quarta-feira, 18 de abril de 2012

Notícias do Front (15)

                                 
O julgamento de Anders Behring Breivik


        Desperta alguma perplexidade o juízo do mega-homicida Breivik. A imprensa internacional reservou a primeira página para uma foto em quatro colunas da fisionomia arrogante de indivíduo de terno e gravata, com saudação de punho cerrado e braco estendido, na atitude de quem parece orgulhoso da espetáculo à sua volta.
       A atenção devida seria pela estúpida matança de 77 pessoas, a maior parte jovens na ilha de Utoya, onde a ala juvenil  do Partido Trabalhista tinha um acampamento de verão.
       Nessa antes tranquila democracia nórdica – que preferiria deixar para trás a tragédia do verão passado – acorreram ao juízo de Breivik, para cobrir os trabalhos da corte, centenas de jornalistas e de equipes de tevê, assim revivendo um drama que muitos desejariam obliterar da memória.
      De acordo com seu tipo,  Anders Breivik não brindou o público com expressões compungidas ou sequer crispadas. Perguntado pelo juiz, disse que não se considerava culpado, pois agira em ‘auto-defesa’. Conquanto reconheça a realidade dos atos perpetrados, ele nega qualquer responsabilidade com base na circunstância de estar protegendo a Noruega da imigração islâmica.
      As duas partes da operação do fantomático Movimento de Resistência Norueguesa,  de que se diz comandante, se compuseram da explosão de carro-bomba no centro de Oslo (oito mortos), e a hecatombe da ilha de Utoya (69 mortos). Apesar dos instantes e urgentes apelos telefônicos  – o próprio Anders telefonou para a Delta, a polícia especial, aparentemente disposto a render-se – incrivelmente, as forças de segurança levaram mais de hora para aparecer.
        Malgrado a gravidade de seus crimes, a pena máxima seria de 21 anos de cárcere, com a possibilidade de extensão, se ainda for considerado perigoso. Para variar, os relatórios psiquiátricos divergem. O primeiro, em novembro último, determinou que ele agiu como um esquizofrênico psicótico e paranóico, antes, durante e depois dos ataques. Já o segundo, de 10 de abril corrente, o diagnosticou como são de mente, se bem que acometido pela desordem comportamental  de personalidade narcisista.
        Pelo visto, nem a Justiça, pelo código penal, nem a psiquiatria na plácida e pequena Noruega estão preparadas para lidar com o desafio colocado por indivíduos como Anders Behring Breivik.     

Afinal a  Campanha Obama x  Romney ?       

        Embora as primárias do Partido Republicano hão de cumprir o calendário, os seus resultados não mais deverão influenciar a chapa a ser ultimada na Convenção de Tampa, na Flórida. Salvo acontecimentos imprevisíveis, como uma enorme gafe, ou revelações devastadoras, não mais se computam contestações reais ao pré-candidato dianteiro nas pesquisas, i.e., o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney. Ficariam ainda formalmente na disputa Newt Gingrich e Ron Paul. Se o pré-candidato libertário e deputado pelo Texas Ron Paul não ganhou até agora nenhuma primária, a par de ter o menor número de delegados,  nada disso deverá impedi-lo de continuar como uma sombra até a Convenção, supostamente para obter algumas concessões na plataforma do G.O.P. Quanto ao ex-Speaker Gingrich, o mais provável é que renuncie.
        Diante disso, a campanha de Mitt Romney entra em nova fase, há muito aguardada pelos seus correligionários. Para tanto Encruzilhadas Americanas, a mega-organização de propaganda do pré-candidato, com duzentos milhões de dólares em caixa, pretende iniciar os ataques na mídia contra o Presidente Obama no periodo de maio a julho.
         Essa fase é julgada crítica para afastar aqueles que ainda pretendam votar em Barack Obama. Realizada antes da época de ferias no verão boreal. As suas pesquisas determinaram que o Presidente é visto favoravelmente pelo eleitorado, posto que se façam restrições ao seu manejo da economia. Tencionam, por isso, valer-se dessa relativa insatisfação do eleitor com Obama, para bombardear a imagem do candidato à reeleição. Denegrindo a atuação econômica de Obama, almejam apresentar o programa de Romney para a economia.Para isso, ele tem já a assessoria do deputado Paul Ryan, autor do projeto de orçamento da União,denominado de fraudulento pelo Nobel Paul Krugman, e que se desenvolve dentro da linha republicana de tirar dos pobres para dar aos ricos.
          Por enquanto, o presidente Obama tem vantagem tanto nos fundos, quanto nas pesquisas. Quanto a dinheiro, no entanto,as ‘Super-PACs’ (comitês de ação política) viabilizados pela sentença da Suprema Corte Citizens United (Cidadãos Unidos) poderão gastá-lo na prática sem limite em apoio aos respectivos candidatos. Também é do conhecimento público que em geral o candidato republicano não sofre de falta de recursos financeiros.
         Para ambos os quartéis-generais, há doze estados (swing states) em que se concentrará a luta eleitoral:Colorado, Flórida, Iowa, Michigan, Nevada, New Hampshire, New Mexico, North Carolina, Ohio, Pennsylvania, Virginia e Wisconsin. Consoante agentes de Romney a batalha do pleito poderia concentrar-se em quatro estados: Colorado, Nevada, Ohio e Virginia. Como se sabe há os estados azuis (em geral votam democrata) e os vermelhos (votam em republicano). Há de ver-se que as cores políticas nos Estados Unidos costumam diferir de sua aplicação para os demais países, eis que sobretudo o vermelho tende a ser a cor da esquerda.  Nisso não há surpresa, quanto a essa discrepância no significado das cores. Não é que o Império continua a privilegiar o sistema de milhas e pés, para as distâncias, e libras e onças  para os pesos. O sistema métrico, vigente em todo o planeta, lá ainda não pegou...



( Fonte: International Herald Tribune )


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