sexta-feira, 27 de abril de 2012

O PMDB e a Base de Apoio

                           
        A derrota da Presidente Dilma Rousseff na votação de quarta-feira, 25 de  abril na Câmara de Deputados levanta questões importantes sobre o significado da chamada ‘base de apoio’ ao governo petista.
       Costurada por Lula da Silva, e com base na coligação que levou à vitória da candidata Dilma, assim como à eleição de uma frente pluripartidária, cuja esmagadora preponderância numérica nas votações das quartas-feiras em Câmara e Senado  se evidencia,v.g., no desequilíbrio entre as bancadas situacionista, oposicionista e independente, da CPI do Cachoeira, respectivamente 41,  
14 e 8. 
       No entanto, a ver-se pelo comportamento do PMDB do líder deputado Henrique Alves (RN), esse rolo compressor serve sobretudo para extrair benesses, reivindicar postos-chave no ministério e  nas mega-empresas estatais. Tal extremo zelo não se percebe com a mesma ênfase no propósito de através de grandes quadros técnicos contribuir para o desenvolvimento e o avanço do Brasil. Essa menção será talvez considerada ingênua, posto que representasse um dado assaz positivo. Todas as conquistas nesse plano reverteriam  igualmente para o partido, através de sua participação.
       Não é intenção dessa coluna, no entanto, provocar estranheza nos partidos da coalizão, porque esses numerosos quadros não se caracterizam por tais qualidades e se interessam por diferentes áreas de ação.
      Se bem que passados critérios afastariam essas indicações políticas de qualquer participação no governo, não é propósito deste blog tratar aqui desse especial viés perseguido pelos chefes e caciques dos partidos da base, com o PMDB à frente, por ser o mais numeroso.
      Há um outro aspecto, que rivaliza e quiçá supere em absurdo, o desequilíbrio entre o apetite participativo dos partidos da base de apoio (sempre com o PMDB do sr. Henrique Alves na vanguarda) e o seu aporte em momentos determinantes para a agenda programática do governo Dilma Rousseff.
     Em tais horas, alguém chegado de Marte ou alhures poderia pensar que o líder Alves é um deputado de aguerrida oposição à Administração. Vejam só como ele discursa em plenário, recordando, com arrogante brio, a votação histórica (em 2011) do código  florestal na Câmara. Não carece de frisar que S.Excia. se reporta à primeira derrota parlamentar de Dilma Rousseff.
     A par disso, engata a sua arenga com a observação de que dos 78 deputados do PMDB, 76 estão no plenário, e para votar a favor do texto do deputado Paulo Piau (PMDB-MG).  
      Afastando, de pronto, qualquer semelhança do PMDB hodierno com o MDB de Ulysses Guimarães, e tendo presente o que afirmou o Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) na sua entrevista à revista VEJA, com relação ao PMDB – a que a direção do partido, com Michel Temer, preferiu responder com o silêncio dos cordeiros  -, qualquer pessoa com um mínimo de senso político há de perguntar-se não só o que significa essa inchada e imensa ‘base de apoio’, mas sobretudo e a fortiori como se insere o PMDB do senhor Alves no governo Dilma, a que tão óbvio gosto e mesmo prazer em referir-se com animus em geral reservado para partidos e administrações antagônicas.
       Não contente de votar contra o governo Dilma, o senhor Alves disso se jacta, em uma estranha relação de afeto (no sentido freudiano do termo) contra a mãe-gentil para a qual encaminha tantos quadros, pequenos e grandes, todos eles sedentos das oportunidades que o governo enseja.
      Assim, quando questões prioritárias se colocam para Dilma Rousseff e o seu amplo governo, como explicar – e já sequer me reporto aos votos porventura contrários – tanta envaidecida agressividade em jogar por terra o Governo de que, incessantes, reclamam atenções e sobretudo posições ?
      Não vou repetir a frase ‘que país é este ?’, mas sim perguntar o que me parece configurar o elefante na sala de visitas: que governo é este que convive com tais afrontosos absurdos ?  Foi pra isso que Lula coseu a grande, triunfante aliança, que levou à eleição de sua pupila ?



( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo )


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