domingo, 2 de agosto de 2020

Covid-19 atinge 98% de nossas cidades


               
        É infelizmente marcante o avanço da Covid no Brasil. Cinco meses após o primeiro caso, o Brasil tem 98% dos municípios atingidos pela doença. Segundo a Folha,em casos tabulados pela Saúde, apenas em 128 não há registros, enquanto 5.442 cidades têm casos confirmados.
             Nos municípios com casos confirmados, viviam 209 milhões, em 2019; por sua vez, as cidades sem casos havia 599 mil habitantes. De acordo com o IBGE, no mesmo ano, a nossa população ascendeu a 211,8 milhões de pessoas.
                Há um evidente processo de interiorização da epidemia, eis que a Covid concentra  58% dos casos mais recentes em cidade interioranas, contra 42% em capitais e regiões metropolitanas. É o inverso de o que ocorria ate o fim de maio do corrente ano.
                  O balanço mostra que em quinze estados e no D.F. o novo coronavírus já atinge todas as cidades.  Nos demais, a taxa de municípios atingidos fica acima de 94%. Pouco a pouco, a epidemia também derruba novas fronteiras. Em comum, a maioria das cidades ainda sem registro da doença tem menos de dez mil hab. (das 128, são apenas onze acima desse total, mas ainda com menos de 25 mil hab.
                    É a lógica dessa doença: ela chegou primeiro nas cidades maiores e depois vai para as cidades pequenas, que estão mais isoladas. São cidades onde a epidemia leva mais tempo para chegar; uma vez que não há um fluxo tão grande de pessoas e mercadorias", afirma o epidemiologista Diego Xavier, da Fiocruz. 
                       Para ele, a epidemia iniciou com mais força nas capitais do Sudeste, Norte e Nordeste, e agora também acelera nas demais regiões e municípios.  Segundo Xavier, "se for pensar na dimensão territorial do Brasil e onde esses municípios estão, atingir (quase cem por cento) em cinco meses é rápido. No Amazonas, o vírus chegou até de barco, ou a tribos indígenas", diz o infectologista. Sem embargo, cidades que tiveram maior adesão ao isolamento no início da epidemia conseguiram retardar o avanço. Por isso, diz ele"Belo Horizonte fez um bloqueio rígido no início da epidemia e isso retardou a chegada em algumas cidades do interior", avalia. "Já em Mato Grosso, é como se tivesse chegado de uma só vez em quase todo o estado." Como vai para o interior, subsiste sempre a possibilidade da subnotificação.
                           Sem embargo, as fontes aduzem também a distância de cidades maiores e a adesão da população ao isolamento social como também possíveis fatores e impactos para o eventual retardo em algumas cidades interioranas. A subnotificação tampouco deve ser retirada dos cômputos. Há também o recurso a medidas de controle, como barreiras para monitoramento de visitantes e uso obrigatório de máscaras.
                              Há também as medidas de controle dos pontos de concentração turística.  Vg, em Urupema, Santa Catarina, uma das cidades mais frias do país, a prefeitura fechou o que antes era ponto turístico: um mirante onde é possível ver o fenômeno do sincelo, quando há o congelamento da neblina. A óbvia razão é o temor da concentração de gente no local.  Já em Santa Mercedes (SP), a aposta tem sido em seguir o plano proposto pelo estado, que prevê fases de isolamento, e manter medidas já adotadas, como a restrição a feiras livres. "Os feirantes vem de municípios vizinhos, e julgamos que poderiam ser um motivo de transmissão". 
                                   "Ainda estamos com cidades sem casos. Mas acreditamos que é questão de dias para ter em todos os municípios", diz Tania Marcial, médica infectologista da secretaria de Saúde de M.G., que até o dia trinta de julho tinha 53 localidades ainda sem casos. Para Marcial, o fato de ter um número maior de cidades ainda sem mortes confirmadas - são 465 no Estado de Minas Gerais - mostra que a assistência tem sido efetiva.
                                      Essa corrente interiorana é também contraditada pelos que alertam que o número de municípios que registram óbitos vem crescendo no País, Atualmente, segundo dados tabulados pela Folha,  3.580 deles registram mortes por Covid-19.

( fonte: Folha de S. Paulo )

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