sábado, 1 de agosto de 2020

Os Perigos da 'Diplomacia' de Bolsonaro


                            
       Prossegue a "marcha da insensatez" da Administração Bolsonaro. Ao contrário até do regime militar, que cuidava de não indispor-se em termos diplomáticos e de dar alguma autonomia ao Itamaraty, mesmo nas sazões difíceis do domínio castrense, infelizmente se tem que concordar com as referências à "diplomacia exótica" deste presidente, constantes do editorial de O Globo deste sábado.

           Pois as suas posições de extrema direita ignoram não só o interesse nacional - o que, de resto, não é pouco - mas misturando sabujismo com diplomacia em termos de relações com Donald Trump, atingem não só o presente, mas também põem em perigo, em estúpida manobra, o interesse nacional brasileiro.

             O que é de saída lamentável é a circunstância de que o atual presidente e sua política externa venha malbaratando a diplomacia do Itamaraty, que sempre fora respeitada internacionalmente, sobremodo por força de suas tradições e da qualidade de seu corpo diplomático. Se nem os generais-presidentes, naquele triste período da  diplomacia brasileira, ousaram malbaratar o nosso patrimônio diplomático, refletido por titulares a quem eles tiveram  o bom senso de não querer transformá-los em personagens que discrepassem das tradições que asseguraram aos seus chefes o exercício de suas funções dentro de atmosfera que não recendesse a regimes caricatos, como aos que agora, pelo desatino presente, são julgados exemplos possíveis, de que o editorial de O Globo deste sábado, primeiro de agosto, já nos dá uma triste ideia, ao julgar sequer possível comparar a liderança brasileira, como se nossa diplomacia estivesse na faixa dos Kim Jong-un, Nicolás Maduro ou até o folclórico Gourbangouly, do Turcomenistão...

                Para resumir, já basta a subserviência com que tratou ao próprio presidente Trump, ignorando toda a diplomacia observada por seus antecessores, a ponto de chegar ao cúmulo de trazer a política interna para as relações internacionais, como se um presidente do Brasil pudesse tomar partido entre democratas e republicanos, canhestramente desconhecendo  todas as lições do patrono de nossa diplomacia, o Barão do Rio Branco.


( Fonte: O Globo )

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