Em meio ao discurso, que matreiramente José Sarney empurrara para o fim da tarde, o Senador Eduardo Suplicy exibiu da tribuna enorme cartão vermelho para o escândalo de permanecer na curul da presidência do Senado quem não tem mais condições políticas de exercer tais funções.
Como definir o gesto do Senador por São Paulo ? Uma jogada de marketing, nas palavras do aparte do Senador Heráclito Fortes (DEM-PI) ? Um gesto de oportunismo político, ainda por cima contrário à posição do PT, como terá pensado o presidente Ricardo Berzoini que grosseiramente recusou o cumprimento de Suplicy, na cerimônia oficialista do lançamento da candidatura de José Eduardo Dutra à presidência do Partido dos Trabalhadores ? Algo incompreensível, à luz das declarações da Senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que, se dirigindo aos “envergonhados que saíram do partido”, afirmou ter orgulho da “ética petista” ?
O Senador Suplicy decerto não escondia o próprio nervosismo, que transparecia em ocasional dificuldade de articular pensamentos. Heráclito Fortes, que o contraditou do plenário em defesa do ausente Sarney, confirma de resto a impressão : “Nunca o vi tão nervoso.”
Em assembleia já meio esvaziada, pelo avanço da hora, ele receberia o elogio de Cristovam Buarque (PDT-DF): “O senhor conseguiu um símbolo de luta. Imagino, a partir de amanhã, as pessoas no Brasil inteiro carregando cartões vermelhos, graças à sua genialidade, senador Suplicy.”
E, na verdade, Suplicy pode parecer sozinho, naquela ampla sala, que a crise do Senado e, ultimamente, a falta de qualquer sensibilidade do Senador José Sarney em apegar-se pateticamente ao cargo, tem projetado, por meio da televisão, nas salas de estar das famílias brasileiras !
Restará, no entanto, alguma dúvida de que esta alegada solidão reflete apenas a circunstância de que o Senador Eduardo Suplicy aí se encontra em ambiente que pouco tem a ver com a realidade brasileira ?
Em se falando de ética, restará acaso alguma dúvida da pessoa que realmente expressa este modo de conduta ? O que significa, a propósito, o despautério de uma ‘ética petista’ no dizer da representante de Santa Catarina ? Confundir ordens do patrão, impostas por motivos tristemente confessáveis, que vão ao arrepio das verdadeiras conveniências morais e éticas da Nação, nada mais é que baixar a cabeça na obediência da manada, por não ter a intemerata coragem de repudiar os ditames do poderoso de turno !
Ao exibir o cartão vermelho, Suplicy é o vetor de um movimento nacional. Representa não só 75% da opinião pública, que clama por se ver livre do velho oligarca do Maranhão. Neste gesto que expulsa de campo o elemento indesejável, por um comportamento avesso às normas, o povo brasileiro distinguirá igualmente a advertência para muitos outros, que persistem em sustentar alguém, cuja continuada presença se transformou no empecilho à superação da crise.
São homens e mulheres hoje poderosos. Encastelados no poder, pensam que tudo lhes é permitido.
O cartão vermelho do Senador Suplicy também se volta para eles e elas. A claque dos oportunistas pode enganá-los, na sua falsa efusão.
Senador Suplicy vá em frente, porque, ao contrário do que pensam, são eles que não são eternos.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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Um comentário:
Se Suplicy fosse juiz de futebol marcaria penalty meia hora depois da falta. É desanimador ver a demagogia corroendo o que sobra do Congresso, mas nunca esperei nada do Suplicy – deveria dedicar-se (mais) ao Bob Dylan.
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