Quarentena diplomática para Assad
Com os desarmados observadores das Nações Unidas por perto, e documentada a mortandade, Bashar resolve uma vez mais apelar para a mentira deslavada, como o é a inculpação desses gangsters terroristas armados que só existem na imaginação de um regime que não trepida em liquidar crianças e outras vítimas indefesas.
Revela-se inoperante a solução através do Conselho de Segurança, que seria obviamente o conduto lógico, consoante as funções prescritas a tal Conselho pela Carta das Nações Unidas.
Como o novel Presidente Vladimir Putin não quer perder o aliado, nem sobretudo a base naval em águas do Mediterrâneo, qualquer causa que vá bater-lhe à porta está fadada ao fracasso. Com efeito, o veto russo continuará se acaso pleitear-se que se passe das inócuas repreensões e de um plano Annan desdentado, para qualquer coisa de mais efetivo. A importância que Putin dá à opinião pública, já se conhece pela maneira com que trata os opositores internos (o veto chinês vem a reboque do russo, e cairia tão logo gospodin Putin se convencesse da impossibilidade de mantê-lo).
Para que tal ocorra, no entanto, o autocrata do Kremlin terá de sentir na carne o desgaste de tal negativa. Posto que existirá sempre algo que o constranja a rever as suas presentes diretivas, no momento ele singra um mar de almirante, não encapelado por contestações que lhe custem caro.
A atual reação do Ocidente, com a retirada de seus embaixadores de Damasco, se aperta o cerco diplomático ao regime alauíta, ainda não é coisa de tirar o sono do ditador.
Nesse contexto, a atitude da diplomacia brasileira, retendo o chefe de missão, a pretexto de ‘manter aberto um canal de diálogo com Damasco’, está mais no campo do humor negro do que de diretivas de um país sério.
A hubris de Lula da Silva, saído de grave doença, e acreditando-se capaz de insinuar proteções (que podem virar ameaças); o irrequieto Gilmar Mendes, cujo comportamento pregresso induziria ao trato daqueles remédios, a serem usados com cautela; e o anfitrião do encontro, que dá várias explicações para o estranho encontro – o que fazer dessas personalidades da República ?
A linguagem está aí para ser decifrada. Que tal iniciar sem mais postergações o juízo do mensalão ? É hora do Ministro Ricardo Lewandowsky completar o seu parecer de revisor. Afinal, como já lhe foi dito, ele não terá interesse em ser havido como o ‘coveiro do mensalão’.
Sob a presidência de Ayres Britto, a relatoria de Joaquim Barbosa, e a promotoria de Roberto Gurgel, é hora dos hábeis advogados se calarem por um instante para que esta causa célebre seja ouvida, defendida e julgada.
Enquanto espoucam os fogos de artifício da CPMI do Cachoeira, que semelha no célere caminho da proverbial pizza da confraternização, não será o caso de julgar o que deve ser julgado, e decidir o que deve ser decidido, nesse tão sofrido e interminável processo do Mensalão ?
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