quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Bolsonaro: 'mentira dizer que Amazônia arde em fogo'

 

    

     Como assinala O Globo, na cúpula dos países amazônicos, o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão trocaram discursos contraditórios. Pa- ra Bolsonaro é 'mentira' dizer que a Amazônia "arde em fogo", enquanto Mourão admite que em 2019 a devastação do bioma avançou, mantendo a curva ascendente  verificada desde 2012.

       O presidente comemorou a redução de 28% do desmatamento em julho comparado com o mesmo mês do ano passado, mas não comentou que hou-ve crescimento de 34% no desmate da floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, o maior em uma década, segundo o INPE.

        Por conta da pandemia, os chefes de estado participaram ontem, onze, de videoconferência, durante a II Cúpula Presidencial pela Amazônia. Além de Bolsonaro, intervieram nos trabalhos os presidentes Ivan Duque (Colômbia), Martín Vizcarra (Peru), Lenin Moreno (Equador), a interina Jeanine Añez (Bolívia) e representantes de Guiana e Suriname.

          Adotando discurso de supostamente injustiçado pelas críticas interna-cionais, o presidente declarou "Nós bem sabemos da importância dessa região para todos nós, bem como os interesses de muitos outros países nessa região. Também sabemos o quanto somos criticados de forma injusta por parte de outros países do mundo. Nós, com perseverança, com determi-nação e verdade, devemos resistir."

             Nesse contexto, ele afirmou que tem convidado embaixadores a sobrevoar com ele a Amazônia, enfatizando que entre Manaus e Boa Vista, em distância de "aproximadamente 600 km" não encontrarão "nenhum foco de incêndio".Mais adiante, dentro dessa linha de discurso, disse que "entre as regiões de Boa Vista e Manaus (os embaixadores) não encontrarão nenhum foco de incêndio, nenhum quarto de hectare desmatado (sic), porque essa floresta é preservada por si só." No entender da fala, por ser floresta úmida, (ela) não pega fogo. "Então essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira. E nós devemos combater isso com números verdadeiros."

             A criação de um fundo do investimento do BID para a Amazônia já havia sido feita em setembro de 2019, pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (o que advogou "passar a boiada" no que tange ao foro ambiental, para sonegar à mídia certos temas, como disse na reunião ministerial de abril, cujo teor fora levantado por decisão do ministro decano  do STF).

              O mesmo Salles fora criticado por apresentar o projeto do BID para a Amazônia, como se fora alternativa ao Fundo Amazônia, cujo repasse de verbas foi congelado por seus doadores (RFA e Noruega), cujos governos discordaram da idéia do ministro do Meio Ambiente de extinguir o comitê (!) que orientava o financiamento  de projetos de sustentabilidade. Nesse sentido, o vice-presidente Hamilton Mourão assumiu o diálogo com as duas nações para que o Brasil volte a receber recursos.

                   Com outro discurso do que aquele seguido por Bolsonaro, Mourão, como presidente do Conselho da Amazônia, admitiu ontem que houve um avanço da devastação do bioma no primeiro ano do Governo Bolsonaro. "Verificou-se uma grande desinformação a respeito da realidade social e econômica da região." E acrescentou: "Pior ainda foi a postura de alguns que se aproveitaram da crise para avançar em interesses protecionistas e renovar atitudes neocolonialistas".

                      As iniciativas de Mourão, como a de julho - "a moratória do fogo" proibindo queimadas no Pantanal e na Amazônia por 120 dias, posto que, como seria de esperar-se, a iniciativa não haja surtido efeito, decerto por falta de condições e de adequada preparação. Em apenas um dia, trinta de julho, a Amazônia teve 1007 focos de incêndio...  Na mesma época, tivemos o"festival" das queimadas no Pantanal. Sem embargo, o vice-presidente tem sido coerente e, dentro do Governo Bolsonaro, é a única vertente que mostra uma postura favorável ao ambientalismo. A "oposição" que Mourão enfrenta é a do próprio presidente. Dentro desse governo, a sua posição tem sido positiva em termos ambientalistas. Dado o caráter ruinoso, tanto da orientação de Bolsonaro, quanto àquela do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante o atual governo as esperanças da sociedade repousam nas possibilidades que estão ao alcance do Vice-Presidente, general Mourão. Como os propósitos da dupla acima - Bolsonaro e Salles - são inconfessáveis, ainda que manifestos, uma postura firme de Mourão lhe reforçará naturalmente a posição. O que semelha importante é atribuir-se ao Conselho da Amazônia uma influência mais forte, e com mais recursos, para que possa vir a a ser levada a sério, sobretudo pelos candidatos a infratores.

