quinta-feira, 24 de março de 2011

Nota para o Prefeito Eduardo Paes

Na minha correspondência anterior, de sete de fevereiro, tive a oportunidade de dirigir-lhe palavras de elogio, sobre o chafariz das saracuras, de Mestre Valentim, e do respectivo espelho d’água. No passado, tenho sinalizado, menos com intúito crítico do que de colaboração citadina, através de notas endereçadas a Vossa Excelência, preocupação com certos aspectos de Ipanema.
Assim, a respeito da perdida memória do bairro, aludi ao metódico saqueio das plaquetas de bronze que recordavam ao passante antigas lojas e célebres moradores. Propunha maneira de restabelecer a louvável iniciativa de predecessor seu, a ser plasmada em matéria não-suscetível de provocar a cupidez do submundo do ganho ilícito.
Também voltei as atenções de caminhante ao canal do jardim de Alá, que é a conhecida linde entre Ipanema e Leblon. Inquietava-me o fechamento do canal pelas areias da praia, fenômeno decerto não de hoje, mas que carece de ser atacado oportunamente para evitar a mortandade dos peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Será sempre oportuno frisar que a todas as comunicações, mesmo as críticas, não norteia outro interesse que o público.
Como está nas minhas vizinhanças, tenho o ensejo – e a sina - de inteirar-me com frequência do estado do monumento de mestre Valentim e, em especial, do espelho d’água que o circunda.
Na ocasião e em questão de minutos, mudou o meu parecer sobre as respectivas condições. De longe, vi ligado o cano que alimenta o espelho. Por um átimo, acreditei deparar ação relativa à boa manutenção das águas do entorno. Qual não foi a minha decepção ao dar-me conta que o forte jato se projetava em espelho poluído por toda espécie de detritos e de entulho a boiar ou a jazer, por especial contribuição da incúria e da deseducação dos transeuntes.
Não serve a nenhum propósito encher de água esse espaço se não há pessoa encarregada de proceder-lhe à periódica limpeza, nem agente que cuide de aplicar a devida multa a esses pequenos vândalos, que dão sobejas mostras de não prezarem a limpeza e a boa manutenção das públicas obras de arte.
Para que isto não vire obra de Sísifo, a oportuna aplicação das multas – de preferência pesadas para que os infratores não as esqueçam – semelha ser a solução inelutável. Nesse contexto, a polícia municipal – que está sob as suas ordens – poderia ser o instrumento adequado, desde que devidamente fiscalizada.
Não podemos virar Suiça da noite para o dia, em termos de asseio e ordem pública, mas sem esforço inicial como lá iremos chegar ? Como dizia amigo meu, a respeito de outras paragens, carecemos de ver aqui sinal de que existe autoridade. E acrescentava, com piscar de olhos malicioso, não a corrupta, mas a boa administradora, que é a melhor amiga do povo.

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