quarta-feira, 29 de abril de 2020

Ana, Amor da Minha Vida


                              
                          Minha eterna Esposa, minha muito querida e grande Mulher, nosso casamento, meu grande amor, é daqueles que nem a morte, com a sua súbita e perversa crueldade, será capaz de cortar, pois os laços que nos ligam para a eternidade estão a salvo, queira Deus, das maldades e  dos contratempos terrenos. Eles foram tecidos com os fios inconsúteis de um Amor que nos meus olhos, como diz o Poeta, tão puro vistes, e que, por  isso, menosprezam os percalços da condição terrena, e nos prometem, como na radiosa aurora de nossos primeiros dias de união, a firmeza e a segurança dos  eternos votos, que, contra muitos, e sobretudo a adversidade que, incansável, espreita aos humanos imaginando poder acompanhar-nos, e desmanchar o que, porventura,  ao maligno desagrada.

                      Sem ti,  meu grande, imenso Amor, que repontou na Juventude, mas que se firmou em nossa madurez, por aferrar-te a tudo aquilo que a mim significaste, não serei jamais como que farrapo humano que ousa prender-se ao teu Amor, que será, por Deus Nosso Senhor, a eterna razão da solitária estrela daquelas que tanto amavas, quando me levavas, para junto contigo contemplar-nos esse aberto céu infinito com que nos bendisse a Providência, atendendo ao teu Amor e sobretudo à tua imensa Bondade, que nunca, nessa terra sáfara, que apenas guarda sofrimento e pena,  sempre me prodigou com o teu copioso, bendito carinho, cuja lembrança ora me sustenta, devoto que sou à ti, meu Amor de sempre, pois foi da juventude e da madurez,  que guardarei  o que de vida aqui embaixo me resta.

                          Com a paixão da Juventude, dos tempos maduros e  da Velhice, que a ti apenas ousou tocar,  a homenagem daquele que passará os dias que lhe restam a pensar na pessoa maravilhosa que tu eras e sempre foste e serás, guardando no peito o afago da lembrança de poder reencontrar-te um Dia, se tal graça a esse grande Amor que, nos meus olhos tão puro viste, a Mim  que, nesta Terra,  passo a contar os dias e, quem sabe, os meses, que nos separam.
                           
                          Descansa em Paz, Amor da minha Vida, a Ti que tinhas uma palavra doce para todos que fruíam do Teu conhecimento e da Tua Amizade. Se a separação me parece abrupta e injusta, perdoa esse sentimento terreno, de quem apenas anseia por rever-te e abraçar-te.

domingo, 26 de abril de 2020

A Sucessão de Moro


                            
     Para a colunista Eliane Cantanhêde, competente observadora de Brasília e de muitos governos, na atual confusão política, advinda em boa parte do comportamento errático do Presidente Jair Bolsonaro, assinalo, uma vez mais, a relevância de ler a sua coluna hodierna, sob o título "Suicídio".

       De todo interesse, a referida imagem do superministro Paulo Guedes, durante o pronunciamento  do presidente Bolsonaro: era o único a portar máscara, em mangas de camisa e sem sapatos, só de meias, e no entender da colunista parecia seguir os passos do já ex-ministro Sérgio Moro: se está lixando para o cargo e para Bolsonaro. Fim de festa. Assim o descreveu a tarimbada jornalista.

       Para a Cantanhêde, só agora os militares de alta patente admitem: 'com o governo se esfarelando, um militar  de alta patente define o clima: "Muita tristeza". E segue: 'Junto com o governo, esfarelam-se os sonhos de por ordem na bagunça, combater com Moro a corrupção e o crime organizado, recuperar com Guedes a economia, os empregos e a esperança. Seria  impossível com um tenente rechaçado, depois um parlamentar inútil. Mas só agora eles admitem. Talvez, tarde demais para descolar as Forças Armadas do desastre. Triste mesmo.'

        Ainda segundo a Cantanhêde,  "Bolsonaro é incansável em seus movimentos suicidas, envolto em sombras, combatendo inimigos por toda  parte, fazendo só o que lhe dá na cabeça. Ou o que os filhos lhe põem na cabeça. Por que a obsessão em demitir o delegado Maurício Valeixo da Polícia Federal?  Em nomear um pau-mandado na PF do Rio, sua base? E abrir crise na PF e derrubar Moro, o maior troféu do governo, dias depois de Mandetta e em meio ao caos?"

          A tal propósito, creio relevante a observação do então Ministro Sérgio Moro, ao pedir "a razão de tudo isso". A resposta, para a Cantanhêde "está na psicologia, egolatria, medo, culpa e na proteção dos filhos 01,02 e 03 de investigações sobre rachadinhas, fake news, gabinete do ódio e organização e financiamento de atos golpistas. Ante pandemia, mais de 4 mil mortos, o desespero de empresários, empregados  e Ministério da Economia, Bolsonaro só pensou nele e nos filhos."

          E cabe mais um excerto do artigo da Cantanhêde: "O pronunciamento foi sobre ele, ele e ele. Por que demitir Valeixo? Porque, depois de milhares de horas de investigações, a PF não concluíu  o que "ele" queria: que a facada foi um complô, quem sabe da China comunista? E Valeixo não atropelou as leis e o MP-RJ nas investigações sobre Marielle, o condomínio da Barra da Tijuca e as namoradas do filho 04".

         E para terminar, segundo a colunista "a Bolsonaro e Moro resta uma acareação jurídica, política e midiática. Bolsonaro não entende nada dessa seara (...) mas Moro estará em seu habitat.  Se um afunda, o outro emerge na política, o que pode dar em tudo ou nada, mas passa a ser o grande pesadelo de um ser conturbado e sob risco real de impeachment."

