Em
um só dia o Brasil registrou 73 novas mortes pela Covid-19, com um macabro
total de 432 óbitos. No país, já são mais de dez mil casos
confirmados e o Ministério da Saúde declarou que São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito
Federal, Ceará e Amazonas se encaminham rapidamente para um quadro crítico.
O
Secretário-Executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo declarou ontem, 4 de abril, ser inevitável que quase toda a população tenha contato com
o vírus - a questão está em que velocidade isto vá ocorrer.
Só Acre e Tocantins seguem sem
registros de óbitos. O Brasil tem a 8ª maior taxa de letalidade (4,2%), quando
verificado o balanço de mortos pelo coronavírus ante o total de infectados. A
Itália registra o índice mais elevado, 12,3%. A taxa no Brasil tende a cair,
diz o ministério, porque o número de testes realizados ainda é pequeno.
Com o aumento de exames, crescerá a
quantidade de pacientes com diagnóstico, o que reduz o cálculo em relação às
vítimas. O Governo Federal promete 22,9 milhões de exames, mas esbarra nas
dificuldades de produção dos laboratórios públicos, e na disputa pelo produto
no mercado internacional.
Sobre os 4 estados e o
D.F.,Gabbardo disse que essas regiões vivem uma transição de fase, de
"epidemia localizada" para uma fase de "aceleração
descontrolada". Considerando as fases epidêmicas, o governo trabalha com
as classificações epidemia localizada, aceleração descontrolada, desaceleração
e controle. Apesar da imprevisibilidade
nas cinco áreas, Gabbardo disse
que os números atuais estão dentro do estimado pelo Governo. O
secretário afirmou que há uma tendência de que outras regiões sofram fases de
picos em diferentes momentos, o que
ajuda a reduzir a pressão sobre o SUS.
Na maior parte das cidades, segunda a Pasta, a transmissão está
ocorrendo de modo restrito. O Sudeste concentra 61,2% dos casos, com 6.295. O
Nordeste tem 1.642 notificações, seguido pelo Sul (1.139 casos), Centro-Oeste
(675) e Norte (527).
O Ministério da Saúde tem mantido a orientação do isolamento social,
como determinado pelos Estados. O Ministro Luiz Henrique Mandetta tem insistido em que a população
siga as orientações locais, em detrimento de o que afirma o presidente Jair
Bolsonaro, que fala em temor de crise econômica e pede reabertura do comércio.
O Secretário Executivo da Pasta, João Gabbardo, ponderou que, apesar da
contaminação generalizada prevista no longo prazo, cerca de 86% dos infectados
sequer vão perceber ou ter sintomas, dadas as suas condições de saúde, idade e
imunidade. Os demais 14% podem precisar de apoio médico. Boa parte desses será
tratada, mas uma parte menor vai morrer.
A tendência, segundo essa autoridade, é de desaceleração no ritmo em
médio prazo. Gabbardo declara que, ao longo do tempo, não se sabe quanto, ao
menos 50% das pessoas terão contato com
o vírus e criar imunidade. "Já
tive? Estou imunizado. Entro em contato com outro, não transmito. Vai acontecer
lentamente. O fluxo só reduz quando
existem 50% das pessoas já imunizadas.
Boletim do ministério concluído anteontem (3 de abril) sobre a pandemia
traça cenário crítico da situação da saúde no País para lidar com o pico de
contaminações, previsto para ocorrer entre o fim de abril e início de maio. O
documento da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério diz que a
capacidade laboratorial do Brasil ainda é insuficiente para dar resposta a essa
fase da epidemia.
A Rede Nacional de Laboratórios,
composta por unidades em todo o País, é capaz de produzir aproximadamente 6,7
mil testes por dia. "Para o momento mais crítico da emergência, será
necessária ampliação para realização de 30 mil a 50 mil testes de RT-PCR (exame
molecular, o tipo mais preciso) por dia", afirma o boletim.
O Ministério alerta que "não há escala de produção nos principais
fornecedores para suprimento de kits
laboratoriais para pronta entrega, nos
próximos quinze dias". Além disso, afirma que há carência de profissionais
de saúde capacitados para o manejo de equipamentos de ventilação mecânica,
fisioterapia respiratória e cuidados avançados de enfermagem para lidar com
pacientes graves de covid-19.
Por
fim, outro ponto frágil são os locais de atendimento a casos críticos."Os
leitos de UTI e de internação não estão devidamente estruturados, e nem em
número suficiente para a fase mais aguda da epidemia", afirma, em conclusão,
o Relatório.
Hospitais privados se queixam ao Ministro Dias Toffoli
de "confisco".
A Associação Nacional dos Hospitais
Privados (Anahp), laboratórios e outras entidades de saúde afirmaram ao
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), Ministro Dias Toffoli, que requisições de governos e decisões da Justiça
do Trabalho estão contribuindo para esgotar seus equipamentos e insumos.
Em conjunto, pediram que Toffoli adote
medida para que seus ítens sejam retirados apenas quando não houver mais saída
para a gestão pública e forem destinados a profissionais que estão na linha de
frente.
A requisição administrativa é uma
medida prevista em lei para que o poder público se aproprie de bem privado em
situações de urgência. Governos têm adotado esse tipo de solução para pedir a
entes privados equipamentos na área da saúde,com o fim de destiná-los a
hospitais públicos e agentes do Sistema Único de Saúde (SUS)
Os pedidos em tela foram feitos
durante videoconferência liderada pela Anahp (Associação Nacional dos Hospitais
Privados - Anahp).
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )