Fragmentado
entre mais de oitenta grupos de interesses bastante diversos - saindo do
neonazismo à anti-vacina - o protesto reuniu em Berlim vinte mil pessoas no sábado
dia primeiro de agosto.
Pela
própria formação do aglomerado, formado por "n" pequenos grupelhos,
com alvos determinados, mas diversos, sem embargo, os analistas políticos
alertam para que, enquanto força da extrema direita, essa miríade de queixosos por motivos
distintos aponta para o ineludível perigo de sua instrumentalização pelo
partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
A
par disso, boa parte do incremento nos protestos se deve ao fortalecimento da
AfD, e sobretudo a sua facção Flugel (asa) - que é uma divisão interna da AfD -
e que dispõe de 7.500 apoiadores, hoje considerados como de extrema direita
violenta.
Tudo isso é estudado por intelectuais, professores universitários e
exemplo bastante está no professor da Universidade de Wurzburg, Hans Joachim
Lauth, que se aplica ao estudo da Direita Europeia. Para Lauth, o aumento do
extremismo de direita é inegável. O seu ativismo registrou em 2019 cerca de mil
atos de violência, e o seu número de ativistas de grupos violentos de direita
ascendeu de 24 mil para 32 mil
ativistas.
A despeito de que o professor
Lauth julgue que o número de manifestantes no sábado não é significativo
para os padrões germânicos, existe no entanto um sinal importante, conclui
Paulina Frohelich, dirigente do programa Futuro da Democracia do centro de
estudos Progressive, sediado em Berlin. Segundo ela "justamente porque o
protesto juntou pessoas tão heterogêneas, sobressai o que os une, o
populismo". Ela considera tais movimentos de extrema direita
"grande ameaça à democracia e à
sociedade alemãs."
Para a professora Frohelich, o engajamento da extrema direita se torna
também mais visível, seja no viés cultural (música, moda), seja na mídia
(editoras, blogs), ou no poder de influenciar a atmosfera e a narrativa, afirma
a professora. Tal traz o risco da normalização.
Analistas têm mostrado que a segurança econômica é fundamental para os
eleitores de direita, e atender a tal preocupação pode ser maneira de
cooptá-los e assim evitar que eles sejam "capturados" por
extremistas, sublinha a Frohelich: "Políticas socialmente responsáveis,
investimentos orientados para um futuro sustentável, aliados a uma proibição
clara de qualquer discriminação - são estratégias viáveis."
( Fonte: Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário