terça-feira, 3 de abril de 2012

CIDADE NUA V

O  Espelho  Mágico  (18)



       E agora José ?

                                                 *      *

        A alternativa era simples. Segundo a mulher lhe dissera, se se visse num espelho, o encanto se desfaria. Será que julgava preferível voltar para a vidinha anterior, os papos no botequim com os seus cupinchas, e esquecer a janela que se abrira ? Porque o esquema tinha um defeito insanável. A sua transformação só valia para a moça enfeitiçada. Para todas as demais pessoas ele aparecia com a idade e o aspecto que tinha. Em outras palavras, um senhor para todos exceto a jovem ou menos jovem que estivesse sob as suas vistas.
        A solução só funcionava para mulheres sozinhas, sem amizades e sem parentes...
        Como foi o caso da Graça, de passagem pelo Rio, mas residente em New York...
        Aquele dom representava, na verdade, receita de solidão a dois. Ora, qualquer pessoa tem um círculo de relações, gente com quem costuma sair, fazer programas...  Assim, como mantê-la em espécie de cristaleira, agindo de forma a evitar qualquer contato, até mesmo ocasional, com quem quer que seja ? Não precisava pensar muito na hipótese, para que logo se convencesse de uma situação inarredável. Se se interessasse por  moça normal, radicada no Rio de Janeiro, a perspectiva de retê-la em relação mais duradoura tendia para zero. Só podia pensar em aventuras, o que tornava a coisa mais do que complicada, cansativa. Será que valeria a pena ?

                                                 *      *

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