilidade de que Jefferson tenha redução de pena. No caso, aplicar-se-ía, mutatis mutandis, a cláusula da ‘delação premiada’.
         Dentre os demais condenados, estão o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) que recebeu R$ 8,8 milhões e valeu-se de empresa fantasma para disfarçar a origem do numerário, Pedro Corrêa (PP-PE), com R$ 3 milhões, José Borba (ex-deputado federal PMDB-PR), com R$ 200 mil, Romeu Queiroz (ex-dep. federal PTB-MG), com  R$ 102 mil, além  do Bispo Rodrigues (ex-deputado pelo PL-RJ), Jacinto Lamas (ex-tesoureiro do PL), João Cláudio Genu (ex-assessor do PP) e Enivaldo Quadrado (sócio do Banval).  
        Muita água há de passar debaixo dessa ponte, mas com a aceitação das penas de corrupção passiva de parte dos principais envolvidos no esquema, semelham reduzir-se as possibilidades de não condenação dos dirigentes do mensalão. Como foi determinada no caso a corrupção  passiva,  fica difícil imaginar esquema em que não haja atores para a corrupção ativa.
 

 
As Prévias do Datafolha


        Conforme antecipado, a divulgação da pesquisa do Instituto Datafolha vem introduzir importantes correções nos números anunciados pelo Ibope.
         Dessarte, em São Paulo há dois desenvolvimentos de relevo, que discrepam dos dados anteriores. O líder nas pesquisas, o deputado Celso Russomano (PRB) caiu de 35% para 30 %, enquanto José Serra (PSDB) mantém a segunda colocação com 22% dos votos, seguido por Fernando Haddad (PT) com 18%.
       Pela sistemática da prévia, Serra e Haddad estariam em empate técnico. Assinale-se que segundo a imediata pesquisa disponível, o ex-Ministro da Educação continuaria com 18% dos sufrágios, e o ex-candidato a Presidente, teria 17%. Se Haddad mantém o total apontado pelo Ibope, Serra registrara menos cinco pontos (com 17%).
      Já no Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) tem 55% e Marcelo Freixo (PSOL) reúne  19%. Com esses totais, Paes se reelegeria no primeiro turno.
     Dado o crescimento da candidatura de Freixo – que se deve à conscientização da cidadania quanto ao valor programático e ético do deputado estadual pelo PSOL – seria de augurar-se que, com o progressivo encolhimento das demais candidaturas (Rodrigo Maia (DEM) com 4%, Otávio Leite (PSDB) com 3% e Aspásia Camargo (PV) com 2%) exista ainda válida possibilidade de a disputa ir para o segundo turno, o que seria de grande interesse para o Rio de Janeiro.
    Se tal ocorrer,  com a paridade do tempo na propaganda eleitoral obrigatória, poderia até pensar-se em um ‘efeito Gabeira’ para o candidato oposicionista Marcelo Freixo. Na verdade, a coalizão montada pela dupla Sérgio Cabral – Eduardo Paes é um castelo de cartas, sem maior consistência do que as conhecidas benesses do situacionismo.
    Poder-se-ia nesse novo e alentador quadro, imaginar uma avançada com a  mensagem de seriedade e de renovação ética trazida por Freixo. Sem expedientes de última hora como o recurso ao notório (e de duvidosa legalidade) ponto facultativo que ensejara a vitória por escassa maioria no photo-chart (provocada pela enxurrada artificial de abstenções de funcionários estaduais) do atual prefeito Eduardo Paes.
    É indispensável o reagrupamento das forças e o não-desperdício em candidaturas que, ao contrário da de Freixo, não motivaram o eleitorado. Mais uma vez não se deve enjeitar as perspectivas de uma campanha do tostão contra o milhão. A história das eleições municipais está cheia de reações surpreendentes e, porque não dizer, alentadoras para a cidadania.
 

Eleições Americanas

 
     Ao contrário de o que se previa não faz muito, a campanha presidencial americana, ao adentrar na chamada reta final, com os três debates de outubro, e os comícios de terça-feira, seis de novembro,  apresenta um cenário deveras alentador para a candidatura do presidente Barack H. Obama.
    Por força de seus erros garrafais (V. a sua visão colhida nas palavras de Boca Raton), pela sua não-identificação com o eleitor comum e as propostas destrambelhadas do GOP, uma nuvem negra paira sobre a tentativa presidencial de Mitt Romney. 
    Assim, as pesquisas mostram que Obama tem atualmente dez pontos de vantagem em Ohio, nove na Flórida e doze na Pennsilvania. Tais estados no mapa do cômputo dos votos eleitorais se encontram entre aqueles com peso determinante. Até há pouco tempo atrás, as diferenças eram bem menores (quando existiam), e Mitt Romney parecia reunir maiores possibilidades de conquistar tais estados swing.
    Pelo andor da carruagem, não se trata mais de captar votos de indecisos, mas também de tentar recuperar os sufrágios daqueles eleitores – que anteriormente pendiam para o ex-governador de Massachusetts – e que, por força das circunstâncias (muitas delas geradas pelo próprio Mitt) agora se sentem cada vez mais à vontade no seu apoio ao presidente Obama.
     Esse quadro se acentua com a abertura das votações antecipadas para a eleição de novembro. Assim, no estado de Iowa abriram-se as urnas para coletar os votos que a maior parte do eleitorado depositará a seis de novembro. Nesse contexto, impressiona a vantagem do Presidente Obama em Iowa, característica que se vê reforçada pela maior robustez relativa da economia estadual se cotejada com outros estados (os ditos battleground states) em que a prevalência de um ou outro candidato não está determinada.
    Nesse contexto, Romney só poderia esperar uma reviravolta se intervierem resultados catastróficos nos índices da economia, o que, por ora, não semelha ser o caso. Se Obama, por hubris ou coisa similar, não pisar na jaca, nestes cerca de quarenta dias que faltam para as eleições,  tudo leva a indicar que o senador Mitch McConnell (líder da minoria republicana no Senado) não poderá ser atendido na sua prece de que Obama venha a ingressar no grupelho dos presidentes de um único mandato.
    Na verdade, o perigo está aí. Desde tempos antigos, Zeus provoca a perda ou desgraça daqueles que, por excessiva confiança, se julguem seguros de uma vitória a pairar no futuro imediato.
    Os leitores do blog decerto concordarão comigo em que os votos dessa modesta coluna se dirigem para o sucesso da empresa de Barack Obama.

 

 
( Fontes:  Folha de S. Paulo, O Globo, International Herald Tribune )

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