 

( Fonte: O Globo )

 

     Como assinala O Globo, na cúpula dos países amazônicos, o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão trocaram discursos contraditórios. Para Bolsonaro é 'mentira' dizer que a Amazônia "arde em fogo", enquanto Mourão admite que em 2019 a devastação do bioma avançou, mantendo a curva ascendente  verificada desde 2012.

       O presidente comemorou a redução de 28% do desmatamento em julho comparado com o mesmo mês do ano passado, mas não comentou que houve crescimento de 34% no desmate da floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, o maior em uma década, segundo o INPE.

        Por conta da pandemia, os chefes de estado participaram ontem, onze, de videoconferência, durante a II Cúpula Presidencial pela Amazônia. Além de Bolsonaro, intervieram nos trabalhos os presidentes Ivan Duque (Colômbia), Martín Vizcarra (Peru), Lenin Moreno (Equador), a interina Jeanine Añez (Bolívia) e representantes de Guiana e Suriname.

          Adotando discurso de supostamente injustiçado pelas críticas internacionais, o presidente declarou "Nós bem sabemos da importância dessa região para todos nós, bem como os interesses de muitos outros países nessa região. Também sabemos o quanto somos criticados de forma injusta por parte de outros países do mundo. Nós, com perseverança, com determinação e verdade, devemos resistir."

             Nesse contexto, ele afirmou que tem convidado embaixadores a sobrevoar com ele a Amazônia, enfatizando que entre Manaus e Boa Vista, em distância de "aproximadamente 600 km" não encontrarão "nenhum foco de incêndio".Mais adiante, dentro dessa linha de discurso, disse que "entre as regiões de Boa Vista e Manaus (os embaixadores) não encontrarão nenhum foco de incêndio, nenhum quarto de hectare desmatado (sic), porque essa floresta é preservada por si só." No entender da fala, por ser floresta úmida, (ela) não pega fogo. "Então essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira. E nós devemos combater isso com números verdadeiros."

             A criação de um fundo do investimento do BID para a Amazônia já havia sido feita em setembro de 2019, pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (o que advogou "passar a boiada" no que tange ao foro ambiental, para sonegar à mídia certos temas, como disse na reunião ministerial de abril, cujo teor fora levantado por decisão do ministro decano  do STF).

              O mesmo Salles fora criticado por apresentar o projeto do BID para a Amazônia, como se fora alternativa ao Fundo Amazônia, cujo repasse de verbas foi congelado por seus doadores (RFA e Noruega), cujos governos discordaram da idéia do ministro do Meio Ambiente de extinguir o comitê (!) que orientava o financiamento  de projetos de sustentabilidade. Nesse sentido, o vice-presidente Hamilton Mourão assumiu o diálogo com as duas nações para que o Brasil volte a receber recursos.

                   Com outro discurso do que aquele seguido por Bolsonaro, Mourão, como presidente do Conselho da Amazônia, admitiu ontem que houve um avanço da devastação do bioma no primeiro ano do Governo Bolsonaro. "Verificou-se uma grande desinformação a respeito da realidade social e econômica da região." E acrescentou: "Pior ainda foi a postura de alguns que se aproveitaram da crise para avançar em interesses protecionistas e renovar atitudes neocolonialistas".

                      As iniciativas de Mourão, como a de julho - "a moratória do fogo" proibindo queimadas no Pantanal e na Amazônia por 120 dias, posto que, como seria de esperar-se, a iniciativa não haja surtido efeito, decerto por falta de condições e de adequada preparação. Em apenas um dia, trinta de julho, a Amazônia teve 1007 focos de incêndio...  Na mesma época, tivemos o"festival" das queimadas no Pantanal. Sem embargo, o vice-presidente tem sido coerente e, dentro do Governo Bolsonaro, é a única vertente que mostra uma postura favorável ao ambientalismo. A "oposição" que Mourão enfrenta é a do próprio presidente. Dentro desse governo, a sua posição tem sido positiva em termos ambientalistas. Dado o caráter ruinoso, tanto da orientação de Bolsonaro, quanto àquela do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante o atual governo as esperanças da sociedade repousam nas possibilidades que estão ao alcance do Vice-Presidente, general Mourão. Como os propósitos da dupla acima - Bolsonaro e Salles - são inconfessáveis, ainda que manifestos, uma postura firme de Mourão lhe reforçará naturalmente a posição. O que semelha importante é atribuir-se ao Conselho da Amazônia uma influência mais forte, e com mais recursos, para que possa vir a a ser levada a sério, sobretudo pelos candidatos a infratores.

 

( Fonte: O Globo )

 

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