Fang Lizhi, o respeitado intelectual e astrofísico chinês, morreu nesta sexta-feira, seis de abril. Tinha 76 anos, e a causa mortis não foi revelada. Professor universitário, Fang fora o primeiro vice-reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia em Hefei, na província de Anhui. Nesse centro de estudo, um dos mais avançados na China, ele se notabilizara pela militância democrática.
Por inspirar e motivar uma geração de estudantes no caminho das aspirações de democracia e direitos humanos, Fang Lizhi foi demitido das funções na universidade, e expulso do Partido Comunista, em 1987.Em função de seu continuado empenho, Fang foi um dos três intelectuais de nomeada criticados publicamente na ‘campanha contra a liberalização antiburguesa’. Já em 1989, escreveu carta aberta a Deng Xiaoping, reivindicando a liberdade para os prisioneiros políticos chineses.
Depois do massacre de Tiananmen, Fang e sua mulher Li Shuxian se asilaram na Embaixada dos Estados Unidos em Beijing. Um ano depois, tiveram autorização para deixar a China. Após curta estada no Reino Unido, Fang e esposa lograram refúgio nos Estados Unidos.
No seu exílio americano, viveu em Tucson. Aí pode continuar estudos e pesquisas na Universidade do Arizona.
Recentemente, em 2011, Fang Lizhi contribuiu com artigos publicados pela New York Review, em que discorreu sobre a sua suposta ‘confissão’ e quem era o verdadeiro Deng Xiaoping,
O discípulo Wang Dan registrou o óbito de Fang em Facebook. No necrológio a respeito do mestre, Wang, por seu lado líder estudantil proeminente nos protestos de Tiananmen, assinalou: ‘mais cedo ou mais tarde, raiará o dia em que a China terá orgulho de Fang Lizhi’.
Por ser cristão caldaico, Tariq Aziz tinha um teto de vidro para a sua ascensão política. Dado o seu traquejo e conhecimento, era respeitado por Sadam. Hoje, por motivos obscuros, que tem claro odor de perseguição política, Tariq esta no corredor da morte da prisão de Bagdá.
Tampouco contribui decerto para fomentar o entendimento e a concórdia entre a maioria xiita e a minoria sunita o mandato de captura do primeiro vice-presidente do Iraque, Tariq al-Hashemi. O Primeiro Ministro Nuri Kamal al-Maliki está pessoalmente empenhado no assunto, sob a alegação de al-Hashemi usar os respectivos guarda-costas como esquadrão da morte. Os dignitários xiitas estão frustrados que a iniciativa do Premier al-Maliki não foi adiante. Acusado de terrorismo, o primeiro vice-presidente sunita se refugiou na região semi-autônoma do Kurdistão iraquiano.
Agora, em viagem caracterizada por seu gabinete como missão diplomática, Tariq al-Hashimi viajou para o Qatar, onde será recebido pelo emir e o primeiro ministro. Indicou-se, outrossim, que a viagem se estenderá a outros países, estando previsto mais tarde o regresso ao Iraque.
A atitude belicosa do gabinete do primeiro ministro – e homem forte – do Iraque foi expressa pelo seu assessor Ali al-Moussawi : ‘ele está proibido de viajar. Isto é uma violação. E recebê-lo no Qatar é outra violação’. Moussawi tentou inclusive acionar a Interpol.
Al-Maliki e a liderança política xiita procurou utilizar a reunião de cúpula da Liga Árabe, como oportunidade para apresentar o Iraque atual como um país estável e em pleno funcionamento. Há, no entanto, um vício redibitório na sua alegada política de boas relações com os vizinhos sunitas.
O Qatar não entende como Bagdá pretenda a aproximação com os países sunitas, concomitantemente com um mandato de prisão contra o seu vice-presidente sunita.
Por isso, o emirado se fez representar na cimeira por representação de baixo nível diplomático. Além disso, o primeiro-ministro do Qatar disse tratar-se de mensagem para os líderes xiitas de Bagdá, motivada pelo crescente sectarismo do estamento iraquiano dominante e a consequente perda de liberdades políticas pela minoria sunita.
Como o estagiário não obedecesse à ordem – estava na distância autorizada -, o presidente do STJ, aos berros, o demitiu incontinenti de seu emprego. O processo contra Ari Pargendler, por agressão verbal, foi remetido por delegacia de Luziânia para o Supremo Tribunal Federal. Nada mais se soube do dito processo desde então.
Apesar de ser já bastante avultado, há quem pretenda dobrar o número de ministros lotados nesse Superior Tribunal. Não é solução aceita por todos. Tal inchação foi oportunamente contestada por um dos ministros de maior nomeada dessa corte.
Além da mais recente, há outras decisões do Superior Tribunal de Justiça que despertaram espécie. Como uma generosa anulação de gravações da Polícia Federal, o que tornou, na prática, írrita uma ação movida contra Fernando Sarney.
Agora, novamente sentença do STJ repercute desfavoravelmente na opinião pública, chegando a colher observações negativas no exterior.
Com o passar do tempo, Miriam Leitão tem crescido no meu conceito. Em boa hora, a sua coluna em O Globo atravessou os limites dos temas econômicos, que é a sua especialidade. Com saber aprimorado por vivência e experiência, em boa hora ela vai além da risca de giz das injunções funcionais.
Como no caso dessa esdrúxula sentença da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, que absolveu homem acusado de estupro de três meninas de doze anos com o argumento que elas se ‘prostituíam’. Que Miriam Leitão chame de ‘asqueroso’ esse ato de absolvição, pode parecer excessivo a muitos que se escondem atrás do usual juridiquês. Sem embargo, é a qualificação justa e adequada. Importa agora que esta obnóxia sentença seja revogada, com não-judiciária presteza.