( Fonte: O Estado de S. Paulo, artigo Suicídio, de E. Cantanhêde)   

Boeing cancela acordo de fusão com Embraer


                         Após 21 meses de vigência, a Boeing motu proprio cancela a fusão com a Embraer. A transação, firmada em julho de 2018, e avaliada em US$ 4,2 bilhões, termina de forma abrupta, por iniciativa da empresa americana, que alega terem sido exigências do acordo não cumpridas pela parte brasileira.
          Sem embargo, a Embraer assevera que tais alegações são falsas e, por conseguinte, exige compensações. Dado o litígio, decorridos 21 meses após o respectivo anúncio, há óbvio risco da contenda judicial, que sói arrastar-se por anos a fio na Justiça. A parceria entre a mega empresa estadunidense e a brasileira - a assim-chamada Boeing-Brasil-Commercial - se marcava por grande, leonina mesmo, diferenciação econômica, eis que a brasileira Embraer, líder na fabricação de jatos comerciais de até 150 lugares,  teria 20% na parceria, e a Boeing Brasil-Commercial, abocanhava 80%...

            Talvez a brasileira Embraer carecesse de fundos, mas a diferença nas parcelas respectivas recendia mais a séculos passados, do que à interação entre uma empresa com marcada presença na sua faixa de concorrência, enquanto a gigante Boeing, com os seus magnos, gravíssimos problemas com o 737 Max - com dois acidentes fatais, atribuídos à falha nos sistemas de controle de vôo - o que obrigara a mega-empresa a rever o projeto do 737 Max, forçada a pagar multas milionárias.  
            Com o caixa afetado, e diante da pandemia do coronavirus, a Boeing pediu sessenta bilhões de dólares em garantias de empréstimo ao governo Trump, para que ela e outros fabricantes pudessem enfrentar a crise.

             Diante da tentativa da empresa estadunidense de cancelar o acordo com a Embraer,  alegando que a fabricante brasileira não atendera a todas as condições exigidas e que, por conseguinte, estava "exercendo seu direito de rescindir o contrato",  em poucas horas mais tarde, a Embraer contesta. De forma taxativa, a empresa brasileira afirma que a atitude da Boeing foi indevida e que a firma americana  fabrica falsas alegações como pretexto para não fechar a transação e pagar os US$ 4,2 bilhões prometidos à Embraer. A companhia brasileira assevera que está em total conformidade com as cláusulas do contrato, cumprindo todas as necessárias condições. E, a par disso, assevera  que vai buscar as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos com  o cancelamento indevido do negócio.  E nesse sentido, a Embraer assevera: 

"A empresa  acredita que a Boeing adotou um padrão sistemático  de atrasos e violações repetidas no MTA (Acordo Global da Operação) devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 Max e outros problemas comerciais e de reputação".

                Na aludida nota, divulgada na imprensa, a Embraer afirma ser  a líder na fabricação de jatos  comerciais de até 150 lugares, que é setor cobiçado pela Boeing, como a transação o evidencia.

                  Em verdade, como semelha evidente, os problemas no acordo de fusão entre Boeing e Embraer nada têm a ver com a participação brasileira na referida transação. Eis que os problemas da Boeing com o 737 Max fragilizaram as finanças e a imagem da companhia estadunidense. Após os dois acidentes fatais atribuídos a falhas nos sistemas de controle de vôo, o jato - que era o mais vendido do mundo - foi proibido de operar. Em consequência, muitas encomendas foram canceladas, e em consequência a Boeing se viu obrigada a rever o projeto do 737 Max e pagar multas milionárias, o que lhe afetou seriamente o caixa.
                       Nesse sentido, e diante da pandemia, o cenário se agravou ainda mais.  A Boeing pediu US$ 60 bilhões em garantias de empréstimos do Governo dos Estados Unidos da América para ela e outras fabricantes terem condições de enfrentar a mega-crise.
             
              Consoante comentou Fernando Villela, sócio de Regulatório do Escritório VPBG Advogados: "Companhias aéreas e fabricantes de aeronaves entraram no modo 'sobrevivência' ".       

( Fonte:  O Globo )

sábado, 25 de abril de 2020

O que significa a Demissão de Moro ?


                             

       Em uma sucessão de crises avança trôpego o Governo Bolsonaro. Que essa trajetória cresça em dificuldades, o ambiente político nesse fim de semana  constitui o reflexo dessa inegável realidade.  As próprias acusações do ministro demissionário da Justiça - se confirmadas - expõem os desmandos do Chefe da Nação e, o que é pior para o presidente, tornam inescapável que as autoridades competentes abram investigações para apurar crimes comuns e de responsabilidade, que lhe são ora atribuídos.
         Assim, movido pelo temor de que inquéritos da Polícia Federal  pudessem vir a atingir a sua família, o Chefe do governo optou por intervir na Corporação, cuja autonomia constitui mandamento legal.
          A gravidade da questão pode ser sumarizada na circunstância de que a autonomia da P.F. é um mandamento legal, e, portanto, não deve ser dos menores o temor do presidente Bolsonaro, a ponto de que o leve a demitir o seu Ministro de maior peso político, uma vez exonerado o diretor da P.F.
           Como pergunta o editorial da Folha de S.Paulo, é preciso saber o que o Presidente teme a ponto de levar o seu ministro mais popular a se demitir, depois de exonerado o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
            Há muitas implicações de crimes, em tais medidas, eis que, segundo acusa o Ministro Moro, o Palácio do Planalto também teria fraudado publicação e assinatura do decreto de exoneração, em ação que configura o delito da falsificação do documento e a consequente prevaricação, cuja gravidade torna imperiosa a competente denúncia pelo atual Procurador-Geral do Ministério Público perante o Supremo Tribunal Federal.
              Dada a estatura política do Juiz Sérgio Moro, e a linearidade de sua atuação, no que tange à Justiça e da Segurança Pública,  choca a atitude de Bolsonaro, se confirmados os procedimentos que lhe são imputados.
               Observando as fotos do hoje ex-ministro Moro, lê-se nos seus olhos e no próprio rosto, surpresa e indignação quanto ao procedimento de seu chefe, o Presidente da Republica. Na verdade, em seu semblante, conforme estampado pela Folha e o Estado de S. Paulo, nele se escreve com as brutais letras de atônito espanto, a indignação quanto ao comportamento do Chefe de Estado. Nele, o já célebre Juiz da Lava-Jato, essa operação que se tornara tanto realidade política, quanto objeto de orgulho de grande parte do Povo brasileiro, que nas suas operações viu restabelecidos padrões existenciais de conduta, que semelhavam esquecidos, tal o assomo e a arrogância dos procedimentos contra o interesse público.

