Como
assinala O Globo, na cúpula dos
países amazônicos, o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão trocaram
discursos contraditórios. Pa- ra Bolsonaro é 'mentira' dizer que a Amazônia "arde
em fogo", enquanto Mourão admite que em 2019 a devastação do bioma
avançou, mantendo a curva ascendente
verificada desde 2012.
O
presidente comemorou a redução de 28% do desmatamento em julho comparado com o
mesmo mês do ano passado, mas não comentou que hou-ve crescimento de 34% no desmate da
floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, o maior em uma década,
segundo o INPE.
Por
conta da pandemia, os chefes de estado participaram ontem, onze, de
videoconferência, durante a II Cúpula Presidencial pela Amazônia. Além de
Bolsonaro, intervieram nos trabalhos os presidentes Ivan Duque (Colômbia),
Martín Vizcarra (Peru), Lenin Moreno (Equador), a interina Jeanine Añez (Bolívia) e representantes
de Guiana e Suriname.
Adotando discurso de supostamente
injustiçado pelas críticas interna-cionais, o presidente declarou "Nós bem
sabemos da importância dessa região para todos nós, bem como os interesses de
muitos outros países nessa região. Também sabemos o quanto somos criticados de
forma injusta por parte de outros países do mundo. Nós, com perseverança, com
determi-nação e verdade, devemos resistir."
Nesse contexto, ele afirmou que tem convidado embaixadores a sobrevoar
com ele a Amazônia, enfatizando que entre Manaus e Boa Vista, em distância de "aproximadamente
600 km" não encontrarão "nenhum foco de incêndio".Mais adiante,
dentro dessa linha de discurso, disse que "entre as regiões de Boa Vista e
Manaus (os embaixadores) não encontrarão nenhum foco de incêndio, nenhum quarto
de hectare desmatado (sic), porque
essa floresta é preservada por si só." No entender da fala, por ser
floresta úmida, (ela) não pega fogo. "Então essa história de que a
Amazônia arde em fogo é uma mentira. E nós devemos combater isso com números
verdadeiros."
A criação de um fundo do
investimento do BID para a Amazônia já havia sido feita em setembro de 2019,
pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (o que advogou "passar a
boiada" no que tange ao foro ambiental, para sonegar à mídia certos temas,
como disse na reunião ministerial de abril, cujo teor fora levantado por
decisão do ministro decano do STF).
O mesmo Salles fora criticado por
apresentar o projeto do BID para a Amazônia, como se fora alternativa ao Fundo
Amazônia, cujo repasse de verbas foi congelado por seus doadores (RFA e Noruega), cujos governos
discordaram da idéia do ministro do Meio Ambiente de extinguir o comitê (!) que
orientava o financiamento de projetos de
sustentabilidade. Nesse sentido, o vice-presidente Hamilton Mourão assumiu o
diálogo com as duas nações para que o Brasil volte a receber recursos.
Com outro discurso do que
aquele seguido por Bolsonaro, Mourão, como presidente do Conselho
da Amazônia, admitiu ontem que houve um avanço da devastação do bioma no
primeiro ano do Governo Bolsonaro. "Verificou-se uma grande desinformação
a respeito da realidade social e econômica da região." E acrescentou:
"Pior ainda foi a postura de alguns que se aproveitaram da crise para
avançar em interesses protecionistas e renovar atitudes neocolonialistas".
As iniciativas de Mourão,
como a de julho - "a moratória do fogo" proibindo queimadas no
Pantanal e na Amazônia por 120 dias, posto que, como seria de esperar-se, a
iniciativa não haja surtido efeito, decerto por falta de condições e de
adequada preparação. Em apenas um dia, trinta de julho, a Amazônia teve 1007 focos de incêndio... Na mesma
época, tivemos o"festival" das queimadas no Pantanal. Sem embargo, o vice-presidente tem sido coerente e,
dentro do Governo Bolsonaro, é a única vertente que mostra uma postura
favorável ao ambientalismo. A "oposição" que Mourão enfrenta é a do
próprio presidente. Dentro desse governo, a sua posição tem sido positiva em
termos ambientalistas. Dado o caráter ruinoso, tanto da orientação de
Bolsonaro, quanto àquela do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante
o atual governo as esperanças da sociedade repousam nas possibilidades que
estão ao alcance do Vice-Presidente, general Mourão. Como os propósitos da
dupla acima - Bolsonaro e Salles -
são inconfessáveis, ainda que manifestos, uma postura firme de Mourão lhe reforçará
naturalmente a posição. O que semelha importante é atribuir-se ao Conselho da
Amazônia uma influência mais forte, e com mais recursos, para que possa vir a a
ser levada a sério, sobretudo pelos candidatos a infratores.