É com similar satisfação que a vejo condenar, no dia do jornalista, posição do Brasil, quando o Itamaraty, na prática, forçou o adiamento de plano de ação das Nações Unidas, contra mortes de jornalistas. Como os leitores terão presente, já me reportara ao assunto no blog Notícias do Front (13), de dois de abril corrente.
A Sentença contra o Traficante Viktor Bout
Bout tinha sido detido por agentes disfarçados (undercover) da DEA[1], na Tailândia, em março de 2008, quando o fizeram crer serem adquirentes de milhões de dólares em equipamento militar, inclusive os AK-47, mísseis e aviões ultra-leve.
As autoridades da Federação Russa expressaram o seu protesto desde o início do caso. Agora, em declaração oficial, o Ministério do Exterior russo assevera: ‘O sistema judiciário americano, claramente no cumprimento de ordem política, ignora os argumentos dos advogados e múltiplas apelações de diferentes círculos feitas em defesa deste cidadão russo’.
Com a advertência de que essa sentença poderia ser obstáculo para as relações entre Moscou e Washington, a declaração assinala que ‘muito antes da sentença contra Bout ser conhecida, o governo o cognominou como mercador da morte e, na prática, um terrorista internacional. A campanha difamatória desencadeada pela mídia americana teria o escopo de influenciar o júri e o julgamento na ‘requisitada direção’ (needed direction).
Não faz muito o pré-candidato Mitt Romney, acicatado por uma suposta indiscrição de Obama (o caso do microfone deixado ligado), não trepidara em qualificar a Rússia como o inimigo geopolítico no. 1 dos Estados Unidos. Será que esta questão judiciária menor virá em ajuda do açodamento oposicionista do aspirante candidato, trazendo algumas aspersões da antiga atmosfera da guerra fria, que semelha persistir na superficial visão diplomática do ex-governador de Massachusetts ?
Surge nova Oposição em Israel ?
Até o presente, todos os desenvolvimentos na política israelense apontam para o predomínio da direita, não só com o Likud do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, mas também com o partido de Avigdor Liberman, Yisrael Beiteinu, que tem a terceira bancada do Knesset (parlamento israelense) e do próprio Trabalhista, de Ehud Barak (que integra o gabinete como Ministro da Defesa e apóia muitas de suas posições objetivamente de direita).
A surpreendente inflexão para a esquerda aparece no partido Kadima. Com a derrota no seu congresso de sua lider Tzipi Livni, assume a presidência partidária Shaul Mofaz. Ao invés das posições anteriores do Kadima, Mofaz apresenta plataforma que no passado seria vista como de esquerda. A sua motivação em preconizar a mudança de atitude é pragmática. Após afirmar que sucederá a Netanyahu e não pretende – como é usança em Israel – associar-se a seu governo. Segundo Shaul Mofaz ‘o maior perigo para o estado de Israel não é o Irã nuclear, mas sim que, em trinta ou cinquenta anos,Israel torne-se um estado bi-nacional. Desse modo, está no interesse de Israel que seja criado um estado palestino.’
Mofaz disse que a aliança de Israel com Washington foi a sua grande vantagem (asset) estratégica, e que é necessário alinhar mais a política de Israel com a de Washington. Segundo o novo dirigente do Kadima, Netanyahu tem falado demais sobre o Irã. Se no devido tempo se verifique que sómente um ataque pode deter o programa nuclear iraniano e se ‘malgrado tudo (God forbid) o presidente estadunidense decide não atacar o Irã, Mofaz declara que apoiará a ação de Netanyahu. Mas ele não espera que isto aconteça. O mais interessante no caso é que Mofaz nasceu em Teerã, e veio com sua família com nove anos de idade (hoje tem 63) para Israel.
Atendido o passado de Shaul Mofaz, sua correção e capacidade de vencer o preconceito contra os judeus oriundos do Médio Oriente, não só os leitores do Haaretz admitem suas perspectivas de progressão política.
Para ele existe interesse dos israelenses em discutir a paz com os palestinos. Se tal semelha ir contra a corrente, Mofaz afirma que começaria com um estado palestino interino de sessenta por cento da margem ocidental, com vistas ‘a negociar o resto’.
Consoante o chefe do Kadima, Israel deve manter os seus assentamentos de colonos, mas dar aos Palestinos cem por cento de suas exigências territoriais, através da troca de terras. Acredita, outrossim, que os limites e a segurança podem ser negociados em um ano, e que dezenas de milhares de colonos deixarão as suas casas mediante os incentivos adequados. Serão passíveis de expulsão, apenas os intransigentes que resolverem permanecer apesar de tudo. Dessarte, Israel poderia destinar os recursos hoje gastos com os assentamentos de colonos no atendimento de suas grandes necessidades sócio-econômicas.
Israel é um país que, pelo autismo de sua política, hoje parece confinado a sua aliança com o seu único protetor, os Estados Unidos da América. O aparecimento, na cena política, de Shaul Mofaz pode indicar um novo caminho para a política israelense. Defender tais ideias e um ideal de coexistência com o vizinho palestino é um propósito que pode avançar, mas não está livre dos previsíveis riscos e da violência que, com sua terrível cabeça de hidra, irrompeu nas últimas décadas na democracia israelense.
Como possível portador de boas novas, a caminhada de Shaul Mofaz deve ser acompanhada com interesse e votos de que possa tornar menos impossíveis os seus desígnios, cercado que está pela intolerância e a eficaz obtusidade de seus adversários da direita.
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