sábado, 19 de maio de 2012

Recado do Grego Tsipras


                                
     O líder Alexis Tsipras , da coalizão Syriza,  segunda colocada na recente eleição grega, mandou um aviso para o diretório da União Europeia.
    Diante de declarações da Chanceler Angela Merkel, de que a Grécia deveria obedecer o combinado, ou então sair da Zona do Euro, Tsipras respondeu o que implicaria, no seu entendimento,  a saída de República Helênica da Zona do Euro.
    Em resumo, o recado de Tsipras é o seguinte: permitir que a Grécia saia significaria o fim da moeda única.  No seu entender, o problema grego é europeu. Nesse sentido, admitir que a Grécia dê o calote, ou abandone a zona do Euro, arrastaria também outros países, inclusive Espanha e Itália.
    Nas palavras do líder da Syriza: “Nosso escopo não é chantagear ou fazer terrorismo, nosso escopo é sacudi-los. Queremos convencê-los. Eles precisam mudar as políticas para a Grécia e mudar as políticas para a Europa, pois do contrário a Europa estará diante de um risco muito grande.”
     Alexis Tsipras insistiu que deseja que a Grécia continue no Euro – embora não sob as onerosas condições do atual acordo de salvamento (bailout). Tsipras reiterou que pretende honrar os compromissos assumidos de repudiar as condições que obrigaram os cidadãos gregos a pagar pelas loucuras dos imorais (sic) mercados financeiros.
     Talvez Tsipras não seja o radical que lance ultimatuns para a U.E., mas um frio estrategista que deseja testar a determinação dos líderes europeus, com Angela Merkel à frente. No passado, a Alemanha e outros países europeus consentiram em manobras de última hora para manter a Grécia na Zona do Euro, por força dos temores de que a abrupta saída implicaria em custo demasiado alto, acarretando  quebras de bancos e até a desestabilização do sistema financeiro internacional.
      A posição da Chanceler Angela Merkel sofreu nos últimos dias golpes que, se não são de extrema gravidade, tendem a enfraquecer-lhe as defesas. Merkel perdeu o seu fiel escudeiro – ou membro júnior da diarquia europeia,  Nicolas Sarkozy – derrotado na sua tentativa de reeleição. François Hollande, malgrado demonstrações de apreço (como visitar a Merkel no dia de sua posse o que não é testemunho dos menores) tem visão qualificada quanto à colimada austeridade preconizada pela Merkel.
     Esse relativo dissenso introduz  incógnita em realidade anteriormente  sólida. A falta de integral sintonia entre os dois principais países da U.E. implica disparidades nas visões dos novos ministros franceses, conforme já verificado. Por enquanto, observam-se algumas discrepâncias no que antes era marcha cadenciada.
     Por outro lado, o Primeiro Ministro David Cameron – o Reino Unido, como se sabe, preferiu não abandonar a libra esterlina – em palavras, sem dúvida discutíveis sob o aspecto ético, expressou sérias dúvidas sobre a sobrevivência do euro.
     Como se vê, o mar está encapelado para o Euro. Na principal economia europeia – que como forma de compromisso europeista deixara o Deutsche Mark para abraçar o euro – está a mais importante defesa (e por conseguinte enfrenta o maior desafio) para a sobrevida da moeda única dos dezessete países que conformam essa Zona monetária.
     Será crise de múltiplas consequências. De seu resultado depende não só a pequena economia helênica, senão um conjunto de gigantes, como o sistema da zona do euro, a posição da República Federal, consoante afirmada pela Chanceler Angela Merkel.
    Por isso, o repto de Alexis Tsipras merece  ser levado a sério.



( Fonte:  International Herald Tribune)         

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