              Não foi à toa que a fisionomia do corajoso magistrado cresceria aos olhos da gente brasileira, que nele viu o defensor de costumes e de procedimentos que semelharam, diante da anterior inação da Justiça, um guardião da Lei e, sobretudo, um símbolo contra as más práticas que aviltavam a Nação brasileira.

               Na fisionomia desse varão de Plutarco, se vê hoje desenhada a justa cólera contra um procedimento inesperado e inaudito, em que o Presidente Bolsonaro buscou transformar a atitude de enraivecido espanto do seu Ministro da Justiça, intentando trazê-la para níveis a que está mais acostumado, como se, ao invés de uma questão de Estado, se tratasse de interesse mais egoístico e comezinho. Quem por acaso perlustre os jornais de hoje, 25 de abril, verá a indignação de um grande brasileiro a ser tratado nos moldes do Senhor Bolsonaro, ele que constitui exemplo de uma geração, em termos de afirmação da Justiça e de um Porvir de esperança para o nosso Povo. Na indignação desse paradigma de larga geração da Nação, eu  vejo a vontade de pôr cobro a tais práticas, que são assacadas contra o Ministro Sérgio Moro, símbolo de uma geração, e a quem compreensivelmente repugna que venha a ser tratado da maneira ora desvendada. Temível é a justa indignação desse grande brasileiro, não por acaso homenageado por tantos compatriotas, que se sentem orgulhosos em mostrar os respectivos princípios, recorrendo ao procedimento de envergar-lhe na singela camisa a sua própria efigie. Compreendo, por conseguinte, tanto a ira deste grande brasileiro, quanto a reação de muitos outros, que se convencerão que o próprio exemplo - sobretudo à vista de tais desmandos - não só perdura, mas encontrará em todos os terrenos em que haja patriotas que respeitem a lição já escrita por esse grande magistrado, e eventuais ações do gênero daquela do atual presidente, mais do que indicam, na verdade determinam, de que é mais do que tempo de trazermos de volta costumes e princípios, em que a Justiça prevaleça, e o horizonte de novo mostre um panorama que mais se adeque aos princípios da Ética e do Direito, sem nada a ver com a triste cena proporcionada pelo atual regime.    

( Fontes: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo )

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A Demissão do Ministro Moro


                                              

       O presidente Jair Bolsonaro, por força de seu temperamento, e por séria falha de avaliação em termos do desempenho de seus ministros, notadamente do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, julgou possível pedir-lhe a cabeça do chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo  que, além de ser indicação do titular da Pasta, sendo diretamente a ele subordinado, exercia atribuições de investigação, que são da alçada da P.F.
         Diante de tais funções ex-officio, que são atribuição do Chefe da Polícia Federal, não é difícil avaliar que se trata de área exclusiva de sua atuação funcional, e que, por conseguinte, o Ministro da Justiça não poderia admitir, que em Estado constitucional de Direito,  o processo legal fosse desrespeitado, o que levaria à exoneração, em ritmo sumário, do Chefe da P.F., que fora nomeado  por indicação do próprio Ministro da Justiça, decisão essa que viria ao arrepio da norma constitucional.
          Sabe-se lá por que motivo, o presidente da República pedia a cabeça do Chefe da P.F., mas decerto não condizia com a prática constitucional, e ao necessário respeito que se deve aos processos que são da competência da mais alta autoridade policial. 
            Não é próprio das democracias que as normas do Direito sejam amoldadas  às conveniências e à vontade do Chefe do Estado. Estranha sobremodo, portanto, que Presidente da República haja intentado forçar a porta dessa via, pois estamos em democracia, e o desejo do Presidente não é bastante para que os devidos processos atinentes à Lei venham a ser subvertidos como se houvera poder superior às determinações constitucionais e legais.

            Com republicana firmeza, o Ministro Sérgio Moro não se curvou à injunção do Presidente Bolsonaro, e preferiu pedir exoneração do cargo. É um traço raro de caráter, se olharmos à volta. Ele, que foi o juiz expoente da Lava-Jato, e que muito contribuíu por sua determinação e exemplo a que essa página de tal importância para o nosso País prosseguisse como fanal de Justiça e de inteireza de caráter, mostra uma vez mais quão exemplar continua o seu próprio comportamento, como a respectiva repercussão de sua atitude mostra à gente de Brasília, em que as negativas de princípio surpreendem pela raridade. Muito se engana o Poder quando imagina poder ignorar a Constituição e a Lei.  Eis que a reação do Ministro Moro, que não trepida em descer da carruagem do mando ao ver o Império da Lei ameaçado, constitui nobre, digna e providencial atitude,pois será sempre oportuno louvar a exação dos respectivos deveres. Não se enganem os arautos e os partidários das práticas que afrontam o Direito. A nossa História é pródiga em exemplos de que a exação, ao conviver com o excesso, a ele se habitua.

