Na Terra das Tradições
Enfiada em página interna de jornal, a nota tem mais importância pelo caráter simbólico – posto que negativo – do que pelo conteúdo. Na verdade, como anuncia que mais uma tradição está sendo descontinuada há um laivo melancólico nas suas discretas linhas.
As tradições da velha Inglaterra podem ser vistas sob dois ângulos: do aspecto pitoresco, que é aquele superficial e que mais atrai as atenções; e, em um prisma menos óbvio, no que tange ao próprio significado.
Se a Humanidade deve aos gregos atenienses a democracia, a civilização ocidental está obrigada aos ingleses pelas primeiras conquistas da liberdade nos tempos modernos, arrancadas ainda à primazia régia nos anos sombrios da Idade Média.
Além do Parlamento, lá encontramos os primeiros avatares de instituição judiciária menos dependente do arbítrio dos autocratas. Dessarte, a Câmara dos Lords funcionou desde 1399 como corte de justiça. Anteriormente, o plenário do Parlamento desempenhara tal função.
Desde 1876, a Câmara dos Lords operava, separadamente, como órgão legislativo e judicial. Tais funções, no entanto, não se realizavam em locais distintos. Os doze chamados ‘Law Lords’ (Lords do Direito) se reuniam também nas dependências da Câmara alta inglesa, para ouvir e pronunciar as sentenças de o que era o supremo órgão da justiça no Reino Unido.
Após a última quinta-feira, 30 de julho, esta tradição terminou. A competência do juízo passa para uma Suprema Corte, que se instala a 1º de outubro vindouro.
Na terra das tradições, mais uma se vai. São 600 anos de história que terminam, para que a velha Albion vá ficando cada vez mais parecida com os demais países.
A Cimeira da Cerveja
Apesar do título pomposo, na concepção do Presidente Barack Obama o encontro em mesa de jardim da Casa Branca não seria mais do que simples reunião de cavalheiros.
No entanto, o peso da ocasião não escapou aos dois protagonistas de o que constituíu a primeira questão racial da Administração Obama. Enquanto Presidente e seu Vice estavam em mangas de camisa, o professor negro Henry Gates Jr. e o policial Sargento James Crowley compareceram engravatados e de terno.
Se a informalidade – que é uma das características do 44º presidente dos Estados Unidos – se fazia de certa maneira presente, os dois convidados concordaram em discordar sobre uma questão especial.
Talvez a vinheta mais indicativa das tensões que a cordialidade apenas dissimulava, esteja na frase do professor Gates: ‘Quando ele não está prendendo você, o Sargento Crowley é realmente um cara simpático’.
Na Democracia do Caudilho Hugo Chávez
Se há coisa que irrita o líder autoritário, é imprensa independente. Tais órgãos de comunicação têm, para o señor presidente Chávez, o hábito condenável de gritar verdades e de atrever-se a contestar a sagrada versão oficial da realidade.
Não cessam as tribulações para a cadeia televisiva Globovisión. Na domesticada justiça daquelas paragens, não se concede aos juízes senão a liberdade de concordar com as posições do regime. Veja-se, a propósito, o que sucedeu com uma juíza, que ousou expressar opinião sua autônoma.
Agora, a assembleia discutirá lei que penaliza opiniões da mídia eventualmente consideradas prejudiciais ao Estado.
Como se vê, os espaços da liberdade se vão apequenando na Venezuela.
E, por oportuno, me lembro de que existe, sob a chancela da OEA, uma Carta Democrática.
Mas logo este pensamento me foge, eis que, em sendo da OEA, o coronel Chávez tem razões para a sua tranquilidade. Deste mato não sairá coelho.
sábado, 1 de agosto de 2009
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