(
Fonte: O Globo )
Como
assinala O Globo, na cúpula dos
países amazônicos, o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão trocaram
discursos contraditórios. Para Bolsonaro é 'mentira' dizer que a Amazônia "arde
em fogo", enquanto Mourão admite que em 2019 a devastação do bioma
avançou, mantendo a curva ascendente
verificada desde 2012.
O
presidente comemorou a redução de 28% do desmatamento em julho comparado com o
mesmo mês do ano passado, mas não comentou que houve crescimento de 34% no desmate da
floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, o maior em uma década,
segundo o INPE.
Por
conta da pandemia, os chefes de estado participaram ontem, onze, de
videoconferência, durante a II Cúpula Presidencial pela Amazônia. Além de
Bolsonaro, intervieram nos trabalhos os presidentes Ivan Duque (Colômbia),
Martín Vizcarra (Peru), Lenin Moreno (Equador), a interina Jeanine Añez (Bolívia) e representantes
de Guiana e Suriname.
Adotando discurso de supostamente
injustiçado pelas críticas internacionais, o presidente declarou "Nós bem
sabemos da importância dessa região para todos nós, bem como os interesses de
muitos outros países nessa região. Também sabemos o quanto somos criticados de
forma injusta por parte de outros países do mundo. Nós, com perseverança, com
determinação e verdade, devemos resistir."
Nesse contexto, ele afirmou que tem convidado embaixadores a sobrevoar
com ele a Amazônia, enfatizando que entre Manaus e Boa Vista, em distância de "aproximadamente
600 km" não encontrarão "nenhum foco de incêndio".Mais adiante,
dentro dessa linha de discurso, disse que "entre as regiões de Boa Vista e
Manaus (os embaixadores) não encontrarão nenhum foco de incêndio, nenhum quarto
de hectare desmatado (sic), porque
essa floresta é preservada por si só." No entender da fala, por ser
floresta úmida, (ela) não pega fogo. "Então essa história de que a
Amazônia arde em fogo é uma mentira. E nós devemos combater isso com números
verdadeiros."
A criação de um fundo do
investimento do BID para a Amazônia já havia sido feita em setembro de 2019,
pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (o que advogou "passar a
boiada" no que tange ao foro ambiental, para sonegar à mídia certos temas,
como disse na reunião ministerial de abril, cujo teor fora levantado por
decisão do ministro decano do STF).
O mesmo Salles fora criticado por
apresentar o projeto do BID para a Amazônia, como se fora alternativa ao Fundo
Amazônia, cujo repasse de verbas foi congelado por seus doadores (RFA e Noruega), cujos governos
discordaram da idéia do ministro do Meio Ambiente de extinguir o comitê (!) que
orientava o financiamento de projetos de
sustentabilidade. Nesse sentido, o vice-presidente Hamilton Mourão assumiu o
diálogo com as duas nações para que o Brasil volte a receber recursos.
Com outro discurso do que
aquele seguido por Bolsonaro, Mourão, como presidente do Conselho
da Amazônia, admitiu ontem que houve um avanço da devastação do bioma no
primeiro ano do Governo Bolsonaro. "Verificou-se uma grande desinformação
a respeito da realidade social e econômica da região." E acrescentou:
"Pior ainda foi a postura de alguns que se aproveitaram da crise para
avançar em interesses protecionistas e renovar atitudes neocolonialistas".
As iniciativas de Mourão,
como a de julho - "a moratória do fogo" proibindo queimadas no
Pantanal e na Amazônia por 120 dias, posto que, como seria de esperar-se, a
iniciativa não haja surtido efeito, decerto por falta de condições e de
adequada preparação. Em apenas um dia, trinta de julho, a Amazônia teve 1007 focos de incêndio... Na mesma
época, tivemos o"festival" das queimadas no Pantanal. Sem embargo, o vice-presidente tem sido coerente e,
dentro do Governo Bolsonaro, é a única vertente que mostra uma postura
favorável ao ambientalismo. A "oposição" que Mourão enfrenta é a do
próprio presidente. Dentro desse governo, a sua posição tem sido positiva em
termos ambientalistas. Dado o caráter ruinoso, tanto da orientação de
Bolsonaro, quanto àquela do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante
o atual governo as esperanças da sociedade repousam nas possibilidades que
estão ao alcance do Vice-Presidente, general Mourão. Como os propósitos da
dupla acima - Bolsonaro e Salles -
são inconfessáveis, ainda que manifestos, uma postura firme de Mourão lhe reforçará
naturalmente a posição. O que semelha importante é atribuir-se ao Conselho da
Amazônia uma influência mais forte, e com mais recursos, para que possa vir a a
ser levada a sério, sobretudo pelos candidatos a infratores.
(
Fonte: O Globo )
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