            Ainda na tarde e mesmo tardinha desta sexta-feira, 24 de abril,  os espectadores da Rede Globo tiveram oportunidade de presenciar uma extensa exposição de parte do Presidente Jair Bolsonaro em que ele fez um longo relato da questão sob o seu ponto de vista, em que lançou algumas acusações ao Ministro Sérgio Moro, em que procurou ressaltar en passant as condições  que este último buscara colocar para garantir a sua ulterior designação para o Supremo. Voltaram à baila o que cercara a pós-tentativa de assassinato por Adélio Bispo, com o súbito aparecimento de advogados de nomeada para defender quem realizara o ato tresloucado na praça de Juiz de Fora, outras muitas dúvidas acerca de quem estaria por trás do intento de mega atentado. Chegou mesmo a reportar o assassínio da vereadora Marielle, com questões ligadas ao atentado de Juiz de Fora.
            Sem embargo, os comentaristas da Rede Globo, como reportaram  alguns deles no programa da Globonews, não semelharam convencer-se muito com os argumentos do Presidente, no que tange ao seu comportamento no que tange ao hoje ex-ministro Sérgio Moro.  
               Quanto mais o presidente fale sobre o assunto, seja sobre a postura do hoje ex-ministro Moro, seja sobre ilações mais largas sobre o affaire Marielle e as implicações do ex-amigo da família Adriano (morto arrecém na Bahia) e o quanto alcancem o clã Bolsonaro - e todas as suspicácias levantadas por alguém com tantas implicações com a milícia - e as atenções e expressões de amizade da família para quem, malgrado a medalha Tiradentes, se marca por uma reputação com a mala vita, to say the least,  dá sinais tanto fortes quanto comprometedores.

( Fonte: Rede Globo )

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Demitir Mandetta foi um erro


                              

        Acaso surpreende que o Datafolha nos informe que 64% dos brasileiros reprovam a demissão do Ministro Luiz Henrique Mandetta?  E que o exonerado pelo Presidente Bolsonaro saia com forte avaliação positiva (70%)?
          Não pode deixar de ser visto com preocupação que uma equipe  que aos olhos do público estava desempenhando a própria missão com êxito, de modo a haver atmosfera geral de confiança na atuação e propósitos do Ministro Mandetta e de seus comandados, seja sumariamente afastada.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Mandetta e Bolsonaro


                             
       Não, leitor amigo, a ordem dos fatores é esta. Ontem, os comentaristas televisivos  nos reportavam notícias pouco agradáveis. A trindade valorizada pela gente brasi-leira - Mandetta e os vice-ministros Wanderson de Oliveira e João Gabbardo está por desfazer-se. Não que exista alguma disfunção ou desentendimento entre eles. Muito pelo contrário.  Em tempos modernos, nunca titular da Saúde se destacara tanto no firmamento brasílico. E jamais se teve notícia de uma trinca de médicos de escol, que tanto se tem distinguido no bom combate, que é aquele que se afasta das crendices e que se abebera nos preceitos da arte de Hipócrates e que não faz concessões a superstições.  Como explicar então que  esteja sob ameaça de ser afastada? Será demasiado valor e competência profissional, que criam desconforto aos enxames de medíocres ?
         Mandetta e seus dois diretos auxiliares, se enfrentam mar de ressaca para os lados do Planalto, pagam o preço da própria hombridade, capacidade médica  e coragem profissional. Eles não vão para a rua por erro profissional ou cousa similar. Nesse contexto, carece de ser muito ingênuo para pensar que as escorregadelas do passado foram superadas.
          O Povo brasileiro tampouco se engana com as qualidades respectivas, seja da figura que foi escolhida para morar no Palácio, seja da equipe sob a direção de Luiz Henrique Mandetta.  
            Grita aos céus que não está no interesse nacional que vingue essa treta palaciana. Ao norte, lá nos States aonde demora o ídolo do atual presidente brasileiro, se desenrola outro espetáculo, em que o atual morador da Casa Branca se lança, em lance diversionista, mas desesperado ataque contra a Organização Mundial da Saúde, a cuja chefia elege em desespero como responsável pela confusão e as muitas mortes que a respectiva  incompetência terá causado, e que podem pesar em seu próprio desfavor na próxima eleição estadunidense.
              Mas é hora de voltar à realidade.  Um mergulho na verdade televisiva, e lá vem o aviso, do púlpito presidencial,  que já é outro o Ministro da Saúde, que Mandetta renunciou - na verdade, foi exonerado pela caneta de Jair Bolsonaro, e Sua Excelência ora agradece a quem nomeou para o lugar de um Ministro que tão bem estava cumprin-do com o respectivo dever de salvar vidas e de afastar, pelas artes médicas, as sombras dessa nuvem da Covid-19, que desce sobre tantos brasileiros que pelo Brasil afora lutam pela vida.
                Para suceder nessa missão à Mandetta,  o presidente nomeia  o Dr. Nelson Teich. Por quê é a pergunta que paira no ar.  O Dr. Mandetta tem a confiança do Povo brasileiro. O Dr Mandetta encabeça uma equipe médica que estava empenhada no bom combate, sob a coordenada e integrada direção desse grande médico.  Ele defende o afastamento social, que é a maneira de evitar os desastres na Lombardia e em Nova Iorque.
                 Há muitas máximas nessas batalhas da nacionalidade. Diante do desafio do não-provado, nós que somos o país do futebol, já praticamos no passado demasiadas  imprudências,  e por isso não devemos esquecer o quê a nossa realidade nos tem ensinado seja no êxito, seja na derrota: não se mexe em time que está ganhando ! E tampouco manda o bom senso que se permita aos paredros - e pra não dizer - ao próprio presidente - que  venha a mexer em uma equipe - que - como sabem céus e terras - para gregos e troianos  estava manifestamente ganhando esta batalha pela saúde do Povo brasileiro !   
                   E agora, José ?

