Desanda a CPI do Cachoeira
Certeira a avaliação de Merval Pereira, em sua coluna de ontem n’O Globo: ‘O flagrante da mensagem do deputado petista Cândido Vaccarezza garantindo imunidade
ao governador do Rio, Sérgio Cabral,
é mais uma confirmação de que essa CPI do
Cachoeira está se revelando o maior erro dos últimos tempos do grupo
político que está no poder’.
Os seus mentores – o ex-presidente Lula e
José Dirceu -, sôfregos na busca de seus objetivos, tiveram a sorte de os que
se aventuram a pescar em águas turvas. Espanta que políticos tão calejados tenham
avançado nesse terreno, dados os notórios efeitos provocados por tal exercício
para o governo em funções, no caso o da correligionária Presidente Dilma
Rousseff. O DEM já estava acuado pelas revelações acerca do Senador Demóstenes Torres. O problema é que a investida contra o governador de Goiás – e desafeto de Lula – fatalmente arrastaria o do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o próprio Sérgio Cabral, do Estado do Rio, exposto pelo blog do Garotinho.
Ao blindar os três governadores, o acordo entre oposição e governo, se torna mais do que óbvio. A cereja do bolo é a não-convocação de Fernando Cavendish.
A nave está igualmente fazendo água no intento de desestabilizar o promotor do mensalão, o Procurador-Geral Roberto Gurgel, assim como na ofensiva contra a revista Veja, com o escopo, quem sabe, de favorecer legislação de controle da mídia. Sem falar nos esforços de atrasar o julgamento deste ‘processo do século’, que também deu chabu, ao levar o revisor, Ministro Ricardo Lewandowski a anunciar que pretende apresentar seu voto ainda neste primeiro semestre.
Talvez as coisas tenham saído ao revés, porque os idealizadores da CPI se deixaram conduzir pelo corcel da paixão e, ao destapar o frasco, não avaliaram com o peso e atenção devidos os demais espíritos que o seu desejo de vingança fatalmente liberaria.
Beijing passa a
outrem a conta de Chen Guangchen
Chen voou para os Estados Unidos, logrando levar o núcleo familiar. Para o PCC chegou a hora, no entanto, de punir os que o tinham ajudado na empresa de desvendar a ilegalidade de um cárcere que constrangia sua pequena família.
Se a liderança do Partido Comunista Chinês teve de engolir o trago amargo de sua fuga, as mesquinhas retaliações distribuídas àqueles que tinham tornado a façanha possível valem sobretudo como espécie de política de deterrência contra novos episódios do gênero.
Um pássaro logrou fugir do ninho. Mas as regras vigentes na gaiola do Império do Meio não mudaram. E para que não subsistam dúvidas, os carcereiros-mor tratarão de infernizar a existência de muitos, na ilusão de os dissuadir de novas empresas.
Não sabem eles, coitados, que a liberdade, chama que pode até queimar quem obedece suas pulsões, ressurgirá sempre, gloriosa na sua subversiva promessa.
O Atraso no flagelo do Amianto
Desde muito, o amianto deixara de ser utilizado no Ocidente, pela comprovada toxicidade de suas fibras que, uma vez desprendidas, podem ser inspiradas pelo aparelho respiratório, com a sua localização nos pulmões dos infelizes.
Às altas indenizações decretadas pela Justiça, decerto as pobres vítimas prefeririam dispensá-las em troca da saúde. Nesses termos, a decisão do Supremo Tribunal Federal que venha por fim banir o amianto não deve tardar, por mais que ela se tenha feito esperar pelo longo período de exposição causado pela ignorância do convívio com esse grave perigo.
(Fonte: O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário