quinta-feira, 24 de maio de 2012

Será Obama reeleito ?

                                      
        Os principais pesquisadores políticos não se aventuram, por ora, a prognósticos para a eleição presidencial de seis de novembro.
        Barack Obama hesitou demasiado no primeiro biênio de seu mandato. O livro de Ron Suskind, Homens de Confiança, a que já me referi neste blog, relata os erros cometidos. O presidente, por inexperiência executiva, e insatisfatória assessoria política e econômica, não se valeu do controle das duas Casas do Congresso em uma luta efetiva contra a grande Recessão.
       A principal conquista desse biênio 2009-2010 foi a Lei da Assistência Sanitária Custeável, que ora corre o pesado risco de ser considerada  inconstitucional pela maioria republicano-conservadora da Suprema Corte. Pouco importa como assinala  Ronald Dworkin que o principal argumento da ação contrária – relacionado ao instituto do mandato – não tenha consistência jurídica. Se for derrubada pela Corte, a motivação será política, na toada das sentenças Bush v. Gore (que deu de bandeja a presidência a Bush júnior) e Citizens United (que subverteu o financiamento da propaganda eleitoral).
       Sem embargo, a famosa tunda (shellacking) não foi inesperada. A eleição para prover o assento de Ted Kennedy no Senado fora ganha pelo republicano Scott Brown, em estado que pende para os democratas (Massachusetts). Para tanto, a incompetência da candidata Martha Coakley foi decerto um fator mas,também, contribuíu bastante a desconexão da Casa Branca com a realidade política circundante.
     A perda na eleição intermediária de 2010 da Casa de Representantes, em avalanche republicana e do Tea Party, decorreu da insatisfação com a gestão de Obama no que tangia à economia. Não havendo tomado medidas que para convencer o eleitorado de seu eficaz empenho no combate à grande recessão, Barack Obama amargou um duplo castigo.
     Além de não mais controlar o Legislativo, eis que a Câmara passou a ser dominada pela dupla John BoehnerEric Cantor, do G.O.P., Obama ficou igualmente manietado para a tomada de providências efetivas no combate à recessão. Já não mais poderia montar o cavalo que passara diante dele encilhado durante o primeiro biênio.
     Por outro lado, o caráter radical da maioria do Tea Party muito lhe desgastaria a popularidade, por causa do modo insatisfatório com que lidou com o desafio da exploração sectária do GOP para aprovação congressual de novo teto para a dívida da União.
    A opinião pública estadunidense considera que o presidente em exercício é o responsável pelo estado da economia. Obama não pode arguir que herdou a grande recessão dos alegres compadres republicanos sob a regência de George W. Bush.
    A experiência política americana ensina que a recessão não causa necessariamente a não-reeleição do presidente em funções. Ronald Reagan em 1984 é exemplo disso, ao vencer Walter Mondale. No entanto, o eleitor terá essa situação muito presente, e se o desempenho do presidente em exercício não lhe satisfizer em matéria economico-financeira (V. os exemplos de George H.W.Bush e Jimmy Carter, que não lograram reeleger-se) ele estará destinado a ser presidente de um só mandato.
      Os republicanos nunca fizeram segredo – e o lider da minoria no Senado Mitch McConnell está aí para confirmá-lo – de que a principal missão do GOP é de inviabilizar o intento de Barack Hussein Obama para conseguir a ambicionada reeleição.
      Por enquanto, se anuncia uma disputa apertada (tight race). Com a candidatura republicana praticamente assegurada a Mitt Romney, o ex-governador de Massachusetts pode concentrar-se na campanha contra Obama.
     A circunstância de que o presidente não tenha uma vantagem substancial – e a possibilidade de que os comícios de novembro lhe sejam contrários – tende a diminuir a possível influência positiva do cabeça de chapa democrata na composição de Senado e Câmara.
     Conquanto a turma do Tea Party na Câmara tenha ajudado bastante os democratas pelas suas atitudes demasiado doutrinárias, é ainda um toss-up ( cara ou coroa) o resultado na Casa de Representantes. Se a eleição para presidente for muito renhida – como no momento é o mais provável – há ainda a possibilidade de os republicanos manterem o predomínio na Câmara, posto que com menor margem.
     No Senado, em que a maioria democrata encolheu bastante, perdura a esperança de que candidaturas do Tea Party (como na recente primária em que o veterano Richard Lugar teve denegada a sua candidatura a nova reeleição) venham a auxiliar os democratas. Nesse modelo, os radicais do Tea Party assustam o eleitorado com suas posturas sectárias e ensejam, por conseguinte, o triunfo do opositor democrata.
    Não é à toa, por conseguinte, que esta eleição de 2012 vem sendo considerada como uma das mais importantes da história política americana.
    Barack Obama será combatido sobretudo pela situação econômica. Por isso, o presidente depende dos indicadores de trabalho e desemprego. Um aumento pronunciado no desemprego – ou níveis muito baixos de novas contratações – poderiam ter efeito desastroso sobre a postulação de Obama.
    Malgrado ser o presidente  popular com o eleitorado feminino e com os jovens (neste setor, no entanto, a sua conduta presidencial fê-lo perder muitos votos), ele não desconhece que a eleição de novembro será ganha – ou perdida – por causa da economia.
    A ênfase, portanto, está claramente marcada. Romney tenderá a privilegiar tal área, e o próprio Obama não terá outra saída senão terçar armas nesse campo. Não é que, no entanto, aí esteja desarmado.Disto nos ocuparemos em blog a seguir.



(Fonte subsidiária: International Herald Tribune)

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