PS. Com os meus respeitosos cumprimentos a Carlos Drummond de Andrade e a Manuel Bandeira.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Blog 7000


                                                 

          Do terraço de nosso apartamento, em Ipanema, em boa, prazerosa situação, que ganhei na loteria da vida, pelo meu próprio esforço em trabalho honesto, aturado, por vezes difícil e até árduo, por mexer com costumes diversos, e a presença por vezes prenhe de ameaças junto a poderes demasiado próximos, tenho seguido, por costume conjugal, que minha querida esposa me fez aprender, com o prazer que nos traz a visão desse eterno, silente espetáculo que se contenta com a visão antiga do firmamento.  Não há experiência que se lhe possa comparar, se dispuseres da oportunidade para vires a tornar-te, nessa cerúlea, distante, infinita solitude, vestida de longínquas, maravilhosas formas que se abrem com os caprichos de tapete persa mergulhado no céu mudo e profundo, a quem visitam riscos de luxuriantes fantasias, enquanto na sua indiferente e eterna tolerância, esse espaço infinito nos contempla, na mudez da própria linguagem, eis que com sublime e eterna indiferença admite à sua faustosa presença a  mais um expectador  dessa visão que do rei que se crê magnífico,  seja ele amado dos súditos ou não, ao humilde, tosco pastor que, em cuidando do próprio rebanho, poderá entreter-se com tal cintilante espetáculo, de que da sua eterna mudez há gente que crê receber mensagens, além dos próprios caprichosos signos de  calendário que não está aberto para muitos.  Nas noites hodiernas, malgrado as selvas urbanas e as desenfreadas construções que barram nos campos e nas montanhas ingressos antes abertos àqueles que se comprazem a construir - quem sabe bordar - complexos enredos que da abóbada celeste, excluídas as interrupções ditadas pelos  maus humores das intempéries - semelham  estar para sempre à disposição dos mortais  - se desde o começo dos tempos, aos pastores nos campos, e aos caçadores em ermas montanhas e densas florestas terá proporcionado das estrelas e dos astros a visão magnífica, a cintilarem nervosos e com esplendor alvíssimo, por vezes trêmulo, noutras faiscante, altivo, ainda que visões fugidias as intercalem diante da humildade entranhada do divino Pastor, e da agressiva, ostentatória presença dos guerreiros que ousarem praticar toda série de perversa afirmação de arrogante altivez,  quer vestida dos mudos, terríveis exércitos que em marcha batida reclamam do domínio de terras do sem fim,  quer se avantajam pela perfídia e as sinuosas companhias que constróem pela força da própria resolução, enquanto outros de andrajos costuram uniformes, à medida que avançam cobertos pelas cúmplices trevas e a audaz transformação da fraqueza em força,  sequer enjeitando os truques mofinos do ardil, que é a arma dos fracos que cobiçam as riquezas e o luxo de outrem acaso encastelado por velhas ou modernosas  muralhas. Hoje se queres deparar a antiga floresta, em que ainda se refugiam seus prístinos habitantes, descendentes decerto desses  mesmos  indígenas com que Alexander von Humboldt[1] o primeiro estrangeiro que nas primícias do século XVIII a terá atravessado  na sua densa, pródiga e maravilhosa riqueza de mãe-Terra. Hoje temos a Papa Francisco que com a sua austera coragem - que arrosta a deserta Praça de São Pedro, por conta do coronavírus, em mais uma praga a ser vencida - convocou o Sínodo para a Amazônia. Que os céus e o povo brasileiro contemplem no futuro a Amazônia com a sua divina floresta conservada, para maior glória do Senhor e segundo os estranhos, mas maravilhosos desígnios da Providência. Que a floresta amazônica, esta maravilha do século XXI, possa ser preservada, com a ajuda e os préstimos dos amazônidas,  que são na maioria indígenas, e destarte defendida  da ameaça de seus invasores, em especial dos madeireiros, que para ela, mãe de todas as florestas e pulmão do Planeta Terra,  constituem séria ameaça. 
         Com as bênçãos de Papa Francisco, preservemos a Amazônia, que é uma das maiores riquezas naturais da Terra, orgulho do Brasil, que na célebre metáfora traz, na verdade, para o nosso planeta os indispensáveis pulmões para combater a poluição, denunciada pela Ciência e a Igreja.


( Fontes: Estado de S. Paulo e Folha de  S. Paulo )


[1] Alexander von Humboldt, Berlin, Barão (1769-1859).

Braga Netto atua por Mandetta


                                   
       Escalado para coordenar as ações do Governo quanto ao coronavírus, é tratado em alas militares como "interventor" do Palácio do Planalto.   Nesse sentido, o ministro da Casa Civil, o general Braga Netto, agiu ontem, 7 de abril, para baixar a temperatura do atrito. 

          Assim o Ministro Mandetta, que é civil e competente, e ajudado por Braga Netto, que trabalha para baixar a temperatura do atrito, e destarte inviabilizar a decisão do presidente Jair Bolsonaro de demiti-lo do ministério da Saúde, veio a tornar possível essa posição que vaí contra o tal gabinete do ódio, "presidido" pelo vereador Carlos Bolsonaro: "Vamos tocar esse barco chamado Brasil juntos".

            É notório que Bolsonaro, açulado pelo seu grupo de apoio, preferiria o inverso, mas recuou diante de muitas e fortes pressões: de militares, do Congresso (de forma pró-ativa, o Senador Alcolumbre), do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do vice-presidente Hamilton Mourão,  e last but not least, do Chefe da Casa Civil, o general  Braga Netto que agiu ontem para baixar a temperatura do atrito. 

