terça-feira, 2 de abril de 2019

Retirada a imunidade de Juan Guaidó


                                

       O Tribunal Supremo de Justiça, da Venezuela, controlado pelo chavismo, e já famigerado pelas repetidas sentenças contra a democracia e seus defensores, retirou ontem  a imunidade parlamentar do líder da Oposição, Juan Guaidó.
       Apesar da desmoralização do TSJ, como instrumento servil da ditadura chavista,  tal decisão é de suma gravidade, no que tange à radicalização das ações da ditadura de Nicolas Maduro, na sua tentativa de intimidação do Povo e da sociedade venezuelana.
        Nesse contexto, tal decisão do TSJ  abre caminho para que o presidente da Assembleia Nacional - que se declarara em janeiro último presidente interino do país, venha a ser preso. Assinale-se a respeito que o presidente do TSJ, Maikel Moreno, também bloqueou os bens do deputado e reiterou sua proibição de deixar o país.
          A Corte tomara tal decisão ao considerar que o deputado e chefe da Assembleia Nacional, reconhecido como Chefe de Estado interino por mais de cinquenta países,infringira uma proibição de saída do país que lhe havia sido imposta em 29 de janeiro p.p. Naquele dia,o TSJ abrira investigação contra Guaidó por "usurpar" as funções do Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro.
            Guaidó saíra do país em fevereiro último e retornara em 4 de março, procedente da Colômbia, desembarcando no aeroporto internacional de Maiquetia, em Caracas.  Nessa oportunidade, o congressista fizera visita a diversos países da região, após o fracasso, em 23 de fevereiro,  de sua tentativa de fazer entrar na Venezuela doações de alimentos e medicamentos, enviados pelos Estados Unidos.
             Tal decisão, ontem anunciada pelo TSJ, é a última de uma série de medidas contra Guaidó e seu entorno, que começara há duas semanas atrás, após  a Russia ampliar seu apoio ao regime de Maduro, até mesmo com o envio de pessoal militar e equipamentos.  O chavismo vinha hesitando em agir contra o líder opositor, após receber ameaças explícitas dos EUA de retaliações, caso algo ocorresse  com Guaidó.
              A primeira ação  chavista contra Guaidó foi a prisão de seu chefe de gabinete, Roberto Marrero, em março. Na sequência, segundo a esposa do opositor, Fabiana Rosales, parentes do deputado passaram a ser hostilizados por elementos chavistas.
              Na semana passada, a Controladoria-Geral da Venezuela, obviamente também alinhada ao regime,  suspendeu os direitos políticos  de Juan Guaidó por quinze anos.
                Como se verifica pela citada reação contrária ao presidente interino da Venezuela dos órgãos chavistas, obviamente industriados e manipulados pelo regime,tudo indica esteja em curso uma ação de acosso de reação do regime de Maduro contra Guaidó. Corresponde decerto a planejamento do chavismo, e se insere em um incrementalismo que desperta preocupação.
                  Resta saber se Trump e os Estados Unidos terão algo na gaveta com vistas às ações de reação, a serem tomadas de parte do atual presidente interino da Venezuela, ou dos poderes que o aclamaram como presidente interino.   Verificado no seu contexto, parece bastante difícil que a situação atual - que difere marcadamente da passividade do chavismo na fase inicial das ações de Juan Guaidó - não venha a radicalizar-se.

( Fonte: O Estado de S. Paulo  )

Nenhum comentário: