sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Campanha Eleitoral Americana

                                 
         Como seria de esperar, a campanha das primárias para as eleições presidenciais de novembro de 2012 vai avançando. Não surpreende que em ambos os campos, republicano e democrata, haja evoluções.
        Se os principais eventos, pelas características da disputa, se situam no GOP, também há novidades no que tange ao Presidente Barack H.Obama.
        Entre os republicanos, as eleições primárias, pela exposição das pré-candidaturas, cumprem uma de suas funções, que é a de eliminar aqueles pré-candidatos que por falta de apoio ou por outras circunstâncias, deixam de ter condições políticas para manterem as respectivas campanhas.
       No pelotão republicano, já renunciaram ao intento de postular a ‘nomination’da Convenção em Tampa na Flórida Herman Cain (por denúncias de acosso sexual), a deputada Michele Bachman (nos ‘caucus’de Iowa), o ex-governador Jon Huntsman (pelo fraco desempenho em New Hampshire), e o Governador do Texas, Nick Perry (por haver despencado nas pesquisas).
      Huntsman renunciou em favor de Mitt Romney, enquanto Perry se associou à candidatura de Newt Gingrich.
      Permanecem, dessarte, na disputa pela Carolina do Sul, Mitt Romney, Rick Santorum, Ron Paul e N. Gingrich. Embora Romney lidere os prognósticos, a sua progressão não se realiza em um mar sereno. Uma recontagem dos ‘caucus’ em Iowa deu a vitória ao conservador e ex-senador Rick Santorum.
      Por outro lado, a riqueza de Romney e as acusações de que a sua direção em empresas de Wall Street como Bain Capital fizeram muitos perder o respectivo emprego não tendem a favorecê-lo em estado como a Carolina do Sul, sob a propaganda negativa orquestrada pelos apoiadores de Newt Gingrich.
      Essa publicidade, no entanto, pode atingir igualmente  o ex-Speaker da Câmara de Representantes, acusado pela segunda esposa de querer um casamento aberto com a que viria a ser a terceira.
      Até o momento indene em termos desse tipo de ‘fogo amigo’, Rick Santorum pode ameaçar  Mitt Romney. Por outro lado, a relevância da pré-candidatura de Gingrich vai depender e muito do resultado deste fim de semana. Gingrich é oriundo do vizinho estado da Georgia e contaria com a proximidade geográfica e ideológica para contestar o virtual líder das pesquisas.
       Por outro lado, o libertário Ron Paul corre por fora e dada a consistência de seu apoio – que tem o percentual suficiente para incomodar na Convenção da Flórida – não se pode excluir a possibilidade de que persista até lá.
      Entrementes, se Barack H. Obama afigura-se como o candidato inconteste na área democrata, a atual evolução na opinião pública estadunidense lhe traz boas e más notícias.
     Não é segredo que a retórica de Obama e a sua promessa de ‘change’ (mudanças) no pleito de 2008 foram determinantes para que então obtivesse boa parcela do sufrágio dos independentes. Tampouco hoje surpreende que este apoio haja minguado de forma considerável, máxime em virtude da desastrosa atuação do 44º  presidente no primeiro biênio, com a resultante ‘shellacking’ (tunda) das eleições intermediárias de 2010, e a perda da maioria na Casa de Representantes (com as complicações introduzidas pelas bancadas radicais do movimento Tea Party).  
      Consoante as presentes pesquisas de opinião, 31% dos independentes se pronunciam em favor de Obama, contra 48% , que se manifestam negativamente. Como nos indicam eleições anteriores, a posição do presidente que postula a reeleição dependerá estreitamente do comportamento da economia. Se os índices econômicos melhorarem, Barack Obama será o principal beneficiário. No passado, Jimmy Carter foi derrotado por Ronald Reagan, e George Bush senior por Bill Clinton, justamente pelas notas baixas recebidas dos eleitores no que tange à superação das recessões que na época atingiam a economia americana.
      Talvez por querer abraçar uma postura mais pró-ativa, a campanha do presidente Obama apresenta uma inserção que tende a ser vista como uma defesa contra ataques provenientes do GOP e seus simpatizantes. Dentre esses, os bilionários petroleiros irmãos Koch financiam mais um ataque na mídia televisiva contra o candidato democrata. É conhecido o antagonismo dos irmãos Koch no que tange ao Presidente, a ponto de que esses bilionários são persona non grata nos eventos da Casa Branca. Daí, no entanto, a recorrer a matérias defensivas no espaço hertziano é uma estratégia controversa, eis que pode chamar mais atenção sob aspectos potencialmente negativos do que seria o propósito do candidato.
     De toda maneira, o campo republicano tenderá a prosseguir no seu processo de auto-eliminação dos pré-candidatos sem mais condições de continuar na disputa. Se Mitt Romney lograr consolidar a própria liderança, ou se persistir a presença contestatória de Rick Santorum e Newt Gingrich, com o libertário Ron Paul correndo por fora, a palavra caberá aos eleitores das próximas primárias, com a ênfase da vez na Carolina do Sul.



( Fonte: International Herald Tribune )

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