             O comentário do Vice é muito ilustrativo: "Braga Netto está fazendo o que sabemos: colocar ordem na casa, coordenando as ações, de modo que haja sinergia, cooperação e, como consequência, os esforços do governo sejam mais eficazes".   
               Para que se tenha noção dos boatos irresponsáveis que repontam, na semana passada circularam boatos de que o Ministro da Casa Civil, Braga Netto, seria escolhido por  uma Junta Militar para assumir o "comando" do País, deixando Bolsonaro  como uma espécie de "rainha da Inglaterra".  Pelo fato de que essa "versão" ganhasse força nas redes sociais - chegando ao cúmulo de apontar Braga Netto como o 39° presidente do Brasil ... mas tal "mudança" foi desfeita logo após o site identificá-la...
                 Ex-interventor na segurança pública do Rio em 2018 - foi então nomeado pelo Presidente Michel Temer - Braga Netto se fez conhecer pelo estilo "durão". Não obstante, nos últimos dias, tem tratado de assuntos variados: da crise com o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a discussões econômicas.

                 Braga Netto, na Casa Civil há quase dois meses, continua a fazer substituições na Pasta. Antes chefiada por Onyx Lorenzoni, que apesar de seus estreitos laços com o presidente, dançou na última reforma de Bolsonaro, passando ao ministério da Cidadania.
              
                Segundo a opinião do núcleo militar do governo, Braga Netto por não ter aspiração política - ao contrário de Onyx - vai impor rapidamente um freio de arrumação na equipe do Planalto. Quem viver, verá...

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

terça-feira, 7 de abril de 2020

Os ditadores e o coronavírus


                        
         Para o homem forte da ainda pobre Rússia, o festejado Vladimir Putin vestiu traje de plástico, em amarelo canário, para visitar hospital de Moscou com pacientes da Covid-19. Em seguida, gospodin Putin despachou para a Itália quinze aviões militares cheios de suprimentos médicos, com o slogan "Da Rússia com amor."
          Para o Ditador do Egito, Abdel Fatah al-Sissi,  a pandemia do coronavírus foi associada ao envio de tropas de combate à guerra química, com soldados vestidos com roupas de proteção e armados de desinfetantes, mandados às ruas do Cairo, em uma teatral tentativa de demonstração de poderio militar projetado pelas mídias sociais.
           Já o Presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, esse cruel, mercurial e também corrupto inimigo dos jornalistas,  poderia reivindicar o título de prodígio em termos de jogar  nas tenebrosas masmorras turcas todos os inimigos (reais e imaginários) pelos pretextos mais risíveis.
             No Turcomenistão,  um dos países em que a repressão (e todos os seus sinistros penduricalhos)  é levada a extremos, nenhuma infecção foi oficialmente declarada, enquanto o presidente vitalício Gurbanguly Berdymukhamedov promove seu livro sobre plantas medicinais  como uma possível solução para a pandemia.
             Segundo Kenneth Roth, diretor da Human Rights Watch, o "coronavírus é o novo terrorismo. É o pretexto mais recente para violações de direitos, e temo que persista muito depois que a crise terminar."
               Já em países voláteis por natureza, o vírus minou cruelmente o poder da dissidência. As revoltas populares no Líbano, Iraque, Argélia e Chile pararam nas últimas semanas e, dados os riscos à saúde, é improvável que recuperem impulso em breve.
               Mas a pandemia também embaralhou os planos de muitos ditadores. Vladimir  Putin foi forçado a cancelar um referendo que lhe permitiria permanecer no poder até 2036.  Já o governo do Egito anunciou silenciosamente que o vírus havia matado dois de seus generais mais graduados, alimentando especulações de que a doença se espalhou amplamente no Alto Comando Militar.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )



Boris Johnson na UTI


               
         O premier inglês se acha atualmente na 3ª fase de sua situação clínica como paciente com Covid-19. Primo, ele foi diagnosticado com a peste, em 26 de março, e acreditou possível isolar-se em casa (i.e., em Downing Street 10, a residência do Primeiro Ministro).
           Entretanto, a tosse persistente e a febre o levaram a ser internado no Hospital St. Thomas, por volta das 19hs., na noite deste domingo,  cinco de abril. O escopo da transferência era submetê-lo a uma série de exames. No entanto, a condição  clínica de Boris piorou na tarde de segunda, dia seis de abril, e ele foi transferido para a UTI, "no caso de vir a precisar de ventilação". Ainda segundo o comunicado médico, ele estava consciente.

