Em evento organizado
pelo Aspen Institute, um centro de
estudos de Washington, o Ministro da Economia, Paulo Guedes subiu o tom ao ser
questionado sobre a política ambiental do governo Jair Bolsonaro. A propósito,
Guedes declarou que a Amazônia é assunto que diz respeito ao Brasil e que os
americanos "desmataram suas florestas".
Com a devida vênia, Sr.Ministro, a
Amazônia - a hiléia do barão von Humboldt, o primeiro europeu cientista que
realizou em princípios do século XVIII
die beruhmte Reise nach Amazon (a famosa viagem através da Amazônia) cuja
hileia (cabedal em florestas) saudou. Por isso, a floresta amazônica não é só
patrimônio do Brasil, mas também o é da Humanidade, contribuindo como
gigantesca câmera para equilibrar a
atmosfera. Através dos rios voadores ventos
carregados de umidade beneficiam outras plagas, no Brasil e alhures. O fato de o Brasil se ter encarregado através
dos tempos de cuidar desse patrimônio, é bom que se enfatize que não o faz
apenas por interesse próprio, mas sim no de contribuir para que a Amazônia
continue a atuar como uma espécie de câmara de umidificação climática, na
batalha ingente de não permitir que a savanização se estenda, em prejuízo da
própria Humanidade, em episódios lamentáveis em que a cobiça extremada de uns
tantos multiplica os areais através do planeta Terra (como os da África do
Norte). Por isso, patriotadas como a do Ministro Guedes não cabem, eis que
dizer que a Amazônia é nossa, como se ela fora mero quintal a que podemos
devastar, agride não só ao Brasil, terra do futuro que é, mas sobretudo golpeia
a inteligência, pois em que época, ó Deus, ter soberania sobre uma vasta terra
equivale a ter o direito de abrir as cancelas da desertificação, que é tão
estéril quanto burra?
Em Washington, o economista Paulo
Guedes - que detém nada mais, nada menos que o diploma da Universidade de
Chicago que está para a economia, como Paris está para a literatura - que se
queixou também de países europeus: "França, Holanda e Bélgica usam
desculpa ambiental para barrar o Brasil na OCDE. É como acusarmos a França de
queimar catedrais góticas, eis que foi um acidente (refere-se ao incêndio da
Catedral de Notre Dame).
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
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