Cerca
de metade dos infectados hospitalares pelo coronavírus morrem
Cerca de metade dos casos de pacientes que
foram infectados pelo novo coronavírus dentro de hospitais no Brasil terminaram
em morte.
Dessarte, segundo dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica, do
Ministério da Saúde, dos 5.547 registros que contraíram o vírus dentro de unidade médica - entre pacientes e
profissionais da saúde -, 2426 morreram.
Esse número equivale a uma taxa de mortalidade de 43%, mais alta do que
a daqueles que contraem a Covid-19 fora
do ambiente hospita- lar e acabam internados, que é de 30%.
Para especialistas, fatores como o estado dos pacientes já interna-dos,
a falta de critérios específicos para infecções hospitalares por Covid-19 e a
redução de profissionais especializados, como enfermeiros, podem ter
contribuído para essa diferença.
Os dados levam em conta apenas os casos de Síndrome Respira-tória Aguda
Grave (Srag), uma das complicações causadas pelo coronaví- rus (Srag), uma das
complicações causadas pelo novo coronavírus e que, portanto, levaram à
internação
Os números brasileiros divergem
do padrão internacional identi-ficado por alguns estudos. O mais recente deles,
de cientistas britânicos e italianos, com 1500 pacientes de dez hospitais, não
observou grande dife-rença na taxa de mortalidade entre os que se infectaram
com o coronavírus dentro ou fora do hospital. Na pesquisa citada, a mortalidade
entre pacien-tes que se infectaram dentro e fora do hospital foi a
mesma (27%). Para a professora Maria Clara Padoveze, da Escola de Enfermagem da
Univer-sidade de São Paulo " a classificação por infecção hospitalar
precisa obede- cer a critérios e, no caso da Covid, ainda não temos consenso
mesmo a ní-vel mundial. E, em relação à mortalidade, esse número não pode ser
atri-buído apenas à qualidade hospitalar: é preciso saber se os pacientes
tinham prognóstico semelhante aos dos outros que adquiriram Covid-19 naquele
ambiente, considerar a severidade dos casos e se estavam ou não na UTI".
Essa avaliação é confirmada pela pesquisadora Andreza Martins, professo- ra de
microbiologia e especialista em controle de infecções da Universi-dade Federal
do Rio Grande do Sul.
Outro tópico a considerar é que,
diferentemente da Inglaterra e da Itália, o controle de infecção hospitalar
ainda tem alguns problemas no país. Se
os hospitais são obrigados a manter um programa de controle de infecções
hospitalares, entretanto, de acordo com estudiosos do tema, apenas os locais
mais estruturados têm equipe especializada em identificar e prevenir
infecções. Para Lívio Dias, médico do
Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo e Diretor da Associação Paulista de
Estudos e Con- trole de Infecção Hospitalar, é provável que o número de casos
infectados dentro dos hospitais seja muito maior de o que conseguem identificar e notificar ao
Ministério da Saúde.
De todos os 260 mil casos de Srag
confirmados para o novo coronavírus, 170 mil foram notificados como de infecção
comunitária, fora do hospital portanto.
Em outros 83 mil, as unidades de saúde não conse-guiram identificar a origem da
doença.
A par disso, a taxa de mortalidade entre os mais de três mil pacienes
internados com Covid-19 foi de 33%, número que aumenta para 49% entre os 298
que adquiriram a doença no hospital.
A dificuldade de identificar esse tipo de caso é ilustrada pela
quantidade de profissionais de saúde que já se infectaram com o Sars-CoV-2.
Segundo dados do e-SUS, 19% de todos os
281 mil casos de São Paulo de fevereiro a junho foram de profissionais da área.
(
Fonte: O Globo )
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