           O Secretário de Relações Exteriores, o membro sênior do gabinete britânico, abaixo do Primeiro Ministro,  Dominic Raab - que já coordenara reuniões do gabinete nesta segunda, seis de abril, pode assumir a gestão do governo se o premier tiver de afastar-se - a que Boris Johnson tem resistido desde a publicação de seu diagnóstico com a enfermidade do coronavírus.
           Na manhã da segunda-feira, dia seis de abril, Boris escreveu numa rede social: "Estou bem (sic) e em contato com a minha equipe, trabalhando em conjunto para combater esse vírus e manter todos em segurança." Após agradecer a todos os brilhantes profissionais do NHS   (O Serviço de Saúde Nacional)  "que estão cuidando de mim e dos outros nestes tempos tão difíceis. Vocês são o melhor da Grã-Bretanha".
            Pelo seu quadro clínico divulgado, Johnson não tem doenças que possam agravar-lhe a condição, como diabetes, câncer ou pressão alta, embora tenha problemas com a obesidade.  Com 1m75cm, chegou a pesar 104 kg em 2018, quando era Secretá-rio de Relações Exteriores. Em fins de 2019, estava com cerca de 85kg.  Adepto de corridas e tours de bicicleta, se tornou jogador de tênis, após assumir o governo (junho de 2019)
              Com essa dúbia marca de ser o primeiro chefe de governo de um dos principais países do planeta a contrair  o coronavírus,  Boris resistira a adotar  restrições drásticas para conter a pandemia no U.K.    
               Em meados de março, quando a Itália (gabinete Conte) já havia decretado quarentena e aulas tinham sido suspensas em diversos países europeus,  Johnson criticou a medida, dizendo que era desnecessária e antiprodutiva.
              Embora a burrice não seja necessariamente uma característica da direita, a cegueira doutrinária de Johnson pode vir a incomodá-lo no futuro. Nessas condições, pelos cálculos feitos então pelo governo conservador, deixar sem aulas por um mês seus sete milhões de alunos poderia reduzir em 3%  o Produto Nacional Bruto, já que muitos trabalhadores teriam que ficar em casa por causa das crianças.
                A estratégia inicial,  defendida  por Patrick Vallance - o principal assessor científico de  Johnson, era tentar atingir a "imunidade de rebanho".  A ideia básica era que, se o vírus circulasse na população e grande parcela adquirisse a imunidade (entre 60% e 70%, segundo epidemiologistas) a transmissão seria bloqueada, pois a chance de encontrar alguém imune seria muito maior que cruzar com um doente e ser contamina-do.
                   Após alertas  de cientistas de algumas das melhores universidades britânicas de que sem controle de contágio o sistema de saúde entraria em colapso, e as mortes poderiam a 250 mil no país, ele passou a acelerar restrições.
                   Pediu a idosos e casos investigados que se isolassem, recomendou o trabalho remoto e, no dia 20 de março, fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias, e anunciou a suspensão das aulas.  A quarentena, com proibição de  reuniões de mais de duas pessoas nas ruas e multa para quem saísse de casa sem justificativa só veio em 23 de março.

                  A noiva de Boris, Carrie Symonds, com 32 anos, está grávida, e disse neste sábado que havia passado a semana na cama com sintomas da Covid-19, mas que se sentia melhor depois de sete dias de descanso.  Já nos últimos vinte dias, Boris vinha repetindo o bordão de sua nova estratégia contra a pandemia: "Fique em casa. Projeta o NHS. Salve  vidas." Ao ser internado, pediu ao povo britânico que mantenham o isolamento e agradeceu os cuidados do NHS.

                    Em entrevista à BBC, após a notícia da internação do Primeiro Ministro, na UTI,  o Secretário do Exterior - e o membro sênior do Governo - Dominic Raab assegurou que a atividade do governo de Sua Majestade continuará normalmente: "Há um espírito de equipe incrivelmente forte por trás do Primeiro Ministro."
                      Dentre as prioridades do combate à pandemia está a expansão dos testes para identificar infectados. Até esta segunda-feira (dia seis de abril), haviam sido testa- das 381 pessoas para cada cem mil habitantes, uma das taxas mais baixas da Europa (a Noruega testou  2.073 e a Áustria, 1300 para 100 mil habitantes_.
                       O governo também vinha sendo criticado por ter permitido a deterioração do sistema público de saúde nos últimos anos,com menos investimentos em equipamentos e mão de obra. A internação de Boris Johnson vem num momento de revés para outro projeto, o de fazer 17,5 milhões de testes para detectar quem já tem anticorpos para o coronavírus - o que em tese permitiria voltar às atividades normais.
                        Nesta segunda-feira, dia seis de abril, o governo Johnson afirmou  que nenhum dos nove tipos comprados apresentara resultados satisfatórios para obter a licença.  Até a conclusão da impressão, havia 52.274 casos confirmados no Reino Unido, oitavo maior número no mundo.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

segunda-feira, 6 de abril de 2020

A Crise da Presidência Bolsonaro


                                            
         Como se já não tivéssemos problemas bastante com a praga da Covid-19, a postura do Presidente Bolsonaro e a sua crescente indisposição contra o Ministro Mandetta vem afetando o ambiente político, porque o que mais indispõe a nossa gente é ver um bom, na verdade ótimo ministro, ser maltratado e incomodado pelo Presidente justamente por conta de suas qualidades profissionais. Sem embargo, malgrado o Datafolha haja registrado que  maioria de 59% rejeita a saída do atual presidente (37% se pronunciam pela sua saída do cargo), hoje foi mais um dia em que se discutiu da possibilidade de seu afastamento.
           As ameaças a Mandetta continuam, embora a qualidade de sua gestão e o apreço que lhe é votado pela maioria da população brasileira não tenham sido bastantes para pôr fim às tentativas de exoneração do Ministro da Saúde, motivada ao que parece não por qualquer desserviço à Nação de parte desse integrante do ministério de Bolsonaro, mas ao invés por sua alta qualidade profissional e política...
            Ao perseguir Mandetta, com frases e recados que nada têm a ver com a qualidade do trabalho do ministro, que de resto o  faz ser defendido por boa parte da Nação brasileira, Bolsonaro vai alimentando  uma crise de todo artificial, eis que a motivação de tais frases e ameaças terá muito mais a ver com o campo do Dr. Sigmund Freud do que com a gestão do Ministro na Pasta da Saúde, em que competência, segurança, habilidade e o empenho se dão as mãos, e formam situação crítica,  em que Bolsonaro deveria ter a cautela de não atolar-se ainda mais, dado o despropósito do quadro, logo em momento no qual Mandetta mais se assinala pelo próprio trabalho na Saúde numa  época marcada pela crise mundial, a peste e as muitas mortes causadas pelo coronavirus.

( Fonte: Rede  Globo )

Boris Johnson na UTI


                                      

     O Primeiro Ministro inglês, Boris Johnson, desde algum tempo com diagnóstico positivo em termos da Covid - 19  foi hospitalizado para  unidade hospitalar de cuidados intensivos (UTI ), eis que a sua condição piorou nas últimas 48 horas.

