Há uma leitura superficial dos dados na economia. O PIB continua a metastizar-se em pibinhos. Malgrado as previsões, o crescimento nanico persiste, agora com 0,6% no primeiro trimestre, muito aquém das projeções.
O problema maior continua a ser a indústria, com queda de menos 0,1%. A baixa na indústria ocorreu a despeito da redução de encargos trabalhistas em 56 segmentos e o IPI diminuído para automóveis.
Mas também o consumo das famílias se reduziu a 0,1%, o que se deve ao repique da inflação e ao menor ritmo de expansão no mercado de trabalho.
O setor externo teve fraco resultado na balança comercial, ao contrário do costumeiro,eis que sói caracterizar-se por resultados superavitários, que nos habilitam a saldar os déficits do balanço de bens e serviços. Comparadas com o trimestre passado, as exportações caíram 5,7%, enquanto as importações cresceram 7,4%. Em outras palavras, o setor externo teve participação negativa no PIB. Além disso, tal dívida externa aumenta a necessidade de financiamento externo, que passou para R$ 55,41 bilhões agora, contra R$ 25,86 bilhões no primeiro trimestre de 2012.
O setor de serviços, com percentual importante em nossa economia, cresceu apenas 0,5%. Aqui também a inflação terá reduzido a competitividade do setor. A única parcela da economia a luzir foi a agropecuária, com 9,7% de crescimento.
A divulgação dos dados do PIB, mais uma vez decepcionantes, ocorreu junto com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Em certo aspecto, essa conjunção representou coincidência virtuosa. Os dados do IBGE convenceram os membros do Copom a uma decisão unânime, que foi além da expectativa do mercado.
O que mostra essa decisão ? Dois aspectos: o fortalecimento do B.C., enfatizado pela respectiva unanimidade; e a necessidade de singularizar o principal perigo no caminho da economia brasileira, i.e., a inflação. Por ser a principal vilã no caminho do crescimento econômico, não há outro jeito, senão combatê-la.
O governo de Dilma Rousseff acreditara possível ignorar a existência da inflação, apelando para um combate retórico contra a carestia, enquanto ressuscitava velhos preceitos do desenvolvimentismo, como se fossem atalhos para o crescimento econômico.
Por haver enfeixado a essência dos poderes do Ministério da Fazenda, cujo titular reduziu à patética presença, a Presidenta é a responsável pelo atual situação, com a opacidade das contas públicas, os questionáveis expedientes (capitalizações, contas movimento e um vastíssimo etcetera), a macro-economia submetida ao varejo do voluntarismo, e, por último, mas não com menor importância, a inflação.
O que o governo de Lula da Silva teve o bom-senso de não mexer, a sua sucessora incorreu na húbris de sentir-se superior à ortodoxia econômico-financeira, e resolveu quebrar o frasco em que o mau-gênio da carestia fora encerrado. Sem controle, por não possuir a humildade dos grandes governantes – que, por primeira regra, tem a de não julgar-se donos da verdade – D. Dilma trouxe a inflação de volta.
O que grandes economistas e notáveis picaretas haviam no passado – muitos ainda vagam pelos grandes espaços do planalto central – considerado possível administrar, e que um grupo de pessoas tinha, ao cabo, sabido exorcizar, a Presidenta resolveu menosprezar, como se o combate à inflação fosse coisa de somenos.
Agora, pela sua irresponsabilidade, ameaça o Brasil não um velho fantasma, mas revivida criatura.
Não nos servem ameaças retóricas, nem palavras ocas, de que o dragão se mofa. A aprendiz de feiticeira tem de armar-se de humildade e refazer o dever de casa. Não pensar que sabe tudo, nem acreditar no que lhe dizem os fâmulos e cortesãos. Esses, por ora, podem ser muitos, mas se as coisas continuarem nessa batida, em breve, faltarão as visitas e os ouvidos deferentes.
A Senhora trouxe de volta quem estava dormindo. Se quer reeleger-se, trate de mandá-lo para os cafundós, antes que lhe seja demasiado tarde.
( Fonte subsidiária
: O
Globo )
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