sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Primeiro Apagão de Dilma

Oito estados do Nordeste ficaram sem energia elétrica por até cinco horas madrugada adentro. A falha se terá originado na subestação Luiz Gonzaga, no limite entre Pernambuco e Bahia.
Já acostumado com esse tipo de contratempo, o Ministro de Minas e Energia, Édison Lobão, procurou minimizar o incidente. Em frase lapidar, o Ministro de Lula que agora é de Dilma, disse: “Não houve um apagão, houve uma interrupção temporária de energia.”
Continuando na mesma linha, que é também reminiscente dos comunicados do Comando Supremo da Wehrmacht [1]quando a sorte da guerra começou a ir no sentido contrário às forças nazistas, o Ministro Lobão acrescentou que falhas no sistema elétrico são comuns no mundo todo e que no Brasil não é diferente. Ele descartou defasagem e desgaste de equipamentos e sobrecarga de energia.
Ao contrário do Presidente Lula, que soía comprar a versão do ministro da área que não estava funcionando a contento (V. Fernando Haddad na Educação e o próprio Lobão, sempre nos apagões), Dilma, além de mais enfronhada no gerenciamento – e especificamente nesta Pasta, de que foi ministra – ficou bastante irritada com o ocorrido.
Embora este último apagão tenha sido menor do que o de Lula, constitui sempre um transtorno considerável para a população atingida, além de ser reflexo em geral de má gestão técnica ou de deficiências no aparelhamento. É óbvio que as explicações ‘tipo Lobão’ têm a credibilidade que merecem, e a par da velhinha de Taubaté convencem um público deveras restrito.
A situação no setor energético – e a mostra arrecém no início de seu segundo mês de governo de que as coisas não vão bem na infraestrutura energética – fortalecem a sua convicção de um maior controle seu nesta área que ela reputa essencial para o desenvolvimento brasileiro.
O apagão – que afetou a 47,7 milhões de habitantes – lhe há de ter tirado as dúvidas remanescentes quanto a um indispensável remanejamento do setor, hoje literalmente entregue ao PMDB (a começar por Lobão, que entra na quota de Sarney).
Igualmente ao contrário de Lula, Dilma controla de perto a máquina, e sobretudo um setor em que está muito enfronhada e no qual dispõe de grande experiência. Toda essa acrescida preocupação há de funcionar no interesse do ministério, máxime porque Lobão deverá ser apenas vetor de suas ordens. O blecaute vem também a calhar para que a Presidenta se livre da presença do PMDB (leia-se, entre outros, Furnas e deputado Eduardo Cunha), encaminhando-se para os gestores de comprovada competência técnica na área.
Dessarte, a nova equipe a ser instalada nos setores-chave da área energética pode contar com todo o apoio da Presidente. O que vem junto com o correspondente controle de conhecedora, e os eventuais puxões de orelha a quem o merecer.
Dentro desse quadro de seriedade e competência profissional, a pergunta que insiste em ser feita é onde entra nisso o Ministro Édison Lobão.

( Fontes: O Globo e Folha de S. Paulo )

[1] A chamada OKW (das iniciais alemãs de Comando Supremo da Forças Armadas) passou a omitir pormenores importantes (aqueles desfavoráveis aos exércitos de Hitler), e a transmitir um quadro da situação que contornava o traço essencial, i.e., a derrota ou retirada das forças nazistas diante da reação soviética.

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