Na Ucrânia
Semelha muito provável que a sentença de sete anos ditada por um dócil juiz seja a maneira encontrada pelo Presidente ucraniano – valendo-se das práticas usuais na região – para desvencilhar-se da determinada e popular rival.
A greve de fome se deve aos maus tratos inflingidos por guardas carcerários, quando Yulia se recusou a deixar a sua cela na sexta-feira passada, para submeter-se a um check-up.
O promotor da região de Kharkov, onde se localiza a prisão da ex-Primeiro Ministro, confirmou que os guardas a tinham retirado a força, mas que não havia prova de que tivesse sido batida.
Na terça-feira, deputados do partido ‘Pátria’ realizaram um sit-in no Parlamento, exigindo que deputados com prática médica fossem autorizados a visitar a senhora Timoshenko, para avaliar o seu estado de saúde.
Yulia se queixa, além de outros problemas de saúde, de severas dores nas costas. Sob pressão, as autoridades deram permissão para que receba tratamento médico em uma clínica de Kharkov (cidade industrial na Ucrânia oriental). A líder da oposição não indicou por quanto tempo pretende continuar a sua greve de fome, mas entende prosseguir “ com firmeza e com dignidade a despeito de tudo”.
A União Europeia tem aplicado sanções e formulado protestos acerca dos procedimentos do governo ucraniano, que muito se vão assemelhando aos do ditador Alexandr Lukashenko, da Bielo-Rússia. Diante do escândalo do tratamento dispensado à Yulia Timoshenko, a U.E. e o Ocidente deveriam tomar medidas mais enérgicas que tornassem mais onerosas para Viktor Yanukovich as suas tropelias e o despejado emprego da Justiça com escopo autoritário.
‘Legalização’ de
assentamentos de colonos
Dentro dessa marcha insana que busca apoderar-se da maior extensão possível de terra destinada para um Estado palestino, o Primeiro Ministro sofre a acrescida pressão dos colonos, que, inclusive, ameaçam com crise ministerial. Dada a sua postura pró-colonos, até o presente a coalizão encabeçada por Bibi Netanyahu tem evidenciado estabilidade pouco comum em Israel. O problema está nas repetidas concessões às invasões ilegais dos colonos, e a consequente deterioração nas relações com a Autoridade Palestina.
As negociações de paz foram interrompidas há mais de três anos justamente por causa dos assentamentos ilegais. Netanyahu, com questionável boa fé, diz que a questão dos assentamentos será resolvida pelas negociações de paz. Sem embargo, o que governo promete por um lado, inviabiliza por outro, eis que dá apoio por baixo do pano para que os colonos utilizem as suas ‘posições avançadas’ para apoderar-se de mais terra da margem ocidental. Para tanto, os industriosos colonos utilizam formações (‘clusters’) de casas e de casas móveis para aumentar sua presença no território palestino (sem contar os existentes 120 assentamentos ditos autorizados).
A ilegalidade da colonização israelense ignora as Convenções de Genebra, que proibem assentamentos de colonos em terras ocupadas (em função do conflito de l967). Atualmente, quinhentos mil judeus estão instalados nesse território.
Uma eventual solução para a questão palestina só poderá vir com o apoio estadunidense. Em ano eleitoral, no qual Barack Obama luta para lograr a reeleição, não se há de esperar que ele cometa harakiri político, adotando uma posição mais firme em relação às partes em litígio, sobretudo quanto à implementação das Resoluções do Conselho de Segurança, que asseguram os direitos da Palestina. Como sempre, qualquer apoio dos Estados Unidos que viabilize solução equânime para esse anoso problema só é concebível politicamente durante o segundo mandato do Presidente americano.
Se Obama souber negociar a travessia entre o rochedo de Scylla e o redemoinho de Charybdis, uma vez resolvido favoravelmente o desafio dos comícios de terça-feira, seis de novembro, ele poderá dispor de condições políticas de afinal encaminhar a Questão Palestina para uma solução aceitável para as Partes, e sobretudo para o sofrido Povo palestino. Muitos outros já tropeçaram neste caminho. Se Barack Hussein Obama enfim o conseguir, não será pequeno o passo, nem diminuto o seu papel histórico.
( Fonte: International Herald Tribune )
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