É infelizmente marcante
o avanço da Covid no Brasil. Cinco meses após o primeiro caso, o Brasil tem 98%
dos municípios atingidos pela doença. Segundo a Folha,em casos tabulados pela
Saúde, apenas em 128 não há registros, enquanto 5.442 cidades têm casos
confirmados.
Nos municípios com casos
confirmados, viviam 209 milhões, em 2019; por sua vez, as cidades sem casos havia
599 mil habitantes. De acordo com o IBGE, no mesmo ano, a nossa população
ascendeu a 211,8 milhões de pessoas.
Há um evidente processo de
interiorização da epidemia, eis que a Covid concentra 58% dos casos mais recentes em cidade
interioranas, contra 42% em capitais e regiões metropolitanas. É o inverso de o
que ocorria ate o fim de maio do corrente ano.
O balanço mostra que em quinze
estados e no D.F. o novo coronavírus já atinge todas as cidades. Nos demais, a taxa de municípios atingidos
fica acima de 94%. Pouco a pouco, a epidemia também derruba novas fronteiras.
Em comum, a maioria das cidades ainda sem registro da doença tem menos de dez
mil hab. (das 128, são apenas onze
acima desse total, mas ainda com menos de 25 mil hab.
É a lógica dessa doença:
ela chegou primeiro nas cidades maiores e depois vai para as cidades pequenas,
que estão mais isoladas. São cidades onde a epidemia leva mais tempo para
chegar; uma vez que não há um fluxo tão grande de pessoas e mercadorias",
afirma o epidemiologista Diego Xavier, da Fiocruz.
Para ele, a epidemia
iniciou com mais força nas capitais do Sudeste, Norte e Nordeste, e agora
também acelera nas demais regiões e municípios.
Segundo Xavier, "se for pensar na dimensão territorial do Brasil e
onde esses municípios estão, atingir (quase cem por cento) em cinco meses é
rápido. No Amazonas, o vírus chegou até de barco, ou a tribos
indígenas", diz o infectologista. Sem embargo, cidades que tiveram
maior adesão ao isolamento no início da epidemia conseguiram retardar o avanço.
Por isso, diz ele"Belo Horizonte fez um bloqueio rígido no início da
epidemia e isso retardou a chegada em algumas cidades do interior",
avalia. "Já em Mato Grosso, é como se tivesse chegado de uma só vez em quase
todo o estado." Como vai para o interior, subsiste sempre a possibilidade
da subnotificação.
Sem embargo, as
fontes aduzem também a distância de cidades maiores e a adesão da população ao
isolamento social como também possíveis fatores e impactos para o eventual
retardo em algumas cidades interioranas. A subnotificação tampouco deve ser
retirada dos cômputos. Há também o recurso a medidas de controle, como
barreiras para monitoramento de visitantes e uso obrigatório de máscaras.
Há também as
medidas de controle dos pontos de concentração turística. Vg, em Urupema, Santa Catarina, uma das
cidades mais frias do país, a prefeitura fechou o que antes era ponto turístico:
um mirante onde é possível ver o fenômeno do sincelo, quando há o congelamento
da neblina. A óbvia razão é o temor da concentração de gente no local. Já em Santa Mercedes (SP), a aposta tem sido
em seguir o plano proposto pelo estado, que prevê fases de isolamento, e manter
medidas já adotadas, como a restrição a feiras livres. "Os feirantes vem
de municípios vizinhos, e julgamos que poderiam ser um motivo de transmissão".
"Ainda
estamos com cidades sem casos. Mas acreditamos que é questão de dias para ter
em todos os municípios", diz Tania Marcial, médica infectologista da
secretaria de Saúde de M.G., que até o dia trinta de julho tinha 53 localidades
ainda sem casos. Para Marcial, o fato de ter um número maior de cidades ainda
sem mortes confirmadas - são 465 no Estado de Minas Gerais - mostra que a
assistência tem sido efetiva.
Essa
corrente interiorana é também contraditada pelos que alertam que o número de
municípios que registram óbitos vem crescendo no País, Atualmente, segundo
dados tabulados pela Folha, 3.580 deles
registram mortes por Covid-19.
(
fonte: Folha de S. Paulo )
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