       Como se sabe, Johnson testara positivo como infectado pelo cronavirus, e o que ele antes tratava como se fosse coisa de somenos terá por certo agravado a sua condição clínica, forçando-o a um internamento de urgência.

( Fonte: CNN )


Brasil: 432 mortos e mais de dez mil casos


                                
       Em um só dia o Brasil registrou 73 novas mortes pela Covid-19, com um macabro total de 432 óbitos. No país, já são mais de dez mil casos confirmados e o Ministério da Saúde declarou que São Paulo, Rio de Janeiro,  Distrito Federal, Ceará e Amazonas se encaminham rapidamente  para um quadro crítico.
          O  Secretário-Executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo  declarou ontem, 4 de abril, ser inevitável  que quase toda a população tenha contato com o vírus - a questão está em que velocidade isto vá ocorrer.
          Acre e Tocantins seguem sem registros de óbitos. O Brasil tem a 8ª maior taxa de letalidade (4,2%), quando verificado o balanço de mortos pelo coronavírus ante o total de infectados. A Itália registra o índice mais elevado, 12,3%. A taxa no Brasil tende a cair, diz o ministério, porque o número de testes realizados ainda é pequeno.
         Com o aumento de exames, crescerá a quantidade de pacientes com diagnóstico, o que reduz o cálculo em relação às vítimas. O Governo Federal promete 22,9 milhões de exames, mas esbarra nas dificuldades de produção dos laboratórios públicos, e na disputa pelo produto no mercado internacional.    
             Sobre os 4 estados e o D.F.,Gabbardo disse que essas regiões vivem uma transição de fase, de "epidemia localizada" para uma fase de "aceleração descontrolada". Considerando as fases epidêmicas, o governo trabalha com as classificações epidemia localizada, aceleração descontrolada, desaceleração e controle. Apesar da imprevisibilidade  nas cinco áreas, Gabbardo disse  que os números atuais estão dentro do estimado pelo Governo. O secretário afirmou que há uma tendência de que outras regiões sofram fases de picos  em diferentes momentos, o que ajuda a reduzir a pressão sobre o SUS.
  
           Na maior parte das cidades, segunda a Pasta, a transmissão está ocorrendo de modo restrito. O Sudeste concentra 61,2% dos casos, com 6.295. O Nordeste tem 1.642 notificações, seguido pelo Sul (1.139 casos), Centro-Oeste (675) e Norte (527).

              O Ministério da Saúde tem mantido a orientação do isolamento social, como determinado pelos Estados. O Ministro Luiz Henrique  Mandetta tem insistido em que a população siga as orientações locais, em detrimento de o que afirma o presidente Jair Bolsonaro, que fala em temor de crise econômica e pede reabertura do comércio.
                O Secretário Executivo da Pasta, João Gabbardo, ponderou que, apesar da contaminação generalizada prevista no longo prazo, cerca de 86% dos infectados sequer vão perceber ou ter sintomas, dadas as suas condições de saúde, idade e imunidade. Os demais 14% podem precisar de apoio médico. Boa parte desses será tratada, mas uma parte menor vai morrer.
                  A tendência, segundo essa autoridade, é de desaceleração no ritmo em médio prazo. Gabbardo declara que, ao longo do tempo, não se sabe quanto, ao menos 50% das pessoas terão contato  com o  vírus e criar imunidade. "Já tive? Estou imunizado. Entro em contato com outro, não transmito. Vai acontecer lentamente.  O fluxo só reduz quando existem 50% das pessoas já imunizadas.
                 Boletim do ministério concluído anteontem (3 de abril) sobre a pandemia traça cenário crítico da situação da saúde no País para lidar com o pico de contaminações, previsto para ocorrer entre o fim de abril e início de maio. O documento da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério diz que a capacidade laboratorial do Brasil ainda é insuficiente para dar resposta a essa fase da epidemia.
                  A Rede Nacional de Laboratórios, composta por unidades em todo o País, é capaz de produzir aproximadamente 6,7 mil testes por dia. "Para o momento mais crítico da emergência, será necessária ampliação para realização de 30 mil a 50 mil testes de RT-PCR (exame molecular, o tipo mais preciso) por dia", afirma o boletim.
                   O Ministério alerta que "não há escala de produção nos principais fornecedores para suprimento de kits laboratoriais  para pronta entrega, nos próximos quinze dias". Além disso, afirma que há carência de profissionais de saúde capacitados para o manejo de equipamentos de ventilação mecânica, fisioterapia respiratória e cuidados avançados de enfermagem para lidar com pacientes graves de covid-19.

                     Por fim, outro ponto frágil são os locais de atendimento a casos críticos."Os leitos de UTI e de internação não estão devidamente estruturados, e nem em número suficiente para a fase mais aguda da epidemia", afirma, em conclusão, o Relatório.

Hospitais  privados se queixam ao Ministro Dias Toffoli de "confisco".

       A Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), laboratórios e outras entidades de saúde afirmaram ao Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ministro Dias Toffoli, que requisições de governos e decisões da Justiça do Trabalho estão contribuindo para esgotar seus equipamentos e insumos.

         Em conjunto, pediram que Toffoli adote medida para que seus ítens sejam retirados apenas quando não houver mais saída para a gestão pública e forem destinados a profissionais que estão na linha de frente.

          A requisição administrativa é uma medida prevista em lei para que o poder público se aproprie de bem privado em situações de urgência. Governos têm adotado esse tipo de solução para pedir a entes privados equipamentos na área da saúde,com o fim de destiná-los a hospitais públicos e agentes do Sistema Único de Saúde (SUS)

              Os pedidos em tela foram feitos durante videoconferência liderada pela Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados - Anahp).


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )