domingo, 16 de agosto de 2009

Antítese Dominical

Desse mundo turvo da política brasileira, em que assistimos, consternados e perplexos, se pavonearam pelo plenário de Senado que se afunda nos próprios malfeitos grotescas figuras, podemos retirar talvez mais de um dado que nos anime a acreditar em luz de esperança.
A nova pesquisa de Datafolha mostra que 74% dos consultados querem o afastamento de José Sarney da presidência do Senado.
Sob diversos aspectos, este é dado muito importante. De início, põe a nu o quanto se afasta do sentir popular o seu mais interessado e obstinado defensor. Também vão pelo ralo os insolentes arreganhos e as desavergonhadas manobras do grupelho de que é cabecilha Renan Calheiros,a quem confiou a sua declinante sorte o oligarca de Maranhão e Amapá.
Será que depois de confirmarem a indignação da opinião pública que tais 74% traduzem, a bancada do PT no Senado continuará acuada e timorata ? Se mais precisasse para retomar antigos brios, que outra mensagem podem retirar desses dois terços do eleitorado, quando batem à porta os comícios de outubro de 2010 ?
Que sombra tortuosa e mofina há de projetar o líder Aloizio Mercadante, se não cresce diante do desafio e se se deixa diminuir por quem já possui interesses maiores do que os da imagem de seu partido ?
A relevância da pesquisa de Datafolha ao tornar irrefutável o repúdio da sociedade à permanência de José Sarney na curul do Senado, igualmente afasta um argumento de laivos fascistóides que procura desmerecer dos clamores da opinião pública veiculados pelos órgãos de comunicação, como se mais não fossem expressões da opinião publicada.
Nessa postura, se nos depara uma grei em que se congregam elementos díspares, como aqueles representantes, votados ou não, que da opinião pública se lixam, e analistas do mundo político, que por outras sendas chegam a conclusões similares.
A rejeição do Congresso – 44% o consideram péssimo – toca uma campainha que não deve soar em vão. Falto de outros meios, que não se esqueça o eleitor de melhor escolher no ano próximo. A reforma política – para livrar-nos dessa profusão de legendas de aluguel, entre outras coisas - não surgirá por acaso.
Falando na fortuna, é hora igualmente de termos presente que nem tudo se afigura deprimente no horizonte da política.
A candidatura da Senadora Marina Silva pelo Partido Verde é um desenvolvimento inesperado e sem dúvida promissor. Pelo que representa e pelo que preconiza, Marina Silva, em muitos aspectos, aponta para ares novos e para um mundo em que a integridade não é atributo de fachada.
Como candidata que não sai de bolso de algibeira, tem consistência própria e possibilidades de motivar um largo eleitorado. A recente injustiça, sofrida do antigo correligionário e atual Presidente, a sua candidatura será boa resposta – nas palavras de Janio de Freitas - a quem, como Lula, não tem o menor interesse pelo meio ambiente nacional.
Sem dúvida, o aparecimento da opção Marina Silva confirma que na política o fator aleatório tem significado de que só os tolos desmerecem.
Por ora, a Senadora do Acre é apenas uma promessa. Mas que promessa, se a entrevirmos como indicação de melhores tempos, quem sabe prenúncio de limpeza futura nas cavalariças de Áugias.

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