Amanhã, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal será talvez escrita página importante da história da campanha presidencial de 2010. A pouco menos de catorze meses da abertura dos comícios que decidirão sobre quem tomará posse a 1º de janeiro de 2011, para mandato de quatro anos a cargo dos destinos do Brasil, lá prestará depoimento mulher que, sem ser candidata ou pretender sê-lo, poderá determinar a sorte daquela que foi escolhida pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para eventualmente sucedê-lo.
O jornalista Ricardo Noblat, na sua coluna de hoje em O Globo, descreve em minúcias de informados detalhes, o quadro que circunda essa acareação virtual, eis que, mesmo não estando fisicamente presente, Dilma Rousseff o estará em metafórica efígie no salão da CCJ. As palavras de Lina Vieira, ex-Secretária da Receita Federal, em essência já são conhecidas, mas não é de excluir-se que de alguma ulterior pergunta possa sair traço ou informação não prevista.
Assim, a menos de desenvolvimento ora não computado, Lina Vieira continuará na sua jornada, a relatar de experiência digamos extra-curricular, que terá ou não a ver com a respectiva demissão pelo Ministro Guido Mantega.
Um dos pontos cruciais do episódio terá sido a forma maximalista com que reagiu a Ministra-Chefe da Casa Civil. Há a respeito não pequena perplexidade dos comentaristas, visto que Dilma Rousseff não carecia de negar a própria existência da entrevista. Aparentemente, o seu interesse se deveria cingir ao desmentido do objeto do encontro por ela supostamente convocado.
Se se limitasse a tal prisma, a questão pareceria ficar de mais fácil solução, na medida em que a dúvida só permaneceria quanto ao sentido da determinação da Ministra: ‘agilizar as investigações’ é expressão em que caberia folgadamente mais de uma interpretação.
O endurecimento na negativa tende, por conseguinte, a suscitar outras dificuldades para Dilma Rousseff. Como apropriadamente aduz Noblat, ninguém entra no Palácio do Planalto sem, de alguma forma, ser identificado. Se a versão da Ministra é a verdadeira, por que então o silêncio do governo, não corroborando as suas peremptórias declarações, com a determinante indicação factual de que Lina Vieira não esteve no Palácio ?
A especulação política não pára aí.
Se a atitude da Ministra provoca perplexidade, diante do aparente contrassenso da negação absoluta não só do propósito, senão da realidade da entrevista, se esgueira na mente do observador a indagação se não existiria outro tópico, que pela sua gravidade ou delicadeza, terá induzido a opção de rejeitar in totum a própria existência do encontro entre a Chefe da Casa Civil e a Secretária da Receita Federal ?
Dizem que mentira tem pernas curtas, e que a verdade tende a mostrar-se mais cedo ou mais tarde.
Nesse momento, porém, essas considerações se acham ligadas a uma circunstância maior.
Fala-se no apagão de Dilma Rousseff. Parafraseando Mark Twain, seria um exagero anunciar a morte política da candidata. Não o é, contudo, afirmá-lo que do desenlace desta crise, e de como evolverá o embate entre duas mulheres de caráter forte, se escreverá página relevante para as perspectivas da candidatura oficial ao Palácio do Planalto.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário