sexta-feira, 10 de junho de 2011

O Modelo Dilma

           Se for confirmada a nomeação da Ministra da Pesca, a ex-Senadora Ideli Salvatti, para o lugar do prestigiado Luiz Sérgio (PT-RJ) como Ministro de Relações Institucionais, impõem-se uma conclusão e um prognóstico.
           A conclusão é a de que a Presidente Dilma Rousseff terá gostado muito de sua escolha da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) como Ministra-Chefa da Casa Civil. Apesar de a nova Ministra negar a símile com o trator, seu comportamento pregresso tende a mostrar quanto a novel gestora das demais pastas se assemelha com o paradigma da antiga auxiliar direta do Presidente Lula.
           E é por achar ótimo o modelo que Dilma dá muitas indicações de que reincidirá, designando para a pasta política da Relações Institucionais Idele Salvatti, de temperamento similar ao da Presidenta e de sua recém-nomeada Ministra gestora.
           Essa iniciativa de Dilma Rousseff, que solda em torno dela uma espécie de núcleo duro, semelha explicitar dois fatos novos: a ‘tutela’ do ex-presidente Lula pelo menos já não seria permanente, sem prejuízo, no entanto, de que Dilma resolva in extremis recorrer a tal auxílio; e a substituição do modelo Palocci-Luiz Sérgio, nas relações com o Congresso, por um oposto.
           Mutatis mutandis, substitui-se o paradigma da composição pelo da imposição. Continua a falta de consultas, o que é evidência de uma postura que, além mesmo de acenos de contatos políticos, quer demonstrar a inutilidade de qualquer atenção ou mesura ao poder legislativo.
           As relações com o Congresso são o calcanhar de Aquiles da democracia brasileira. Por falta de reforma política, a nossa representação congressual pode levar a maiorias inchadas como a atual, porém isso não será garantia de aprovação de legislações julgadas importantes pelo Poder Executivo. A recente derrota do Governo no episódio do Código Florestal e da ‘emenda da vergonha’ disso constituem prova irrespondível.
           Além de autêntica reforma – que os presidentes parecem não querer, pela sua falta de ação em capítulo – existem outros meios de dispor de maiorias confiáveis no Congresso. A experiência demonstra, contudo, que as saídas heterodoxas constituem receita de desastre.
           Nesses termos, resta a alternativa da conversa e da habilidade política. Não é a melhor de todas, mas seria a única que, com todos os seus defeitos, funcionaria dentro das atuais condicionantes.
           Ora, seria então, nas palavras de correligionário petista, ‘colocar um elefante bravo para cuidar de uma loja de porcelana’ a melhor solução ?


( Fonte: O Globo )

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