A missão do ex-presidente Bill Clinton à República Democrática Popular da Coreia surpreendeu o mundo. Agora que a liberação das duas jornalistas Laura Ling e Euna Lee foi obtida de Kim Jong Il, e que ambas, na companhia de Clinton, viajam para Los Angeles, os detalhes sobre a preparação da viagem, assim como os antecedentes da Administração Clinton com o regime de Kim, mostram que o recurso aos bons ofícios do ex-presidente não podia ser descartado. Com efeito, ex-post facto, tal se apresenta como opção bastante provável.
A Secretária de Estado, Hillary Clinton, e a Administração Obama vinham tentando agilizar solução para o problema. As duas jornalistas, como se sabe, haviam sido detidas por soldados norte-coreanos, a dezessete de março último, em área próxima da fronteira com a China. Condenadas a doze anos de trabalhos forçados, tanto as famílias de Ling e Lee, quanto a Administração não tinham esmorecido em seus esforços pela solução da questão.
Dessarte, telefonema das duas jornalistas aos familiares, indicando que a anístia poderia ser concedida, no caso de missão de enviado de alto nível, ativou processo diplomático com o apelo do ex-vice-presidente Al Gore, presidente de Current Media (o empregador de Laura Ling e Euna Lee) ao ex-presidente Bill Clinton, no sentido de que se dispusesse a viajar para Pyongyang. A essa solicitação, se juntaram os pedidos dos familiares.
Semelha óbvio que a referida missão só se realizou depois da obtenção do placet da Administração Obama. A tal respeito, as eventuais arestas foram contornadas e o indispensável apoio recebido através da intermediação da Secretária de Estado.
Para tanto, Bill Clinton dispunha de vantagens não-negligenciáveis. Em dezembro de 2000, nos últimos dias de sua Administração, Clinton considerara seriamente viagem à capital da Coreia do Norte, para ultimar acordo sobre mísseis. Diante de possibilidade de malogro, visto que o documento ainda não estivesse acertado, o presidente preferiu,contudo, não levar a cabo a viagem.
Não obstante, pela missão da então Secretária de Estado Madeleine Albright, em outubro de 2000, as relações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte tinham melhorado, e só viriam a de novo deteriorar-se com a Administração de Bush júnior.
Assim, posto que a missão de Bill Clinton à República Democrática Popular da Coreia haja sido definida como estritamente particular e de cunho humanitário, a ninguém iludirá a sua inegável carga política.
Bill Clinton teve como principal acompanhante John Podesta, o seu último chefe de gabinete, e que é atualmente assessor informal da Administração Obama. Dentre os demais assessores que participaram da missão está Douglas Band, um velho colaborador seu.
Acolhido no aeroporto por altos funcionários do regime, inclusive o principal negociador do acordo nuclear, Kim Kye-gwan, o presidente Bill Clinton foi, em seguida, recebido por Kim Jong Il, em entrevista que teve a duração de três horas e quinze minutos.
Conquanto se discuta se a pronta libertação das duas jornalistas sino-americanas terá sido precedido por um pedido de desculpas – não admitido de parte estadunidense -, semelha inegável que o ex-presidente e Kim não terão dedicado a maior parte do encontro à discussão do episódio da prisão de Laura Ling e Euna Lee.
Não se pode excluir que, com as fotos da audiência e o feliz retorno, as questões entre os Estados Unidos da América e a República Democrática Popular da Coreia estejam outra vez encaminhadas, ora em clima algo desanuviado, para as discussões diplomáticas, não excluída a possível retomada das reuniões no quadro do acordo hexapartite. (Fontes: International Herald Tribune e CNN)
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
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